Bosque Rodrigues Alves celebra 141 anos sendo referência de preservação da biodiversidade em Belém
O espaço encanta pela rica biodiversidade e é lar de mais de 300 espécies da fauna e flora
No centro de Belém, o Jardim Zoobotânico Bosque Rodrigues Alves, no bairro do Marco, abriga um “pedaço da Amazônia” em uma área de 15 hectares de mata nativa. O espaço, que celebra 141 anos de fundação neste domingo (25) - data marcada por programações especiais - encanta pela rica biodiversidade e é lar de mais de 300 espécies da fauna e flora. Essa diversidade natural atrai diariamente centenas de visitantes, entre crianças e adultos, que compartilham histórias de afeto com o local.
O Jardim Zoobotânico, fundado como Parque Municipal em 25 de agosto de 1883, também é lugar de memória. A historiadora e assessora superior e de projetos do Bosque, Sarah Carneiro, pontua que o local tem uma importância historiográfica para Belém. “A primeira proposta de preservação dessa área surgiu com José Coelho Gama e Abreu, o ‘Barão de Marajó’, em 1870, porque ele havia ido à Europa. E lá, ele encontrou um jardim, o ‘Bois de Bolonha’, na capital parisiense, e pensou que aqui esse espaço poderia ser preservado”, afirma.
Ao longo de mais de 100 anos, o Bosque atravessou gerações e se tornou em um dos principais espaços de lazer da capital paraense, como lembra Sarah: “Quando Antônio Lemos [intendente de Belém] fez a proposta de reforma, esse espaço foi destinado à elite, para que os barões pudessem sentir-se na Europa. E pensar o Bosque, hoje, como um espaço tão popularizado, é muito importante. São 141 anos de memória no imaginário da população”.
Preservação
Do século XIX, quando o Bosque foi fundado, até então, muita coisa mudou. O espaço resistiu e continua preservado. Além da flora, que conta com árvores centenárias, como a maçaranduba e a seringueira com mais de 150 anos, o local também abriga centenas de espécies da fauna, conforme descreve a chefe de Parques do Bosque, Lorena Albuquerque.
Entre os animais estão, jacaré - um dos mais antigos -, jabutis, araras, macacos, entre outros, que encantam os visitantes - sobretudo as crianças. “Temos uma área de, aproximadamente, 150 mil metros quadrados. Cerca de 80% é de cobertura verde. Temos 300 espécies de árvores, sendo 2.500 indivíduos. E com relação à fauna temos 29 espécies, com, aproximadamente, 400 indivíduos, entre répteis e mamíferos. Algumas espécies estão em cativeiro, semiliberdade e liberdade”, descreve.
Considerado, ainda, uma “mostra da floresta amazônica” no meio da cidade, o Bosque exerce uma importante função ambiental. Por isso, a importância de preservar essa área - sobretudo às vésperas da COP 30. “O Bosque proporciona um grande serviço ecossistêmico, como a qualidade de vida, que é essa interação e contato com a natureza. E ainda, a purificação do ar, porque o Bosque filtra as partículas. Além da regulação do clima, reduzindo o gás carbônico, que, também, melhora a qualidade do ar”, detalha Lorena.
Investimentos
A preservação do Bosque Rodrigues Alves também perpassa pelos investimentos e reformas feitas para conservar o Jardim Zoobotânico. A administradora do espaço, Valéria Titã, pontua que, recentemente, o espaço passou por reparos nos dois coretos e a inauguração de uma praça de alimentação destinada aos visitantes. Os investimentos passam dos 500 mil reais neste ano de 2024, segundo a gestora. E a expectativa é, em breve, iniciar as reformas dos viveiros, do Chalé de Ferro e do aquário. E os muros e grades que sempre estamos fazendo manutenções”, detalha.
Além da população em geral e turistas, o Bosque também abre as portas para visitação de estudantes das escolas da Grande Belém, pesquisadores e acadêmicos, reunindo, em média, um total de 100 mil pessoas todos os anos. “O Bosque é rico em história, preservação e conservação. Nós temos que comemorar, porque é um pedaço no centro da cidade que a gente pode vir aproveitar e desfrutá-lo. E ainda, é um centro de controle mental e emocional”, pontua Valéria.
Vivência
Passear no Bosque faz parte da tradição de muitos belenenses, como o da estudante Karine Menezes. Acostumada a ir ao local desde criança, hoje, ela mantém esse hábito ao levar a filha para passear, a pequena Alice, de 6 meses, junto do namorado, o também estudante Roberto Falcon. “É uma lembrança afetiva muito importante. Promover isso para minha filha também é uma coisa muito importante para mim. Eu quero que ela tenha esse lazer que é uma área muito importante na cidade”, conta.
Já a professora Ana Cecília Vasconcelos enfatiza a importância do local para a educação de crianças e jovens. Diretora de uma escola no distrito de Icoaraci, ela sempre promove passeios aos estudantes. “É muito importante que as crianças preservem e que tenham conhecimento de tudo que a gente tem aqui no Bosque. E é muito bom que eles aprendam as coisas brincando, respeitando o espaço dos animais e das árvores, além de preservar a natureza. Principalmente eles, que são nossos futuros”, relata.
Veja a programação de aniversário do Bosque neste domingo (25):
Horário: das 9h às 12h
- História e historiografia do Bosque Rodrigues Alves: Como tudo começou.
Local: Entrada principal.
- Acervo fotográfico do Bosque Rodrigues Alves
Local: Ruínas do Castelo
- Exposição de sementes
Local: Próximo ao Lago da Iara
- Hevea brasiliensis sustentáculo econômico da Belle Époque.
Local: Seringueira ao lado da praça de alimentação
- Recintos: viveiros que mostram a vivência de uma época
Local: Ponte principal.
- Personagens folclóricos das lendas amazônicas
Local: Entrada principal.
- Celebração dos 141 anos da fundação do Bosque Rodrigues Alves
Local: Fonte dos Intendentes.
- Roda de Carimbó
Local: Fonte dos Intendentes.
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