Conheça história de superação do 'mingau do Careca' e por quê 'carrinho' é famoso em Belém

Seu Vanduil de Jesus Fernandes começou vendendo saladas de frutas em um ex-carrinho de bebê improvisaho, hoje, ele é dono de um dos comerciantes ambulantes mais queridos da capital paraense

Amanda Martins

“Chegou o mingau do Careca!”. É com esse famoso slogan que as bicicletas adaptadas com uma caixa de som, que passam nas ruas de Belém vendendo os tradicionais mingaus de milho e de tapioca - popular no Pará-,  conquistaram a afeição dos belenenses, fazendo com que ao avistar uma, torna-se parada obrigatória para degustar o alimento quente. 

Apesar do mingau ter caído no gosto do público, poucos conhecem a história de superação e resiliência do seu Vanduil de Jesus Fernandes, de 54 anos, conhecido popularmente como "Careca", que “fundou” as food bikes que circulam pela grande maioria dos bairros da cidade. Veja:

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O que começou com um ex-carrinho de bebê improvisado com rodas maiores, usado para comportar pequenos potes de saladas de frutas, tornou-se um negócio próspero, que hoje emprega mais de 18 funcionários  e  10 carrinhos em circulação. 

Em conversa com o O Liberal.com, Vanduil contou que começou a empreender ainda muito jovem, quando estava desempregado. A priori, ele, que era morador do bairro do Marco, mudou-se para Castanhal (PA), na tentativa de ganhar a vida vendendo saladas de frutas. 

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“Uma das vezes que voltava para Belém com o carrinho lotado [de saladas], um homem me abordou perguntando o que eu vendia, porque ele queria mingau e ficou insistindo para que eu vendesse. Contei essa história para um colega, que consertava o carrinho, e ele perguntou se eu queria mudar as vendas. Quando  eu ia responder, um daqueles ambulantes de rua entrou na oficina e disse que me vendia as panelas aço. Senti, ali, que Deus queria mudar os meus planos”, disse o comerciante, que considera-se uma pessoa muito religiosa.

Além de mudar de segmento alimentício, Vanduil também conseguiu voltar para a cidade natal e contou com a ajuda de Dona Graça, uma senhorinha que cedeu um espaço em sua casa para o, até então, rapaz pudesse viver de favor quando era mais novo e não tinha condições de se bancar sozinho.

“Eu tinha tudo para desistir logo de primeira. As primeiras panelas de mingau que fiz estragaram todas porque eu não conseguia vender. Mas sou um cara persistente, a resiliência faz parte da minha vida e eu vou para cima”, afirmou Careca.

O negócio também foi rebatizado, passando a se chamar “mingau do Careca”. O apelido a quem “não tem cabelo” veio porque, até os seus cinco anos de idade, Vanduil possuía uma espécie de “calvicie”. Hoje, no auge dos 54 anos, o comerciante possui madeixas, o que causa certa confusão nos clientes quando conhecem-o pessoalmente e constatam a presença de cabelos.

Para correr atrás do sonho, que era de conseguir melhores condições de vida, Vanduil trabalhou arduamente durante as manhãs, tardes e noites para comprar outros carrinhos e expandir o negócio. A primeira bike food deu lugar à segunda, depois uma terceira, quarto, chegando até a décima nos dias atuais. 

Os produtos sempre foram feitos em casa, localizada no bairro do Marco, primeiro, com a ajuda da esposa, depois vieram os funcionários. É no cômodo nos fundos da sua residência que a magia acontece. Uma cozinha repleta de cozinheiros que estão empenhados em fabricar artesanalmente os mingaus nos sabores de milho e tapioca.

“Eu sempre tomei cuidado com a qualidade do meu produto na hora do preparo. Nós não estamos acostumados a vender as sobras dos mingaus do dia anterior, tudo é feito com ingredientes fresquinhos e na hora”, explicou o empresário.

Todo esse cuidado ao elaborar o alimento da melhor forma possível, selecionando bons ingredientes e colocando o “amor” como ingrediente principal, estão trazendo muitos resultados positivos para o empreendedor.

"Acabei estabelecendo uma grande conexão e respeito com os meus clientes, porque eles me ajudaram a criar os meus filhos, dar de comer e vestir minha família. Imagine um jovem que veio da periferia, passou fome, dificuldades, quando penso no que passei, e comparo com o que vive agora, sinto muito orgulho da minha trajetória", relembrou Vanduil analisando os altos e baixos que viveu.

 

 

 

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