Conheça o fisioterapeuta que usa o ‘cosplay’ para se tornar herói e ajudar pacientes

Breno Pereira da Costa fala sobre como os cosplayers estão engajados nas causas sociais e a quebra de preconceito quanto ao ato de fantasiar de personagens

Amanda Martins

O cosplay é um termo inglês usado para identificar um hobby onde os participantes se fantasiam de personagens fictícios de filmes ou da cultura pop japonesa.  Mas, engana-se quem pensa que a valentia, os princípios morais e éticos, além da vontade de fazer bem ao próximo, ficam somente na atuação. O fisioterapeuta paraense Breno Pereira da Costa, de 38 anos, mostra que vestir os super-heróis Capitão América e Pantera Negra - personagem da franquia Marvel - é sinônimo de trazer à vida real tudo o que os personagens ensinam nas telinhas de cinema. Nesta quinta-feira, 21 de julho, é celebrado o Dia Nacional do Cosplay e o profissional da saúde revela uma outra faceta desta arte.

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Breno começou a fazer cosplay dos heróis dos quadrinhos, personagens de séries e mangás há seis anos. Tudo teria começado ainda na infância, mas foi somente ao crescer e começar a ganhar o próprio dinheiro que ele pôde colocar o sonho em prática e não parou mais. Ao todo, são mais de vinte fantasias e muitas histórias para contar.

“Me senti totalmente envergonhado no meu primeiro cosplay. Não queria sair do carro, ficava pensando: “o que as pessoas vão pensar de mim?”. O que foi maravilhoso, porque quando saí [do veículo], todo mundo parou para me olhar e apontavam:  “Olha, o Capitão América”. Entrei no evento, que estava sendo realizado aqui, em Belém, e não conseguia andar. Muitas pessoas vieram na minha direção, recebi muito carinho”, relembra.

image Breno com trajes do Capitão América (Reprodução/ @ted_photografia)

Para Breno, ser cosplay nada mais é do que representar os personagens que mais tem admiração. Por isso, essa arte se mesclou com a profissão de fisioterapeuta que ele exerce.  Em alguns atendimentos neurológicos, o profissional da saúde costuma ir vestido de super-herói para atender os pacientes e consegue ver a mágica acontecer, ali, diante dos seus olhos. 

“É fantástico como eles [os pacientes] aderem ao tratamento mais fácil, se sentem mais motivados a fazer os exercícios”, diz, visivelmente satisfeito. 

A dedicação de Breno em querer continuar ajudando o próximo, e também se divertir com os amigos que se trajam de personagens, deu início a Liga Cosplay Pará, o qual ele é fundador e diretor. De acordo com o profissional, o grupo nasceu com a missão de fazer ações filantrópicas a quem mais precisa, como crianças diagnosticadas com câncer, nos principais hospitais da capital paraense, e ações que produzem a entrega de materiais de higiene à comunidade ribeirinhas e asilos.  

‘As crianças nos enxergam como verdadeiros heróis', diz cosplay 

Levar um pouco de alegria, carinho e esperança aos pequeninos que estão internados é uma das maiores alegrias de Breno e dos integrantes da “Liga”. Toda essa troca de amor é bilateral, isso porque, se torna visível como as crianças se empolgam com a presença da Mulher Maravilha, o Capitão América e do Super-Homem, segundo o profissional da saúde. 

“Receber essa energia dos meninos e meninas, que nos enxergam como verdadeiros heróis, é um prazer imensurável. Nos hospitais, muitos nos falam que quando estamos com eles, estes evoluem melhor, principalmente os que têm câncer. A gente sempre se emociona. Até os super-heróis lagrimam também”, afirma o fisioterapeuta.

Quebra de preconceito

Antigamente, muitas pessoas tinham preconceito com pessoas que faziam cosplay por acreditarem se tratar de um hobby de “ gente que não tinha o que fazer”, ou até mesmo reproduzindo ofensas como se esta “não tivesse vivido a infância”. Segundo Breno, com o aumento das ações sociais esse tipo de implicância tem diminuído e dando lugar a um respeito.

image Breno vestido do perosnagem Pantera Negra (Amanda Martins / Especial O Liberal)

“Hoje, enfrentamos bem menos preconceito. Algumas pessoas ainda riem, mas melhorou muito. Estamos conseguindo provar que não é somente uma brincadeira, e sim, uma responsabilidade social. Além de oferecer empreendedorismo, porque acaba que o cosplay é o ‘ganha pão’ principalmente de muita gente”, explica o paraense.     

Conquistas 

Neste ano, todo o público por trás das fantasias de personagens dos quadrinhos, filmes e animes receberam um reconhecimento, na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), por exercer essa atividade, que tem feito bem a uma parcela significativa da sociedade, ganhando um Dia Estadual voltado para a arte, que pode ser comemorado no dia 18 de novembro.

image Os representantes da Liga Cosplay Pará (Reprodução/ @Ingridsouzafotografa)

Para Breno, a data atrelada ao reconhecimento foi recebida com muita alegria. Além de tempo e disponibilidade, os cosplay também gastam muito dinheiro mandando confeccionar ou comprando os trajetos. 

“Tudo é do nosso bolso, até o investimento nas ações. Quanto mais fidedigna você quer deixar sua roupa, mais você precisa investir. A gente vai passando pela arte e vai ficando exigente, querendo que as roupas fiquem parecidas com a dos filmes”, revela o paraense.   As roupas do personagem Capitão América, incluindo o traje,escudo, capacete, bota e lente de contato azul chegaram a custar cerca de R$ 2 mil reais.  

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Belém
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