Dia do Psicólogo: autocuidado com a saúde mental deve ganhar atenção desde a graduação; vídeo
Em Belém, as psicólogas Viviany Cardoso, Graciete Ferreira e Rita Rodrigues contam como é a rotina de atenção com as próprias demandas emocionais
Em todo o Pará, dados do Conselho Federal de Psicologia (CFP) mostram que existem 6.066 psicólogos atuantes no Estado. Por trás do profissional que ouve e acolhe as demandas emocionais dos pacientes, o Psicólogo, assim como qualquer outro indivíduo, também mantém uma rotina de atenção com a saúde mental.
O debate vem à tona neste sábado (27), dia em que é comemorado o Dia do Psicólogo e os 60 anos da Psicologia no Brasil. A data faz referência ao dia da promulgação da lei nº 4.119, que regulamentou a profissão no Brasil, em 1962.
Hoje muito se discute sobre o estigma de que “psicólogo não adoece”. Na realidade, não existem diferenças entre os problemas que acometem um profissional de saúde mental para uma outra pessoa, segundo comenta a psicóloga Rita Rodrigues, de 45 anos, que atua no atendimento de populações vulneráveis.
“Ser psicóloga me ajuda a identificar as situações-problemas com mais facilidade, mas não impedem que eu tenha problemas ou que eu demore pra eu conseguir resolvê-los. Então, fazer psicoterapia é o principal cuidado que eu tenho com a minha saúde mental. Outras coisas são: praticar exercício, ter amigos, tentar ter hora de sono saudável, que dentro da pandemia foi algo que nos foi tirado. Porque foi muito trabalho”, afirmou Rita.
Apesar de saber o limite entre vida pessoal e trabalho, o psicólogo também não deixa de sentir a dor do outro. Rita comenta que, com o passar do tempo, é possível equilibrar como se absorve cada situação vivenciada no consultório e que a terapia tem um papel importante para enfrentar essas realidades.
“Eu atendo muitas crianças, mulheres vítimas de violência. Isso me afeta, me deixa em alerta, me traz desconforto e até uma certa dor. Mas hoje eu consigo recuperar mais rápido”, enfatizou.
Psicólogos possuem uma rotina de autocuidado
Uma rotina de autocuidado possibilita não somente o próprio bem-estar pessoal, mas também o equilíbrio emocional para lidar com a escuta durante os atendimentos. Esse é o caso da psicóloga Viviany Cardoso, 47, que há 18 anos atua na Psicologia. A profissional destaca que assim como todo ser humano, o psicólogo deve cuidar de sua saúde mental e que uma das medidas é o processo psicoterapêutico, fundamental desde a graduação.
“Conectar-se consigo é fundamental, buscar a espiritualidade, o autoconhecimento enquanto ser no mundo. Beber água, meditar, auto refletir sempre a vida e a sua prática. Dançar, ouvir música, filmes, sair com amigos, curtir o sagrado da natureza, estar com a família e não fazer nada, limpar a mente de tudo, são processos que adoto na minha vida”, detalhou Viviany sobre o que costuma realizar para suavizar a rotina.
A profissional ainda comenta que o Código de Ética do Psicólogo não define uma regulamentação específica sobre o autocuidado do profissional, mas, por outro lado, ela diz que o documento recomenda questões para garantir o cuidado pessoal e, consequentemente, o do paciente.
“Nenhum artigo que versa sobre o autocuidado diretamente, mas no bojo de tudo, fala de escuta sensível, ética e da necessidade de seguir as diretrizes do cuidado consigo e com as pessoas de modo geral, possibilitando acesso e respeito aos Direitos humanos”, enfatizou Viviany.
“O modo de lidar com as demandas cotidianas está relacionado com a conduta de vida. Estando atenta, firme e forte, em paz e acolhendo o que chega, do modo que chega, escuta sem julgamento, sem juízo de valor. Aceitar o outro é difícil, mas é possível”, frisou a psicóloga.
Nas dificuldades, psicólogos buscam se manter conscientes
Em meio às adversidades da vida, a psicóloga Graciete Ferreira, de 52 anos, é mais uma das profissionais que não está ilesa de momentos difíceis. Ela conta que já viveu perdas, lutos, separações e diversas mudanças. Por outro, ela cuida da saúde mental “buscando outro profissional, meditando e investindo em práticas integrativas na espiritualidade”.
“O mais importante é se manter consciente nestas situações e se permitir ao acolhimento, através de profissionais especializados que possam dar suporte nos momentos de crise, pois é o que faço quando preciso”, comentou Graciete.
Onde buscar atendimento psicológico gratuitamente?
As Usinas da Paz possuem o serviço de atendimento psicológico com o objetivo de promover ações preventivas, por meio de palestras informativas e do trabalho em grupo, além de atendimentos individualizados que funcionam como rede de apoio para o crescimento pessoal e manutenção do bem-estar mental.
Os espaços contam com um psicólogo no turno da manhã e outro no turno da tarde. Cada profissional atende, em média, 6 ou 7 pacientes por turno. Esses pacientes são agendados conforme necessidade ou ainda com a possibilidade de demanda espontânea. O atendimento é realizado de segunda a sexta, das 8h às 17h.
O agendamento deve ser realizado nas recepções das respectivas Usinas, apresentando original e cópia dos seguintes documentos: RG, CPF, comprovante de residência e de vacinação.
Endereços das Usinas da Paz:
- UsiPaz Cabanagem: avenida Damasco, n° 37 (próximo a Estrada do Benjamin)
- UsiPaz BenguI: estrada do Bengui, s/n (ao lado do parque de retenção do Detran)
- UsiPaz Icuí-Guajará: estrada do Icuí-Guajará, nº 10, bairro do Icuí-Guajará
- UsiPaz Nova União: rua Bom Sossego s/n, bairro da Nova União, no Setor V
- UsiPaz Parauapebas: avenida D, quadra 101, bairro do Jardim Ipiranga
- UsiPaz Canaã dos Carajás: avenida D, bairro do Ouro Preto
(Gabriel Pires, estagiário, sob a supervisão do coordenador do Núcleo de Atualidades, João Thiago Dias)
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