Católicos defendem canonização do padre Luciano Ciman, da Capela de Lourdes, em Belém

Eles atribuem milagres ao religioso italiano, que faleceu, na capital paraense, em 2004

Dilson Pimentel

“Ele era um santo e será sempre um santo no coração de todos os seus amigos”. É assim que o advogado Célio Lima, de 69 anos, se refere ao padre Luciano Ciman, da Capela de Lourdes, no bairro de Nazaré, em Belém. Muitos católicos defendem a beatificação e canonização do religioso que faleceu, na capital paraense, em 2004.

Na noite de 27 de junho deste ano, a Capela Nossa Senhora de Lourdes foi palco de uma cerimônia solene que marcou a chegada dos restos mortais do padre, que esteve em missão por 14 anos na cidade, onde, segundo relatos de alguns fiéis, realizou alguns milagres. Mas não há, na Igreja, nenhum processo para torná-lo santo.

O advogado Célio Lima atribui ao religioso a cura de um câncer. "Ele está vivo em nossos corações. Ele nos acompanha e sinto a presença dele”, afirmou. “Era um padre que sabia as dificuldades de todos e intercedia por todos nós. Um homem iluminado”, contou.

Célio conheceu o padre Luciano em 1991, quando se mudou para perto da capela. “E, desde então, ele sempre me acompanhou. Padre Luciano tinha um contato muito íntimo com Jesus”, disse. “Ele sempre conversava comigo, para que eu pudesse fazer o exercício espiritual de Santa Inácia”, contou. Há poucos dias, em 28 de agosto, o advogado sofreu um AVC. E, 10 dias depois, já estava tendo alta do hospital, sem sequelas, e já estou em atividade. Então ele sempre me acompanha”, disse. Há 20 anos, quando o padre ainda era vivo, Célio foi diagnosticado com câncer, com metástase. O médico que o acompanhava disse que, do ponto de vista da medicina, não havia mais nada a se fazer. “Eu disse: 'a partir de agora, está na mão de Deus'. Eu contei para o padre Luciano. Ele rezou por mim e eu me operei”, relatou.

image O padre italiano Luciano Ciman, da Capela de Lourdes, no bairro de Nazaré, em Belém, faleceu em 2004 (Reprodução/Redes Sociais)

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Ao voltar para casa, contou que, no dia seguinte, ao amanhecer do dia, o padre estava em sua casa, rezando por ele. Depois, Célio viajou para São Paulo e fez exames específicos. O resultado saiu 15 dias depois. “Abri o laudo, não tinha nada mais de câncer. o câncer sumiu”, afirmou. “Então, a intercessão do padre Luciano nas suas orações, com fé, fizeram com que houvesse a concessão de Deus pela minha cura. Mas graças à intercessão do padre Luciano”, contou.

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A administradora Layza Beckman, 41 anos, atribui ao padre o milagre de sua gravidez (Foto: Cláudio Pinheiro | O Liberal)

Administradora atribui ao padre “milagre” de sua gravidez

A administradora Layza Beckman, 41 anos, contou que sempre ia às adorações na capela de Lourdes. “Eu participava dos encontros e retiros espirituais e tinha o padre Luciano Ciman como meu amigo pessoal”, contou. “Após sua morte fiz um pedido ao padre que eu pudesse engravidar pois tinha endometriose e, para a medicina, seria quase impossível. Eis seu primeiro milagre: fiquei grávida aos 24 anos de um menino que, ao nascer, teve icterícia grave”, lembrou.

"A pediatra a encaminhou para o hematologista dizendo que eu teria 24 horas para conseguir um sangue compatível ao do meu filho para fazer uma transfusão. Caso contrário, ele poderia ter um retardo mental, um infarto ou ir a óbito", contou. “Foi quando, novamente, pedi a intercessão do padre Luciano. Ajoelhei no meu quarto, em lágrimas, e pedi que ele fizesse novamente um milagre na vida do meu filho. No dia seguinte, depois de várias pessoas terem ido ao Hemopa tentar a compatibilidade, minha prima, que hoje é a madrinha dele, foi a única compatível e fez a transfusão muito emocionada. No final, deu tudo certo", afirmou. Hoje ele tem 16 anos. Seu nome é Lucas, em homenagem a São Lucas, de quem o padre era devoto. "Ele é saudável, inteligente e, futuramente, um grande médico de corpo e de almas”, disse Layza.

Padre da Arquidiocese explica os processos de beatificação

A pedido da Redação Integrada de O Liberal, o padre Ivan Conceição, Canonista e Postulador para causa dos Santos na Arquidiocese de Belém, explicou os processos de beatificação e canonização. Ele disse que quem beatífica e canoniza é sempre a Igreja.

Para que isso ocorra, é necessário que se inicie um processo a pedido de um, assim chamado, “Autor da Causa”, que pode ser um bispo, uma Diocese, uma Paróquia, uma congregação religiosa, ou mesmo uma pessoa física idônea que faça parte do povo de Deus, e que possa garantir o bom andamento do processo, em todas as suas fases. “A partir daí, a Igreja entende a importância de iniciar a primeira fase, chamada de fase inicial ou Diocesana”, contou.

Todo processo eclesiástico é acurado e minucioso, onde a Igreja Católica declara um fiel Santo; sendo a beatificação uma etapa intermediária em direção ao juízo definitivo, que o Papa confere ao chamado servo de Deus, para que possa ser venerado de forma limitada em certos lugares. A canonização é um ato solene, com o qual o Papa declara de forma definitiva que um fiel católico está na glória eterna e pode ser publicamente venerado na Igreja inteira.

Tal processo em suas duas grandes fases. Uma local, que, canonicamente, pode ser chamada de fase diocesana, e a outra, romana, precisa objetivamente do Autor da Causa que, por sua vez, nomeia o postulador, representante legal para tratar da causa, assim o processo é iniciado, comprovando as virtudes heróicas e os milagres.

O processo pode durar vários anos, conforme o recolhimento das provas, científicas e canônicas. A Santa Sé pede que, após cinco anos, seja iniciado o processo de beatificação de quem morreu com a fama de Santidade.

Atualmente, há alguns processos em andamentos na região amazônica, como o de Frei Daniel de Samarate, sediado na Arquidiocese de Belém, tendo como Autor da Causa a Província Capuchinha do MA-PA-AP, iniciado em 1991. Outro processo em andamento é o de Dom Eliseu Maria Coroli, padre barnabita, Italiano que dedicou sua vida à missão em terras paraenses, sendo bispo da Diocese de Bragança, e em 1996 teve seu processo de beatificação iniciado.

"Em nossa Igreja de Belém, em 2010, Dom Alberto Taveira deu início ao processo de beatificação do mocajubense, monsenhor Edmundo Armando Sant’Clair Igreja, famoso por uma vida dedicada à região do Salgado, o 'Apóstolo do Salgado', como era conhecido, morreu com fama de santidade e tem, como Autor da Causa, o Instituto dos Padres Providentinos, no qual foi fundador", disse o padre Ivan Conceição.

“Temos também Dom Antônio de Almeida Lustosa, que foi o 4 ª Arcebispo de Belém, e foi declarado venerável no dia 22 de junho de 2023, após ter suas virtudes heróicas reconhecidas. O processo de beatificação foi iniciado em 1993, pela Arquidiocese de Fortaleza", explicou.

Ainda segundo ele, é verdade que outros homens e mulheres que morreram em fama de santidade são lembrados de forma carinhosa e verdadeira. "Contudo, a Igreja considera somente os que, canonicamente, são apresentados por um Autor da Causa", acrescentou.

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