Pará teve redução de 60% na realização do papanicolau em 2020; exame previne câncer uterino
No Brasil, 20% das mulheres nunca realizaram o procedimento, que pode diminuir em até 90% casos malignos
No Pará, 76,1% das mulheres de 25 a 65 anos realizaram o exame preventivo de colo de útero (papanicolau) nos últimos três anos, como informa a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). Durante a pandemia, os números reduziram em 60% devido às recomendações de reagendamento. Já em 2021, um aumento de 100% na procura pelo procedimento foi registrada. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que 720 novas ocorrências sejam registradas em 2022 no estado.
Em Belém, durante o primeiro ano de pandemia da covid-19, 2020, houve uma redução de 56% nos registros. Os dados são da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma). A medida é importante para detectar câncer e alterações nas células do órgão reprodutor, podendo diminuir em até 90% os casos.
Um levantamento realizado pelo Observatório da Atenção Primária à Saúde da Umane com base nos dados do Ministério da Saúde mostra que cerca de 20% das mulheres brasileiras nunca realizaram o papanicolau. De janeiro a maio deste ano, a Sesma contabilizou 10.172 exames efetuados, o que representa um aumento de 45% em relação aos atendimentos do mesmo período de 2021.
A faixa etária indicada pelo Ministério da Saúde para a realização é em mulheres ou pessoas com útero dos 25 aos 64 anos que já tiveram relações sexuais. O preventivo deve ser realizado a cada três anos, após duas sessões normais consecutivas feitas com intervalo de um ano. Além do método, a vacinação contra o Papilomavírus Humano (HPV), disponível para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, pode prevenir 70% dos cânceres de colo do útero e 90% das verrugas genitais. O imunizante está disponível em toda a rede pública de saúde.
O exame é considerado a principal estratégia para localizar lesões precocemente e fazer um diagnóstico de doenças bem no início, antes mesmo que os primeiros sintomas sejam evidentes. Porque, como explica a ginecologista Ronísie Lopes, a exemplo do câncer de útero, os sinais não são vistos nas fases primárias de desenvolvimento. “Por isso a importância de um exame que consegue detectar. Toda mulher em atividade sexual deve fazer”, destaca.
Outras medidas também garantem mais segurança. A especialista diz que é possível prevenir a infecção por HPV com o uso de contraceptivos. “O que é mais eficaz é o uso de preservativo. Então, para que fique coberta contra o câncer de colo uterino, sempre é bom ter relações protegidas”, alerta Ronísie.
Exame
O procedimento feito é indolor e simples: um instrumento, chamado espéculo, é introduzido na vagina para colher o material. O médico faz uma inspeção visual no interior dos órgãos e, em seguida, provoca uma pequena escamação da superfície externa e interna do colo do útero com uma espátula de madeira e uma escovinha. As células coletadas são colocadas em uma lâmina e encaminhadas para um laboratório especializado.
Para um resultado correto, a paciente não deve ter relações sexuais, mesmo de forma protegida, nos dois dias anteriores ao exame. Evitar o uso de duchas, medicamentos vaginais e anticoncepcionais locais nas 48 horas antes também é indicado.
Não estar menstruada no momento é importante para que a presença de sangue não altere o resultado. Não há contraindicação para mulheres grávidas, o exame não oferece risco à saúde ou ao bebê.
Câncer
O câncer de útero, também chamado câncer cervical, é causado por uma infecção recorrente de alguns tipos de Papilomavírus Humano (HPV). As alterações celulares que podem evoluir para o câncer são descobertas facilmente no exame preventivo. É só por meio desse método que é possível avaliar precocemente alterações pré-malignas e seguir a investigação com outros exames, até o diagnóstico assertivo.
Os principais sintomas da doença em estágio mais avançado são: sangramento vaginal (espontâneo, após o coito ou esforço físico); corrimento vaginal (fétido ou não); dor na região pélvica, que pode estar associada com queixas urinárias ou intestinais nos casos mais avançados e perda de peso.
Serviço
Todos podem procurar pela Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima. Em algumas, a coleta do exame é realizada. Nas que não realizam o procedimento ocorre o encaminhamento para a realização.
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