Covid-19: infectologista recomenda uso de máscaras

Após período de eleições e Círio, era de se esperar uma projeção de casos maior, diz Alessandre Guimarães, para quem bom senso deve prevalecer na prevenção a doenças

Eduardo Rocha
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"Recomendo fortemente que pessoas que convivem com qualquer questão de saúde que as tornem mais vulneráveis, se protejam, ainda não é hora de dizer “acabou”, estamos tentando nos acostumar, não está fácil, temos sempre que olhar para o cenário epidemiológico, então, após este período de eleições e Círio, era de se esperar uma projeção de casos maior, cuja fase de maior transmissão tende a durar duas a três semanas em média; É neste período então, que fosse melhor o uso de máscaras até achatarmos a curva, pela certeza do vírus estar circulando. Quando “passar mais”, passou…". O alerta é do médico infectologista Alessandre Guimarães, diante do alerta epidemiológico emitido pela Secretaria de Estado de Saúde (Sespa), na terça-feira (19), para casos de gripe, covid-19 e outras síndromes respiratórias no Pará. Nesse documento, chama-se atenção para ações preventivas contras essas doenças, a partir da aglomeração de pessoas relacionada ao Círio 2022 e ao período de mudanças no clima.

O médico observa que as pessoas devem agir com máximo bom senso. "Nunca foi costume nosso, no Ocidente, o uso de máscaras, mas em alguns outros países, sobretudo, orientais, e até na Europa, o uso de máscara é uma recomendação, até regra, nos meses mais frios", ressalta.

Na avaliação de Alessandre Guimarães, em uma comparação entre os períodos anteriores e o que está acontecendo atualmente, "podemos perceber que esta última semana epidemiológica (SE 40, que fundamentou o alerta epidemiológico da Sespa) é muito diferente das outras ondas portanto, sobretudo, dos auges da primeira e segunda ondas, quando um grande número de trajetórias de vidas foram ceifadas". 

Proteção

"Já agora, com o advento das vacinas e perante grande parte da população com no mínimo três doses, são bem mais raros a raríssimos os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) que eventualmente se convergem para insuficiência respiratória com necessidade de aporte de ventilação mecânica em regime de terapia intensiva. Mesmo para estes, já há medicação específica para ser feita. Isso de certa forma pode servir como um álibi para que continuemos nossas rotinas, muito embora logicamente, ninguém deva desejar ter ou se expor à doença, apenas por “ser um caso leve”, assim como as demais viroses sazonais", salienta o médico. 

Deve-se notar as evidências que se consolidam a respeito das síndromes multisistêmicas pós-covid, tanto do adulto, quanto em crianças. "Então, é melhor não se ter, não se expor. Mas, perante um vírus que mesmo países com suas medidas mais ásperas como a China, não consegue conter, e que ainda mudou para ser bem mais transmissível que a cepa original de Wuhan, a tendência talvez seja de haver uma “acomodação epidemiológica”, ou seja, um quantitativo de casos esperados ao longo ano, que logicamente será temporalmente maior, após grandes festas ou motivos de aglomeração, sejam quais forem", pontua. 

No caso da covid-19, como destaca o médico, há evidências de que não é somente o clima que importa (períodos mais ou menos chuvosos) ou até mesmo as aglomerações, mas, sim, o quanto cada organismo respondeu à vacinação, sendo capaz portanto de produzir anticorpos neutralizantes, ou até mesmo, o quanto produziu imunidade, após ter tido a própria enfermidade. "Em geral, essas proteções (pós-vacina e pós-infecção), tendem a cair ao longo de um tempo, ficando a pessoa mais vulnerável a adquirir ou se reinfectar após o sexto mês da exposição, seja por vacina ou por doença. É o que chamamos de “proteção rebanho”. Se um grande número de pessoas aglomeradas e com quantitativo grande de anticorpos neutralizantes estiverem “ao redor” de uma pessoa não vacinada e com covid19, o vírus tende a não “ultrapassar” a barreira imposta pelos imunizados".

Alessandre Guimarães observa que dados do SIVEP-Gripe, painel CONASS | COVID e outros apontam para um aumento de casos de covid-19 e gripe. Sobre a projeção da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que se está perto do fim do alerta de pandemia, o infectologista destaca que "a tendência global será de arrefecimento de casos, ao longo de cinco a dez anos, mas já existem algumas outras variantes circulando na Europa, e se especula possibilidade de nova onda no hemisfério norte dentro de três a seis meses, que depois, pode chegar por aqui, tomara que não".

 

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