Dia da Consciência Negra- Artistas e Empreendedores se concentram na Praça da República
Negros e negras comercializam artesanatos, acessórios, roupas, serviços e comidas tradicionais, além de apresentar capoeira e música.
No Dia da Consciência Negra, comemorado neste domingo, 20, empreendedores e artistas do movimento negro se concentraram na Praça da República, no centro de Belém, para reafirmar a valorização da ancestralidade e o combate ao racismo. O evento foi organizado pelo Centro de Defesa do Negro no Pará (Cedenpa) com venda de comidas típicas, roupas e acessórios de estilo afro-religioso, serviços de tranças Nagô, jogo de capoeira e apresentação da banda e do bloco Axé Dudu.
O local escolhido foi o chamado Quilombo da República, ponto da praça próximo ao final da Rua Gama Abreu, onde o movimento reverencia a memória dos negros escravizados que foram enterrados ali, no antigo cemitério que havia no local antes da construção da praça.
A sacerdotisa afro-religiosa Mãe Juci D’Oyá vendeu comidas tradicionais, como acarajés, cocadas e os bolinhos do estudante, sendo o último uma receita de tapioca frita e passada no açúcar mascavo com canela em pó. “Todos os anos, participo da programação do Cedenpa. Na verdade, todos os domingos estamos aqui. É uma forma de mostrar a nossa cultura e ancestralidade. Esse lugar é uma referência para nós. Estamos reafirmando a nossa luta e resistência”, destaca. “Lutamos todos os dias por direitos iguais, não apenas no 20 de novembro”, ressaltou.
Já Maria Luíza Nunes, do coletivo de empreendedoras negras Pretas Paridas da Amazônia, contou que levaram para a praça peças de roupas e acessórios exclusivos, assim como cerâmicas, bijuterias e artesanato em madeira. “Somos um grupo de mulheres de periferia, de comunidades quilombolas, trançadeiras e sacerdotisas que produzem de forma familiar e coletiva. Trabalhamos o empreendedorismo como forma de conscientização, principalmente, contra o racismo”, explicou.
A Banda Axé Dudu celebrou 24 anos neste Dia da Consciência Negra. A cantora Jocicleide Santos, backing vocal do grupo, destaca que a Axé Dudu possui canções autorais que trazem mensagens contra o racismo, o machismo e a homofobia. “Os temas do Axé Dudu são contra as formas e opressão que agridem mais fortemente os negros, que estão na base de uma sociedade construída no período colonial com escravidão. Isso reflete de forma ainda mais intensa sobre nós, mulheres negras, que estamos na base da sociedade”. Outra forma de superação do preconceito, desempenhada pela Axé Dudu através da música, são as letras de valorização da cultura e a religiosidade de matriz africana, como o candomblé e a umbanda.
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