Criação do Dia da Mãe Atípica é celebrado por mulheres e grupos de apoio em Belém
Data passa a ser celebrada anualmente no dia 30 de novembro no Pará
"A força que nós temos é gigante, mas a gente também precisa de cuidado", afirma Daniele Silva, que é uma das mães atípicas que celebrou a criação de uma data especialmente destinada a reconhecer o trabalho de mães que criam filhos com deficiências, transtornos ou condições de saúde específicas. O Dia da Mãe Atípica foi criado no Pará na última segunda-feira (28), para ser comemorado anualmente no dia 30 de novembro.
Daniele é mãe do pequeno Heitor, de 5 anos, que nasceu com atrofia muscular espinhal - doença grave, rara e degenerativa que acomete um em cada 10 mil nascidos. Ela considera que a criação do Dia da Mãe Atípica é um reconhecimento merecido, tendo em vista os desafios enfrentados por essas mulheres e outros cuidadores de crianças com condições específicas que, às vezes, acabam não ganhando a devida visibilidade:
"Eu fiquei muito feliz com a notícia. Muitas vezes as pessoas chegam até mim perguntando pelo Heitor, e eu fico feliz que se preocupem com meu filho, mas eu, sabendo da dificuldade da mãe atípica, sempre pergunto também sobre como está essa mãe. Essa atenção é importante", pondera Daniele.
Para a mãe do Heitor, a data não é importante apenas para quem é mãe, mas também para todos os familiares que cuidam de crianças atípicas: "Eu estou muito feliz e agradecida - é um reconhecimento que todos nós familiares merecemos, porque não é fácil. É uma experiência desafiadora. Temos que lutar com os 'nãos' que recebemos, muitas vezes, vendo os direitos dos nossos filhos sendo negados e o preconceito que ainda existe na sociedade", reflete Daniele.
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Apesar dos desafios serem grandes no dia a dia da maternidade atípica, Daniele também acredita que a experiência tem motivos para ser celebrada positivamente e pensa que isso também deve ser lembrado na data instituída:
"É uma experiência única [a maternidade atípica]. Eu procurei aprender um pouco de cada coisa que era necessário para o meu filho - aprendi a ser um pouco médica, um pouco fisioterapeuta, um pouquinho advogada, um pouco terapeuta ocupacional - e me tornei uma Daniele com muito mais força depois da chegada do Heitor. As nossas incertezas são grandes, mas a nossa fé ultrapassa os nossos medos", garante.
A advogada Flávia Marçal, uma das administradoras do grupo Mundo Azul, que atua em prol de projetos para inclusão e conscientização sobre autismo, também considerou a criação do Dia da Mãe Atípica um avanço a mais entre outros já conquistados por famílias de crianças com condições específicas:
"O Estado do Pará tem sido reconhecido nacionalmente por suas políticas de inclusão e, agora, avança no cuidado dos cuidadores, especialmente com a instituição da semana dos cuidados com as mães atípicas, pela lei 10.059/2023 e, agora, do Dia da Mãe Atípica, com a Lei nº 10.744", ela cita.
Para Flávia, a data deve vim acompanhada de outras iniciativas, incluindo políticas públicas, que concretizem ações para o bem-estar das mães e crianças atípicas em diferentes áreas sociais: "Para além do reconhecimento e da valorização das mães que exercem esse cuidado dentro da maternidade atípica, que esse processo seja permeado de ações nas áreas de educação, assistência social e saúde para apoio a esses cuidadores, certamente, em conjunto, essas garantias vão ser muito significativas para cuidar de quem cuida", afirma.
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