Belém e Ananindeua têm média de 8 acionamentos de acidente de trânsito por dia em 7 meses

Pedestres, ciclistas, motociclistas e motoristas concordam que falta mais respeito e prudência são cometidos por todos

Camila Guimarães
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Em 7 meses, de janeiro a julho de 2024, o Centro Integrado de Operações (CIOp) recebeu uma média de 8 acionamentos de acidentes de trânsito por dia em Belém e Ananindeua. Ao todo, foram 1.814 acionamentos neste período, sendo 1.285 em Belém e 529 em Ananindeua. Nos últimos 2 anos, o balanço de chamadas chegou a 7,7 mil. Em 2022 foram 3.888 (2.839 em Belém e 1.049 em Ananindeua). Em 2023 foram 3.849 (2.805 em Belém e 1.044 em Ananindeua). De modo geral, pedestres, ciclistas, motociclistas e motoristas concordam que falta mais respeito e prudência por parte de todos os entes que compõem o trânsito.

Para o autônomo João Batista, de 59 anos, que dirige automóvel, o trânsito de Belém é complicado e, dependendo do horário, fica mais difícil. Para piorar, o comportamento imprudente de pedestres e motociclistas não colaboram para um tráfego mais seguro, conforme ele aponta:

"A preferencial é do pedestre, mas eles também atravessam em qualquer lugar e, dependendo da velocidade que o motorista vier, ele leva a culpa. Mas ele acaba fazendo uma besteira por causa do pedestre. Os motociclistas são muito abusados, atravessam em qualquer lugar, corta a tua frente, sai levando o retrovisor, anda em zigue-zague, dirige em cima da faixa e isso tudo atrapalha. O cara ultrapassa pela direita, pela esquerda, não quer nem saber", reclama.

image O motorista João Batista afirma que imprudência de pedestres e motociclistas não colaboram para um tráfego mais seguro. (Cristino Martins / O Liberal)

João Batista defende que respeito e educação estão em falta, mas são itens fundamentais para um trânsito com menos acidentes. A opinião é partilhada pelo ciclista Cauê Guerra, de 19 anos, que trabalha fazendo entregas pela cidade. Ele está entre os mais vulneráveis no trânsito, devido ao nível de exposição do seu tipo de transporte e aponta que condutores de veículos maiores não costumam ter consideração com quem pedala. Inclusive, na última semana, a morte de uma ciclista, Maria Sirleia Rodrigues Brasil, corretora de imóveis, de 50 anos, na avenida João Paulo II, causou grande comoção na cidade.

"[Eu tenho mais medo de passar] perto de caminhão. Os caminhoneiros não respeitam ciclistas, a gente passa do lado e às vezes eles jogam o caminhão pra cima. É muito difícil. Eu não sei qual é o problema deles com os ciclistas, mas eles são muito desrespeitosos", descreve Cauê. Ele também cita outras imprudências que observa no trânsito: "Esse pessoal entregador de aplicativo andam que nem maluco na rua, desesperado para fazer entrega, não entendo isso. Ultrapassam de qualquer jeito, furam sinais, essas coisas".

image O ciclista Cauê Guerra afirma que falta empatia entre as pessoas que trafegam no trânsito da cidade. (Cristino Martins / O Liberal)

O ciclista detalha o que seria necessário mudar no comportamento dos condutores:

"Mais noção no trânsito, mais respeito, mais empatia com o próximo também. Às vezes a pessoa esquece que pode ser um parente, um amigo, um familiar [trafegando]. As pessoas estão erradas, mas querem estar certas. Infelizmente, desrespeitar o próximo no trânsito é normal aqui".

image O mototaxista Luís Guilherme Almeida defende que os motociclistas que trabalham regularizados pouco cometem infrações. (Cristino Martins / O Liberal)

O mototaxista Luís Guilherme Almeida, de 56 anos, defende a categoria e afirma que os que trabalham regularizados pouco cometem infrações. Para ele, todos os entes que participam do trânsito têm responsabilidade: "Pedestre, ciclista, motociclista, todos estão cometendo infrações e precisamos de uma educação melhor", diz, categórico.

Por sua vez, as pedestres Cléa Santos, 54, e Nailde Santos, 49, ambas donas de casa, alertam para a importância de um tráfego atento para evitar acidentes. Nailde, por exemplo, viveu na pele a consequência da falta de atenção: "Uma vez eu quase me acidentei por causa de uma moto. Eu mesma ia passando, acho que não prestei atenção direito, mas graças a Deus não aconteceu nada de ruim".

"Na verdade todos têm que ter atenção, tanto o motorista quanto o pedestre, porque o trânsito é muito perigoso. Não depende só dos motoristas, mas dos pedestres também. Atravessar com o sinal verde [para os carros], mesmo na faixa, é uma imprudência muito grave. [A gente tem que] atravessar na faixa, ver se o sinal está vermelho [para os carros] e respeitar o trânsito. Os motoristas também têm que ter cuidado com a gente, porque tem vezes que, mesmo que a gente vá atravessar na faixa, no sinal, eles não param", complementa Cléa.

image As pedestres Cléa Santos e Nailde Santos falam que todos devem ter muita atenção no trânsito para evitar acidentes. (Cristino Martins / O Liberal)

Em Belém, a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) diz que mantém fiscalização regular com agentes de trânsito em rondas diárias na cidade, além de realizar blitz com o apoio do guincho e do uso da fiscalização eletrônica, com radares e câmeras de videomonitoramento.

A autarquia reforça que realiza ações de educação para o trânsito com ciclistas, pedestres, motociclistas e os condutores em geral, além das ações educativas nas escolas e nas empresas.

A Semob também destaca a manutenção rotineira dos semáforos. A autarquia diz que busca resolver o problema o mais rápido possível. "Ainda como forma de melhorar a segurança viária, a autarquia realiza levantamentos e estudos técnicos nas vias de Belém para a criação de projetos para implantação de sinalização vertical e horizontal de trânsito e também para a revitalização das sinalizações já existentes. A exemplo da ampliação da malha cicloviária da cidade, para garantir maior segurança ao ciclista. Nessa gestão, já houve um incremento de 50,45 km de malha cicloviária (ciclovia, ciclofaixa e ciclorrota), totalizando, até julho de 2024, 163,54 km de malha".

Em Ananindeua, a Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito (Semutran) pontua que realiza rondas regulares com viaturas nas principais vias do município, coibindo infrações que possam resultar em acidentes de trânsito; faz uso do Guardião, o Sistema Municipal de Monitoramento e Fiscalização de Trânsito, que, com o apoio de 22 radares fixos instalados em locais anteriormente com alto índice de sinistros e cinco câmeras de videomonitoramento, tem contribuído significativamente para inibir infrações e reduzir o risco de acidentes. Além disso, o órgão destaca as ações educativas através de palestras em escolas e blitz educacionais e a sinalização de vias e restauração de faixas de pedestres, garantindo que as condições de tráfego estejam adequadas para a segurança de todos.

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