Dia dos Pais: ensinamentos de pai para filho ficam de 'herança' para toda a vida

Na família Fecuri, aprendizados são passados de geração para geração

Gabriel Pires

Levar as crianças para a escola ou ajudar no dinheiro da faculdade, ir ao estádio de futebol para torcer para o mesmo time, brincar em casa ou num passeio do domingão... Essas e outras memórias geralmente ficam para toda a vida. E são "heranças" de laços afetuosos de pai para filho que emocionam e dão saudade com o passar dos anos. Especialmente na fase adulta, quando muita gente lembra do seu "velho" e querido pai ao ouvir músicas antigas ou diante de uma foto nostálgica no álbum de família. O Dia dos Pais, celebrado neste domingo (11), é um momento que marca a celebração desse vínculo familiar e dos aprendizados que atravessam o tempo. Entre as lições que passam de geração para geração, o empresário Junior Fecuri, 42 anos, de Belém, herdou do pai, o também empresário Wagner Fecuri, o tino para os negócios. Esses e outros ensinamentos ele também pretende passar para os seus filhos um dia.

“Eu me considero muito comercial. Eu me espelho no meu pai, que a vida inteira foi empresário. Ele sempre foi um bom negociador. Eu tenho muitas memórias com o meu pai”, afirma Junior. Além disso, outro valor reforçado pelo patriarca e que Junior repassa aos filhos – Nando, de 6 anos, Dom, de 2, e Alice Fecuri, de 17 – é a união familiar. Outro exemplo que ele viu ainda na infância e que não abre mão na criação dos filhos é ser um pai presente, como aprendeu com Wagner, seja numa brincadeira ou até mesmo na hora de levar as crianças para a escola.

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image Família Fecuri: aprendizados passam de geração para geração (Foto: Wagner Santana / O Liberal)

Junior lembra que a infância foi repleta de momentos marcantes com o pai, que sempre fez questão de estar presente no dia a dia e demonstrar amor e carinho. “Eu tenho muitas memórias com o meu pai. As melhores lembranças que eu tenho são de um sítio onde íamos todos os finais de semana e brincávamos muito na piscina e no campo de futebol. Foi lá que eu aprendi a dirigir. Era um lugar que, inclusive, era um ponto de encontro”, conta.

image Amor e valores são reforçados na família de Junior Fecuri (Foto: Wagner Santana / O Liberal)

Valores passados de pai para filhos

Wagner reforça a importância dos valores repassados ao filho e a vivência no dia a dia: “Quando criança, o que fazíamos muito era brincar. Fora isso, a educação que conseguimos proporcionar e o caráter. Se você não conseguir transmitir isso para eles, com certeza eles crescerão com vários problemas. Graças a Deus, consegui transmitir o que tínhamos de bom, e até o acompanhamento na parte comercial depois que ele cresceu”, explica, ao lembrar da união familiar com o filho.

“Com o meu pai, a tecla dele sempre foi a honestidade. Isso foi primordial. E consegui passar isso aos meus filhos. Eles também seguiram esse caminho do avô. O amor que temos entre a família é tudo. Para mim, é a razão do meu viver. Junto com os netos, agora, então, nem se fala”, acrescenta o patriarca da família.

Foto: Wagner Santana / O Liberal

Esses sentimentos de acolhimento e pertencimento também são compartilhados pelos filhos de Junior. Para Nando, mesmo ainda criança, ele já aprendeu com o pai a importância de estar junto e de valorizar os momentos em família. Ele conta que as melhores vivências com o pai são na hora de “jogar futebol”. E para Alice: “Ele sempre me ajuda a ser uma pessoa melhor, com vários conselhos. Geralmente, a gente vai ao estádio no fim de semana. Todos os dias, ele me leva à escola e vamos conversando”.

Gerações diferentes, mas próximas

Junior também lembra que muitos ensinamentos são transmitidos e permanecem, mas que tudo deve ser feito de forma equilibrada. “Eu tenho cautela hoje. Vivemos gerações diferentes. Eu entendo que, na época, os meus pais nos educavam de uma maneira. Eles sempre estavam dando o melhor. E, por amar, repreendiam. E isso eu procuro fazer de uma forma diferente, mais comedida. A função é dar segurança e estabelecer limites, e também passo isso para os meus filhos”, relata.

“Eu me preocupo sempre em ser o melhor espelho [para os filhos], para que eu possa refletir o melhor que tenho e o melhor que posso. Eu sei o quanto o meu pai sempre tentou ser o melhor para mim. E eu procuro trazer isso para os meus filhos”, diz Junior. Quanto à relação com o pai no dia a dia, ele também define: “O respeito impera muito entre nós, assim como a admiração e o companheirismo. Saber que tenho esse suporte me dá segurança. Eu também procuro oferecer esse suporte”.

Referência na formação

A figura paterna, como explica a psicóloga Rafaela Guedes, é essencial para o desenvolvimento dos filhos. E esse elo entre pai e filho construído de uma forma saudável é essencial. “Os pais são figuras fundamentais na nossa existência. São eles que nos ensinam a amar, nos amando. Eles nos protegem e nos ensinam sobre o sentido da vida. Então, eles são a nossa referência durante toda a nossa existência”, enfatiza a especialista.

“O pai, que exerce a função de proteção, de impor limites, de cuidado e de ampliar a socialização da criança para além da mãe, é a base fundamental para a nossa inserção no meio social. E também, o que há de interessante, de bom na vida, essas referências que procuramos alcançar, vêm de quem exerce essa função paterna. E dar limites também, até onde podemos ir, onde é perigoso e é melhor evitar. A figura paterna é quem exerce essa função para a criança”, reforça Rafaela.

Ao longo da vida, a psicóloga ainda pontua a importância de uma paternidade responsável para que os filhos tenham uma formação sólida. “A melhor maneira de construir uma paternidade saudável é dialogando, sendo presente na vida da criança, participando, ensinando, dispensando atenção e cuidado a esses pequenos. É a melhor forma que podemos ter para construir adultos saudáveis e uma relação saudável entre a criança e quem exerce essa função paterna”, frisa.

“Já na vida adulta, os pais deixam de ter aquela função essencial de sustento e de orientação, e passam a fazer parte, de modo coadjuvante, acompanhando o progresso do filho. Estando ali para torcer, para validar as conquistas, para ser apoio nos momentos difíceis também, dando sempre espaço e liberdade para o filho seguir seu caminho e crescer”, finaliza Rafaela.

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