Belém aponta que mais de 700 mulheres sofreram importunação sexual em ônibus
Casos foram listados a partir de relatos colhidos apenas na atual gestão. Município lança campanha "Não é Não"
A Prefeitura de Belém estima que mais de 700 casos de importunação sexual de mulheres ocorreram em transportes coletivos da capital paraense apenas na atual gestão municipal, que soma pouco mais de um ano e dois meses completos. O número, baseado em relatos que foram listados à PMB, foi apresentado por Ana Valéria Borges, diretora-superintendente da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (SeMOB), na abertura da campanha "Não é Não", que a PMB lançou esta terça (8), Dia internacional da Mulher, para o combate a esse tipo de crime nos ônibus da capital paraense. A campanha, lançada pela Coordenadoria da Mulher de Belém (Combel), foi um dos assuntos de programação especial realizada no complexo do Ver-o-Peso.
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"Quando uma mulher é importunada no ônibus, afeta todo mundo. Não só a mulher, mas o motorista que se cala... Não podemos esquecer que importunação sexual é prevista em lei com pena de 1 a 5 anos. Então o que estamos fazendo hoje é cumprir a lei", explicou Ana Valéria.
O lançamento aconteceu no estacionamento do Ver-o-Peso e contou com a presença do prefeito Edmilson Rodrigues, a coordenadora da Combel, Lívia Noronha; deputada federal Vivi Reis; senadora Marinor Brito, e outras mulheres das secretarias de Belém.
Presença feminina na gestão municipal
O prefeito destacou a paridade em sua gestão, apontando que 50% do secretariado da atual gestão é composto por mulheres.
"Temos que romper na prática com a ideia de que a mulher não é capaz. Ela tem qualificação e deve ganhar o mesmo que o homem. Seja a participação da mulher na construção Civil, direção de uma instituição... Nós queremos que, para além da administração pública, as empresas que fazem uma obra, por exemplo, tenham na sua licitação que homens e mulheres vão ganhar o mesmo ocupando o mesmo cargo. Nos cargos de comando que tenham mulheres. Já sobre a campanha, a lei deve ser viva. Você enquanto mulher tem o direito de denunciar que está sendo vítima. Os órgãos públicos sobre a administração da Combel tem que desenvolver uma política para combater o machismo. Temos que criar essa cultura", afirmou o prefeito de Belém.
A Coordenadora da Combel, Lívia Noronha, apontou que Belém não tem observatório de violência contra mulher ou dados oficiais computados pela Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup). Segundo ela, um dos objetivos da campanha é gerar dados oficiais de importunação sexual em transportes coletivos e diminuir a incidência, pois somente em 2021 três casos de grande repercussão aconteceram, e em um deles, a vítima precisou se defender dando um golpe chamado "mata-leão" no importunador.
"Essa é uma ação da prefeitura para as mulheres de Belém. Foi pensado no Ver-O-Peso, porque é a área central de grande circulação de mulheres de todos os bairros. Trouxemos serviços que já existem. Mas também trouxemos a campanha de importunação sexual no transporte coletivo. Tomamos conhecimento dos casos de importunação sexual, principalmente, em 2021. Todas mulheres que usam o transporte coletivo já passaram por situações de assédio. É preciso que a prefeitura e os órgãos digam que não vamos normalizar e não vamos aceitar qualquer tipo de assédio, importunação sexual. Nem no trânsito e nem no transporte coletivo", comentou.
"Não devemos apenas punir, vamos educar também. Não importa o que eu estiver vestindo, 'não é não'. E todas as mulheres devem ser respeitadas onde elas tiverem. Principalmente se estão no transporte coletivo. A prefeitura diz em alto e bom som que não é não", completou.
Ações de saúde, beleza e dignidade no Dia da mulher
Além do lançamento da campanha, desde as 8h até as 17h acontece a ação de serviços para as mulheres e comunidade do entorno do Ver-o-Peso. Exames como o preventivo de colo de útero (PCCU), consultas de enfermagem, testagens rápidas de glicemia, infecções sexualmente transmissíveis (IST) e aferição de pressão arterial, também fazem parte da programação.
Até o final da programação as mulheres poderão aproveitar orientação sobre nutrição, aula de dança, estética e beleza, além de orientação jurídica ou atendimento social com o CRAS do Jurunas.
Iracema Serra, 66 anos, é secretária do lar e conta que descobriu a ação passando pelo Ver-O-Peso. Além de aferir a pressão arterial e verificar a glicemia, contou que ficou muito feliz ao saber que a prefeitura lançou uma campanha contra a importunação sexual. "Eu vim pegar um cartão de banco, e soube que estava tendo uma ação social pelo dia da mulher. Eu tirei a glicemia, verifiquei a pressão. Eu acho boa essas ações. Eu vou ver outras atividades que estão acontecendo. Já me ajudou, sei o status da minha saúde... Isso é ótimo essa campanha contra a importunação sexual, tem muito homem safado, principalmente dentro dos ônibus. Eu nunca passei por isso, mas nenhuma mulher deve passar por essa situação. Por isso que a campanha é importante", finalizou.
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