BPA registrou 1.822 ocorrências envolvendo animais silvestres

Batalhão atua na prevenção e combate a crimes ambientais

Dilson pimentel

De janeiro a novembro de 2019, o Batalhão de Polícia Ambiental (BPA) registrou 1.822 ocorrências envolvendo animais  silvestres. Os principais atendimentos foram resgate e apreensão de animais e a entrega voluntária desses bichos. Muitos animais são entregues no BPA, localizado na avenida João Paulo II, próximo ao Parque Estadual do Utinga (Peut), no bairro Curió-Utinga, mas o certo seria que as pessoas procurassem a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) e o Ibama para realizar a entrega voluntária, uma vez que animais que estavam sendo mantidos em cativeiro não possuem condições de serem libertos sem, antes, passar por um processo de readaptação. "O BPA atua na prevenção  e combate aos crimes ambientais e nas situações de resgate de animal silvestre de vida livre, que, por algum motivo, apareceu em via pública, o que é comum acontecer. Nesse caso, eles estão aptos para ser feita a soltura. Animais que estão sendo mantidos em cativeiro, os que estão sendo criados, não compete ao BPA receber esses animais, justamente pela dificuldade de destinar (dar um destino para eles). Quando a pessoa diz que encontrou (o animal), o BPA orienta que a entrega desse espécime seja realizada na Semas, uma vez  que não tem como saber se realmente encontrou ou estava criando", disse a cabo Andréia Oliveira, que, por ser veterinária, auxilia nesse trabalho.

Na manhã de sexta-feira (27), um homem entregou um jacaré, adulto, no BPA. "No caso do jacaré, em que a pessoa disse que encontrou o animal, o certo seria encaminhá-lo para a Semas, para receber e, depois, fazer a destinação do animal", acrescentou. "O procedimento correto seria acionar uma viatura, através do 190, e o BPA iria no local realizar o resgate empregando técnicas  de manejo e captura, garantindo, assim, a segurança  do animal e da população. Após o resgate, o animal é avaliado e, havendo condições, é solto imediatamente em área de preservação  ambiental. Nosso grande problema hoje, na região, é a grande quantidade de animais que chegam ao BPA mutilados, machucados, e a gente não consegue destinar depois, porque tem que mandar para os zoológicos. E, existe, também a questão de espaço para receber esses animais", contou.

Pessoas começam a criar animais e, depois, os descartam

A cabo Andréia lembrou o exemplo de dois filhotes de lontras - um encontrado em Benevides e outro, em Icoaraci - que foram levados para o BPA, onde, durante um ano, foram cuidados por ela e pela soldado Ana Moraes, que também é veterinária. "Na quinta-feira (26), conseguimos encaminhar os dois para um zoológico em Santa Catarina, porque aqui não tinha espaço para receber eles", disse. O transporte foi pago pelo zoológico que os recebeu. Mas, durante o tempo em que ficaram no BPA, os filhotes de lontra foram cuidados por ela e pela soldado Ana Moraes,com recursos próprios e ajuda de algumas pessoas. Cada lata de leite durava uma semana e custava 70 reais.

O jacaré entregue na sexta-feira será avaliado e, se houver condições, será solto em uma área de preservação, em Marituba. Andréia explicou que as pessoas começam a criar um animal silvestre achando que é como se fosse criar um cachorro. "Alimentam o animal com a mesma comida que comem. Não se preocupam em manter as mínimas condições  sanitárias e pouco se importam com o bem-estar animal. O animal começa a apresentar algum tipo de problema. Aí, devolvem o bicho", contou. Ana Moraes disse que, às vezes, a pessoa pega um filhote, que é fofinho, bonitinho, e, quando o animal cresce, quando atinge a maturidade sexual, geralmente se tornam agressivos. Um exemplo são os quatis. Já houve situação dos policiais militares do BPA encontrarem quati, no meio da rua, amarrado em um poste e com corrente no pescoço. Também é comum pessoas estarem passando em uma estrada e encontrarem um bicho atravessando a via, principalmente o bicho-preguiça. "Ao invés de pegar e devolver à natureza, quando tem área  de mata próximo, coloca no carro, levando-o para o BPA. E a gente acaba soltando em outro local quando bastaria soltá-lo na mata mais próxima ", disse a cabo Andréia.

Resgate lidera as ocorrências, diz comandante do BPA

Ela acrescentou que a legislação, por meio do parágrafo  5° do artigo 24 do decreto 6.514/2008, prevê a entrega voluntária de animais mantidos sob guarda doméstica ao órgão  ambiental, devendo a autoridade competente deixar de aplicar as sanções  previstas. Os órgãos responsáveis pela gestão da fauna são o Ibama e a Semas, e não o Batalhão Ambiental. Se a Semas e o Ibama não conseguem um local de imediato para destinar, fazem um termo de depósito para a pessoa, que continua com o animal durante mais um tempo, até eles conseguirem um local para destinar. E, conseguindo o local, eles entram em contato com a pessoa, que vai e entrega.

image Coronel Zagalo (Fábio Costa / O Liberal)

Comandante do BPA, o coronel Zagalo destacou que o resgate de animais lidera as ocorrências do Batalhão de Polícia Ambiental, seguindo pela poluição sonora, em que os militares são acionados pelo 190. Na região metropolitana de Belém, o BPA atua até Benevides. E, em todo o Estado, em missões com a Semas, Incra e Funai, entre outras instituições. Ele informou que, apenas em novembro, foram resgatados 76 animais, não houve nenhuma apreensão e ocorreram 17 entregas voluntárias. Abril foi o mês do ano que mais teve apreensão. Foram 93. Houve, ainda, 131 resgate e oito entregas voluntárias. De fevereiro a maio há mais resgates, por causa das chuvas. Animal de sangue frio, como as cobras, busca lugares mais quentes para se abrigar e, geralmente, procura uma residência, acrescentou.

 

BATALHÃO DE POLÍCIA AMBIENTAL

 

INFORMAÇÕES:

 

Janeiro a novembro de 2019: 1.822 ocorrências: resgate (animais de vida livre e que não estavam sendo criados, apreensão e entrega voluntária.

 

Répteis: 649. Desse total, resgate de 366 serpentes. "Belém está crescendo bastante. Todo dia tem empreendimento novo. E tem um desmatamento, uma supressão vegetal. E elas acabam se afugentando para residências", explicou a cabo Andréia.

Aves: 837, dos quais 456 passarinhos, aqueles que as pessoas criam porque têm o canto bonito (curió, sabiá, patativa)

Mamíferos: 333, dos quais 114 preguiças.    

 

Fonte: BPA

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