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Corpo de Paulo André Barata é velado no Theatro da Paz, em Belém

Compositores, músicos, jornalistas e dirigentes de órgãos públicos aguardavam a chegada do filho e parceiro do poeta Ruy Barata

Valéria Nascimento
fonte

Próximo da meia-noite desta segunda-feira (25), o corpo do poeta e compositor Paulo André Barata era esperado para ser velado no hall do Theatro da Paz, na Praça da República, no centro de Belém.

Os irmãos Tito e Renato Barata, amigos como a professora Glória Caputo, artistas como Andréa Pinheiro, Nego Nelson, Delcley Machado, Arthur Nogueira, Eduardo Neves,  jornalistas e dirigentes de órgãos públicos, como a secretária Ursula Vida, aguardavam no local para prestar as últimas homenagens.

Familiares, músicos e cantores aguardam a chegada do amigo no Theatro da Paz

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 “Eles nos deixam ensinamentos, são os melhores melodistas que esssa terra tem. Eles desenharam e cantaram a nossa Amazônia, com letra e música, cantaram os amores amazônicos, os nossos rios, os entornos dos igarapés”, afirmou o compositor Eduardo Neves

A professora Glória Caputo, amiga próxima de Paulo André, recordou da brincadeira que fazia com o amigo, nos tempos em que ele ia à Fundação Carlos Gomes pesquisar música clássica de autores como os franceses Debussy (1862 – 1918) e Maurice Ravel (1875- 1937). A professora completou 77 anos no dia 19 deste mês de setembro, e Paulo André morreu no dia em que nasceu nesta segunda-feira (25), também aos 77 anos.

Somos da mesma geração e, muitas vezes, quando eu era superintendente da Fundação Carlos Gomes, ele ia lá comigo fazer as pesquisas dele. Por incrível que pareça, ele fazia as pesquisas dele na música erudita, para você ver como é. E eu brincava com ele: ‘vocês são da música popular e vêm fazer a pesquisa na música erudita'. E os eruditos vão fazer a pesquisa no folclore. Olha que troca maravilhosa. Realmente, eu acho uma grande perda para a nossa música, o nosso estado, o país”, afirmou Glória Caputo, à espera da chegada do amigo. 

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O músico Delcley Machado destacou o requinte das composições do pai com o filho. O Rui, a pessoa que escreve, um poeta incrível e o Paulo André, a música. É muita sofisticação, muito moderno e permaneceu até agora moderno, uma harmonização, a forma como ele tratava a música sempre bem pensada, um exemplo, uma obra incrível. Às vezes, nós somos apaixonados por coisas que são regionais, afetivamente, mas no caso dele essa paixão vai além porque cientificamente ele é muito interessante”, frisou o músico e compositor.

Jornalista, editora do site Holofote Virtual e documentarista, Luciana Medeiros conheceu o compositor, quando saia da adolescência e lembrou do artista e do amigo, de quem considerou que se despediu ao reencontrá-lo nos bastidores do Prêmio Ruy Barata, em maio passado. O evento integrou as celebrações pelo centenário do pai e parceiro de André, o poeta Ruy Guilherme Paranatinga Barata.

"A perda do Paulo André Barata nos deixa um sentimento de um tempo que está indo embora. Para mim, ele era uma grande referência. Eu o conheci ainda muito jovem, nos tornamos amigos, então eu não estava só ali na plateia vendo as apresentações dele, a gente também sentava e conversava. As pessoas da minha geração começam a ver a partida desses grandes ícones que são mais do que simplesmente artistas que gravam um disco e estão distantes de nós, a gente convivia com ele. A gente está triste, mas ao mesmo tempo celebra a obra e o legado dele. Ele realizou, ele não passou por essa vida à toa, ele nasceu para brilhar nesse país chamado Pará, disse Luciana Medeiros.

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A cantora Andréa Pinheiro, amiga e intérprete do trabalho de Paulo André e Ruy Barata, disse que o compositor era divertido e teve o privilégio, de em todos os aspectos da vida dele, fazer o que gostava. “Ele sempre fez o que ele escolheu fazer.  A gente sofre por saber que não vai mais vê-lo, mas fica tanta coisa além da música, né, do trabalho que inspira tanto a gente, fica uma amizade de uma vida. Anteontem eu dei uma entrevista sobre a gravação desse disco do Ruy, falando exatamente sobre isso, de como é importante não só o trabalho, mas sobre a amizade que a gente tem com a família. Meu pai com o Paulo, com a dona Norma, todos, e, de repente, dois dias depois eu tenho de falar sobre isso, numa outra dimensão, é doloroso”, afirmou Andrea.

Violinista e compositor, Nego Nelson, citou Waldemar Henrique, Nilson Chaves e disse que Paulo André estava entre os melhores da música paraense. “É um tripé da música paraense, é um dos bons”, afirmou.

Nego Nelson lembrou das músicas "Foi assim’, ‘Paupixuna’. "Uma músca bem feita, ele foi um dos caras que me ensinou bossa nova, ele me ensinou a primeira música que eu aprendi de bossa nova 'a influência do jazz", destcou o compositor, que disse ainda que Paulo André o ensinou a tocar bossa nova. "Ele me mostrou a primeira música bossa, 'A influência do Jazz, de Carlos Lyra', e quando eu apresentei para ele, fiz solando", disse o violonista.    

Também estavam presentes as jornalistas Rita Soares e Adelaide Oliveira; a cineasta Jorane Castro; o músico Bob Freitas; o historiador Brasilino Assaid, o escritor e diretor de teatro, Edyr Proença; o presidente da Fundação Cultural do Pará, Guilherme Relvas, entre dezenas de artistas e personalidades da capital paraense.

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