Campanha Maio Furta-Cor realiza ação na praça Batista Campos, em Belém, neste sábado (20)

Objetivo é conscientizar e sensibilizar a população sobre os cuidados e a promoção da saúde mental materna

Dilson Pimentel
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Participantes da campanha Maio Furta-Cor promoveram, na manhã deste sábado (20), uma ação pela saúde mental materna na praça Batista Campos, em Belém. Para conscientizar e sensibilizar a população sobre os cuidados e promoção da saúde mental materna é que, desde o início deste mês, que é dedicado às mães, estão sendo realizadas ações alusivas à campanha Maio Furta-Cor.

Um levantamento realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelou que 26,3% das mulheres apresentam sintomas de depressão entre seis e 18 meses após o parto. As taxas de depressão no período pós-parto variam em até 30% e cerca de 60% das mulheres já apresentam indícios durante a gestação, sem serem diagnosticadas e tratadas adequadamente no país.

A depressão pós-parto interfere na capacidade materna de cuidar de si mesma e do lactente, aumenta o risco de psicose, suicídio e infanticídio, além de afetar diretamente a saúde da criança. Por isso, o Maio Furta-Cor também busca envolver as crianças, uma vez que as mães que vivem com depressão oferecem menos estímulos sensoriais, cognitivos e afetivos aos seus filhos.

Representante da campanha Maio Furta-Cor no Pará, a psicóloga Letícia Figueiredo disse que, na pandemia, muitas mães adoeceram, “mais do que já adoeciam em outros momentos da nossa história. E aí nós viemos com esse sentido de conscientizar e desenvolvemos várias ações. Já estivemos em shoppings, escolas, em centro de referências médicas. E hoje estamos aqui na praça fazendo essa mobilização para fazer uma pequena caminhada justamente para atrair esse olhar para a saúde mental materna, que, muitas vezes, é invisibilizada”.

Ela disse que, geralmente, a ideia que a sociedade tem de uma mãe é que essa mãe é sempre feliz e que realizou um sonho da vida dela. “Não que ela não tenha realizado. Mas existe uma outra fase que a gente também precisa mostrar. Que é essa fase do adoecimento, da sobrecarga. De que essa mãe não está sozinha”, afirmou.

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“A gente tem um termo em que a gente fala que é a solidão materna e a gente visa ir no contrário disso. Na contramão da solidão materna e dizer: ‘olha, você não está sozinha. Nós podemos ser uma rede de apoio’. A gente traz muita a ideia da rede de apoio e não somente enquanto a família que pode estar junto a essa mulher. Mas como outras mulheres como essas que também compartilham as suas histórias e, nesse sentido, podem se encontrar numa vivência que pode ser parecida, não é igual. Então a gente traz essa mensagem de que nós também somos uma rede de apoio umas para as outras”, afirmou.

A psicóloga Letícia Figueiredo disse que o nome da campanha também faz referência à furta-cor porque, dependendo da luz que recebe, incide uma cor. “E a maternidade é isso: não tem uma única cor. A maternidade não é uma única maternidade. São vários tipos de mães”, afirmou.

image Segundo o Ministério da Saúde, 95% dos óbitos maternos registrados no Estado poderiam ser evitados por fatores ligados ao adequado atendimento e à qualidade dos serviços de saúde prestados à mulher durante a gestação, parto e puerpério (Igor Mota/O Liberal)

De 2006 a 2010, foram identificados 383 óbitos relacionados ao parto no Pará.

De acordo com informações do sistema da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), entre os anos de 2006 a 2010, foram identificados 383 óbitos relacionados ao parto no Pará. Esses números são alarmantes, uma vez que a Organização Pan Americana de Saúde (Opas) afirma que, globalmente, aproximadamente 830 mulheres morrem diariamente devido a complicações decorrentes do parto.

Segundo o Ministério da Saúde, 95% dos óbitos maternos registrados no Estado poderiam ser evitados por fatores ligados ao adequado atendimento e à qualidade dos serviços de saúde prestados à mulher durante a gestação, parto e puerpério. Nesse período os óbitos ocorreram em mulheres entre 20 e 29 anos (46,21%), pardas (78,59%), solteiras (66,06%), donas de casa (52,48%), em ambiente hospitalar (91,66%).

 

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