Clubes de leituras promovem legado de conhecimento e de laços afetivos

Em Belém, integrantes de clubes falam dos benefícios de encontros e aprendizados

Bruna Lima e Gabriel Pires

Construir conhecimento, viajar sem precisar sair do lugar e, principalmente, construir laços reais são alguns dos fundamentos de quem faz parte de clubes de leitura. Em Belém, integrantes de diversos grupos compartilham experiências sobre os benefícios dos encontros e debates. A bancária Suzana Racquel Gaia, 37, conta que essa prática é presente na vida dela e surgiu como uma forma de incentivar mais pessoas ao redor dela a serem leitoras.

“O clube do livro nasceu como uma forma de incentivarmos as crianças e adolescentes da família a lerem. Eu, minha irmã e minha mãe fizemos vários debates sobre como poderia funcionar um clube do livro para as crianças se elas possuem idades diferentes. Então resolvemos fazer uma divisão em grupos por faixa etária. No início, nós escolhíamos o que eles leriam, porém, não deu muito certo”, conta.

E o hábito continuou, como relata Racquel. “Atualmente cada um escolhe seu livro. Fazemos um encontro no final de cada mês e cada participante apresenta o livro que leu e relata o que chamou atenção naquela obra. Temos 10 pessoas participando do clube do livro. É liberado todo o tipo de obra escrita e todo o tipo de gênero: desde livros acadêmicos até HQ's. A idéia é fazer com que os jovens e crianças ganhem o gosto pela leitura, percebam que através da leitura também temos muitas histórias para se encantar, muitas aventuras para serem vividas e, inclusive, percebam que muitos dos filmes que existem são baseados em obras literárias”, afirma.

Cláudio Pinheiro / O Liberal

“O clube do livro passa a ser também um momento de encontro familiar. Ao final de cada encontro temos sempre um momento de confraternização. Esperamos que para além do convívio familiar, o principal legado seja a leitura como parte da vida de cada um dos participantes. O grande legado seria meus filhos e sobrinhos tendo a leitura como hábito em suas vidas, assim como já é um hábito todos aguardarem a feira do livro, todos os anos”, completa Racquel.

Fortalecimento de laços

A jornalista Thais Siqueira, 33 anos, criou o clube de livros Lumos ao lado da amiga Giovanna Abreu. Ela conta que, em dezembro de 2021, convidou a amiga como forma de compartilhar sobre livros e ter com quem conversar sobre as histórias que liam. “Estávamos saindo aos poucos de uma pandemia que transformou nossas vidas e deixou marcas profundas em nós e em muitos conhecidos nossos. De alguma forma, precisávamos criar uma maneira de construir novos laços e a literatura pareceu um bom caminho. A cada mês, novos integrantes foram chegando e passamos a produzir conteúdos para incentivar que outras pessoas iniciassem ou retomassem o hábito da leitura”, explica.

No primeiro encontro (ainda online por conta da pandemia) participaram apenas quatro pessoas. Hoje, no mínimo, são 25 integrantes por encontro presencial. “É muito frenético, falamos de livros o tempo todo e dali várias dicas e conversas já evoluíram para boas amizades. O que é mais significativo é que obviamente falamos sobre o livro, personagens, autores, mas as discussões vão além da literatura. Trazemos para nossa vida o que lemos nas páginas e assim acredito que cada um que participa do encontro consegue refletir com as colocações do outro e assim buscamos nos tornar mais empáticos”, acrescenta.

Thais acrescenta que a leitura salva, reforça, “nunca foi só sobre livros, acredito que o maior legado do clube são as relações construídas. A amizade criada entre os membros, que passaram a se encontrar para além das nossas reuniões mensais, é muito legal de acompanhar. Além disso, cada integrante tem a sua história, por vezes de superação por algum motivo, de alegria, de acolhimento. Enfim, cada um, de certa forma, complementa o Lumos de uma forma única”, reforça Thais.

Formação intelectual

Aida Neto, cientista social, faz parte do Movimento Olga Benário, que é um movimento feminista classista que luta pelo direito das mulheres com ocupação de prédios abandonados, esses prédios são transformados em casas de apoio para mulheres em situação de vulnerabilidade. "A gente acredita que a formação intelectual para nós ativistas e para essas mulheres é uma ação muito importante” , explica Aída. E é a partir disso que surge a criação do clube de leitura. O clube nasceu nesse segundo semestre de 2023 e os participantes estão no primeiro livro.

"Ele tem esse intuito de formação política, a gente trabalha autores anti-capitalista. A gente tem um roteiro e estamos seguindo vamos avançar ao longo dos meses. A prática da leitura em si traz muito aprendizado intelectual e de vida”, destaca Aída.

A assistente social Anne Magno, 35, faz parte do Book Club, que uma vez ao mês reúne entre 10 a 20 pessoas para compartilhar experiências literárias. Hoje, as temáticas são alternadas mensalmente para ajudar a sair da zona de conforto e conhecer outros gêneros literários e autores. “Então, basicamente em um mês temos a temática livre onde compartilhamos a leitura que quisermos, e no mês seguinte temos encontro temático onde todos lemos livros com algum aspecto em comum”, explica.

Anne acrescenta ainda que participar de espaços plurais como um clube do livro permite ouvir outras opiniões sobre literatura e livros em específico, além de proporcionar a oportunidade de fazer amigos. “O Pa Book club já existe há mais de 10 anos e já vimos muitas pessoas passarem pela nossa roda de conversa. Algumas delas não estão mais no estado, mas sempre que voltam à cidade voltam ao Pa Book club para rever amigos. Já vi pessoas em idades diversas sentarem para conversar sobre Bentinho e Capitu e soltarem risos mesmo com opiniões contrárias sobre Dom Casmurro”, reflete.

(Com a colaboração de Gabriel Pires, estagiário, sob a supervisão de João Thiago Dias, coordenador do Núcleo de Atualidades)

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