Campinas tem 6º caso suspeito de febre maculosa; vítima esteve no show de Seu Jorge em SP

A Secretaria de Saúde de Campinas confirmou, nesta quarta-feira (14/6), o sexto caso suspeito de febre maculosa. Trata-se de uma mulher de 40 anos, residente em Hortolândia, que esteve presente na feijoada realizada no dia 27 de maio na Fazenda Santa Margarida.

Conforme relatado pela secretaria, a mulher começou a apresentar sintomas no dia 10 de junho e encontra-se atualmente internada em um hospital privado. Ela aguarda os resultados dos exames laboratoriais.

Anteriormente, a secretaria também havia informado sobre o caso de uma mulher de 38 anos, residente em Campinas, que foi internada com suspeita da doença. Essa paciente também participou do evento na Fazenda Santa Margarida, que é considerada como possível local de infecção. A Diretoria de Vigilância Epidemiológica informou que essa mulher compareceu a um show de Seu Jorge, realizado na Fazenda, em 3 de junho, e foi hospitalizada uma semana depois.

A Prefeitura de Campinas informou que o show reuniu de 8 mil a 10 mil pessoas e ainda, que a empresa organizadora, segundo a gestão municipal, não soube precisar o público exato.

Diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), Andrea von Zuben, a paciente esteve no show no dia 3 e passou a apresentar sintomas no dia 10. Ela está internada em um hospital privado de Campinas, e aguarda comprovação em diagnóstico. "A princípio ela está bem", informou a prefeitura.

Campinas faz reunião emergencial

A confirmação desse 5º caso suspeito da doença foi feita durante coletiva de imprensa da prefeitura, depois de um encontro com representantes das redes públicas e privadas de saúde do município chamada de Reunião Emergencial: Febre Maculosa Brasileira, para traçar um plano de ação contra a doença no município.

Tirando os casos que surgiram depois dos eventos na fazenda, a diretora do Devisa lembrou que Campinas já tinha registrado outros dois casos no ano.

"Fora esses casos, a gente tinha tido dois casos no começo do ano, e ambos evoluíram a óbito. Campinas nesse ano tem 100% de casos confirmados e 100% de óbito", disse Andrea von Zuben.

De acordo com o Devisa, o período de incubação da bactéria, quando podem surgir os sintomas, leva até 14 dias e os profissionais precisam estar atentos para o tratamento.

Sintomas são comuns a doenças como dengue e covid

"Na fase inicial, os sintomas são parecidos com diversas outras doenças, precisamos sensibilizar os profissionais de saúde para a janela de oportunidade para hipótese da febre maculosa e tratamento, pois confundem com dengue, Covid. Se não tratar nos três primeiros dias, a doença passa para outra fase e atinge todos os órgãos que têm corrente sanguínea, evolui para disfunção de múltiplos órgãos, gera lesões nos órgãos. Entre 8 e 10 dias, a partir dos sintomas, é grande o risco de morte", alertou a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), Andrea von Zuben..

Ele ressaltou que, ao procurar atendimento médico, os pacientes digam aos profissionais de saúde que estiveram em áreas de risco.

A prefeitura de Campinas informou, ainda, que haverá capacitação nos dias 22 e 27 de junho para profissionais da área, além de videoaulas que serão gravadas por médico especialista e distribuídas para as redes pública e privada da cidade, além de vídeos educativos que já foram lançados e que estarão em escolas, igrejas e outros espaços.

As medidas da prefeitura são tomadas após as mortes de pessoas que estiveram na Feijoada do Rosa, realizada pelo restaurante Seo Rosa, na Fazenda Santa Margarida, no dia 27 de maio.

Na terça-feira (13), morreu uma adolescente de 16 anos que estava internada em Campinas com suspeita de febre maculosa e que esteve na fazenda. Ainda na terça, a Secretaria de Estado da Saúde confirmou que a doença provocou a morte do piloto e empresário Douglas Pereira Costa, 42, e de uma mulher de 28 anos.

Assim como a dentista Mariana Gioardano, 36, eles estiveram no dia 27 do mês passado na Feijoada do Rosa, na Fazenda Santa Margarida. O espaço fica no distrito Joaquim Egídio, em Campinas (a 93 km da capital paulista).

A adolescente foi hospitalizada na última sexta (9) em Campinas. O caso dela inicialmente havia sido notificado à Vigilância em Saúde como suspeito para febre maculosa, dengue, leptospirose ou meningite. Só nesta terça, depois da repercussão dos demais casos, sua família mencionou a presença da jovem no evento. A causa exata da morte deve ser apontada por exame do Instituto Adolfo Lutz.

A fazenda é considerada o local provável de infecção, de acordo com a prefeitura, que classifica o quadro como um surto da doença.

O restaurante Seo Rosa, responsável pelo evento na fazenda, afirmou que soube da "fatalidade", mas que "não está confirmado que pegaram o carrapato no local".

Na noite desta terça, a organização da feijoada declarou, em nota publicada numa rede social, "seu profundo pesar, solidarizando-se com as famílias e amigos enlutados".