Cólera pode ser potencialmente grave, aponta especialista; saiba como evitar a doença

Primeiro caso no Brasil depois de 18 anos deve colocar em alerta autoridades em saúde

Camila Guimarães
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A fácil transmissão e o potencial de agravamento da cólera devem colocar autoridades em saúde em alerta, depois do primeiro caso confirmado da doença no Brasil em quase duas décadas. É o que afirma a infectologista Rita Medeiros, gerente de atenção à saúde do Hospital Universitário João de Barros Barreto, em Belém.

Apesar de o caso confirmado ter sido no estado da Bahia, a especialista aponta que, uma vez que a precariedade do saneamento básico é uma realidade presente em vários estados brasileiros, incluindo o Pará, o momento deve despertar a preocupação de gestores e da população.

“Todas vez que nós temos um caso de uma doença que pode ser potencialmente grave e facilmente transmissível é um alerta muito grande para todas as autoridades em saúde, ainda mais em um país como o nosso em que as condições sanitárias são muito precárias. Essa doença se propaga basicamente por água contaminada, então, num país como o nosso, em que o esgoto vai direto para o rio e para o mar, é muito preocupante”, diz Rita Medeiros.

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Transmissão

A infectologista explica que a cólera é uma doença infecciosa, causada por bactéria, transmitida por via fecal-oral, ou seja, pela ingestão de água ou alimentos contaminados, ou, ainda, pela contaminação pessoa a pessoa.

Sendo muito comum, na nossa região, o banho de rio e, em algumas localidades, a ingestão direta da água do rio, Medeiros alerta: “é preciso evitar”. Ela explica que é necessário sempre fazer uso de filtro ou, pelo menos, ferver a água, antes de usá-la para consumo. Até mesmo o hábito de escovar os dentes usando água dos rios pode ser uma via de contaminação.

Sintomas

A cólera é uma infecção intestinal e, por isso, pode provocar uma diarreia muito forte, que pode levar a casos graves de desidratação em pouco tempo, quando não tratada. “É tão intensa que as fezes já saem com cor bastante clara. Há um efeito tóxico da bactéria no intestino e a gente perde muita água em poucas horas”, explica Rita Medeiros.

Além da diarreia, o Ministério da Saúde aponta que pessoas com a doença podem ter, também, vômitos, dor abdominal e cãibras.

Tratamento

Considerando a perda de líquidos um dos principais efeitos da doença no organismo, o tratamento da cólera envolve a reidratação do paciente. Isso pode ser feito por meio da ingestão de líquidos, mas também, a depender do caso, pela administração de soros orais ou intravenosos.

Rita aponta que também podem ser administrados antibióticos para tratar a infecção. Segundo o Ministério da Saúde, o medicamento pode ajudar a encurtar o tempo de excreção da bactéria.

Prevenção

Para se prevenir da cólera é importante evitar o contato com água e alimentos contaminados. A infectologista lista alguns cuidados: não ingerir água que não foi filtrada ou fervida; ter cuidado, durante banhos em rios, para não engolir ou deixar a água entrar na boca; construir poços em locais seguros, seguindo as recomendações técnicas de distância de esgotos; não consumir alimentos sem a devida higienização e cozimento; lavar as mãos com frequência.

A Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) de Belém informa que realiza a análise da qualidade da água, através do Departamento de Vigilância Sanitária (DEVISA), abrangendo os bairros mais notificados para as doenças diarreicas agudas e que também atua com orientações à população acerca da lavagem dos alimentos, prestadas pelas equipes da atenção básica. Além disso, a Vigilância Epidemiológica do município realiza o monitoramento dos casos de doenças diarreicas agudas, através das unidades de saúde notificadoras.

“O paciente que atender aos critérios de definição de caso suspeito para cólera, deverá buscar os serviços de urgência e emergência disponíveis no município, tais como: Unidades de Pronto-Atendimento (UPAS) e Prontos-Socorros Municipais”, orienta a Sesma.

Já a Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) diz que mantém ações de vigilância epidemiológica em conjunto com os municípios para evitar e controlar os casos de doenças diarreicas transmitidas por água e alimentos; e notifica os casos de diarreia aguda atendidos pelas unidades sentinela em municípios participantes do Programa de Monitoramento da Doença Diarreica Aguda (MDDA), no qual cada caso precisa ser informado. "A Sespa ressalta, no entanto, que casos de diarreia aguda só são de notificação compulsória quando há suspeita de surtos/epidemia", acrescenta. Sespa aponta, ainda que, a investigação deve ser iniciada imediatamente após a notificação do caso suspeito ou confirmado, utilizando-se a Ficha de Investigação de Cólera.

Confira outras dicas para evitar a cólera:

  • Lavar e desinfetar as superfícies, utensílios e equipamentos usados na preparação de alimentos;
  • Proteger os alimentos e as áreas da cozinha contra insetos, animais de estimação e outros animais (guarde os alimentos em recipientes fechados);
  • Tratar a água para consumo (após filtrar, ferver ou colocar duas gotas de solução de hipoclorito de sódio a 2,5% para cada litro de água, aguardar por 30 minutos antes de usar);
  • Guardar a água tratada em vasilhas limpas e com tampa, sendo a “boca” estreita para evitar a recontaminação;
  • Não utilizar água de riachos, rios, cacimbas ou poços contaminados para banhar ou beber;
  • Evitar o consumo de alimentos crus ou mal cozidos (principalmente os frutos do mar) e alimentos cujas condições higiênicas, de preparo e acondicionamento, sejam precárias.
  • Ensacar e manter a tampa do lixo sempre fechada; quando não houver coleta de lixo, este deve ser enterrado em local apropriado;
  • Usar sempre o vaso sanitário, mas, se não for possível, enterrar as fezes sempre longe dos cursos de água.

Fonte: Ministério da Saúde

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