Cemitério da Soledade recebe obras de recuperação e projeto de valorização do patrimônio histórico
Investimento chega a R$ 16 milhões e tem participação da Prefeitura de Belém, na preservação de uma estrutura que abriga 30 mil pessoas sepultadas
Com o propósito de preservar o patrimônio arquitetônico, urbanístico e paisagístico do cemitério da Soledade, em Belém, a Secretaria de Estado de Cultura (Secult) está trabalhando na restauração do espaço e atuando na elaboração de um projeto que visa oferecer novas opções de uso da necrópole centenária. O investimento, em torno de R$ 16 milhões, transformará o ambiente em parque público, incorporando um museu, uma área expositiva na capela, ações de educação patrimonial e informações expográficas, além de outras ações culturais abertas à população.
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Segundo o secretário de Estado de Cultura, Bruno Chagas, as obras estão em andamento após a desocupação do depósito da feira da travessa Doutor Moraes, pela Prefeitura de Belém, na última semana.
“Finalmente foi atendida para que pudéssemos dar continuidade na execução da obra do cemitério. Já iniciamos a fase de restauro dos túmulos. Toda a parte hidráulica, elétrica e de encaminhamento já está em fase de conclusão. A capela e o muro iniciarão nesta semana a parte da pintura e revitalização. No pórtico de entrada também já iniciamos a sua revitalização e esperamos que o cronograma possa ser atualizado apesar do atraso que ocorreu relacionado à Prefeitura até o final deste primeiro semestre”, comentou o titular da Secult.
O cemitério Nossa Senhora da Soledade foi criado em 1850, em Belém, abriga túmulos de personalidades marcantes na história do estado que recebem a devoção de seus frequentadores. Estima-se que no período em que esteve ativo, mais de 30 mil pessoas foram sepultadas no local no momento em que a cidade enfrentou duas grandes epidemias: a da febre amarela (1850) e a da cólera (1885).
Restauração é um processo que preserva as características originais
O coordenador do curso de História da Universidade do Estado do Pará (Uepa), Renato Gimenes, explica que o trabalho de restauração é necessário quando o bem público apresenta problemas no estado de conservação e precisa ser revitalizado por meio de um projeto que visa integrá-lo ao presente.
“Uma restauração é um projeto de intervenção de grande alcance sobre o bem, ressaltando tanto suas características originais quando o passar do tempo, suas transformações, com a finalidade de registrar a memória dos sujeitos e dos acontecimentos que foram responsáveis pela forma de um espaço. Um restauro é um projeto delicado e demorado, que demanda tempo e pesquisa, e que não pode ser feito por empreitada, por exemplo. Existe uma fundamentação teórica para os restauros, fundamentada em pesquisa histórica, arquitetônica, arqueológica”, detalha Gimenes.
As obras do Soledade iniciaram em agosto de 2021 e incluem o restauro de parte da arquitetura mortuária – que abriga obras do barroco, neoclássico e neogótico – e do pórtico, a criação de uma nova entrada voltada para a travessa Doutor Moraes, a construção de calçamentos com acessibilidade, banheiros, área para administração, iluminação e paisagismo.
O projeto é o resultado de um Acordo de Cooperação Técnica para o restauro e requalificação, assinado entre o governo do Estado, por meio da Secult, e a Prefeitura de Belém.
Outros investimentos em patrimônio histórico
Além do Cemitério da Soledade, o Governo do Estado também executou obras de restauro do Theatro da Paz, entregue em agosto do ano passado. Com 143 anos de existência e classificado como um Teatro-Monumento, o “Da Paz” recebeu investimento de R$ 4,5 milhões em obras iniciadas em novembro de 2020.
O trabalho amplo incluiu a revitalização da fachada; restauro completo do forro das varandas; pinturas internas e pinturas especiais; reforma do forro e das instalações elétricas; reforma e limpeza de pisos; substituição das palhinhas das cadeiras; tratamento de esquadrias; revitalização total do Café da Paz e reforma completa dos banheiros, adaptados à acessibilidade e com instalação de elementos decorativos inspirados no mosaico do hall de entrada do TP.
Em janeiro deste ano, o Governo do Estado entregou o Museu de Arte Sacra revitalizado. Com investimento de aproximadamente R$1 milhão, foram realizadas intervenções para reconstituição da pintura das fachadas, reparos no telhado, a remoção de infiltrações, goteiras, desentupimento das calhas e outros. O local, que abriga ainda a Igreja de Santo Alexandre, não recebia obras com esse aporte há cerca de 10 anos.
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