Barros Barreto é pioneiro em tratamento menos invasivo e mais eficiente contra o câncer
Técnica usada em hospitais privados foi aplicada, pela primeira vez na Região Norte, no HUJBB, em paciente com metástase no fígado
O Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Pará (UFPA), realizou cirurgia inédita em toda a Região Norte para a remoção de um tumor de fígado. A técnica de metastasectomia hepática de ablação (destruição) por micro-ondas é um procedimento de cirurgia minimamente invasivo com potencial de destruição de grandes tumores cancerígenos já em metástase, que é a evolução do câncer no organismo.
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A técnica já é usada com sucesso em hospitais privados no País desde 2019 e foi aplicada, pela primeira vez na Região Norte, no último mês de março, no hospital público. Segundo o médico Rafael José Romero Garcia, cirurgião do aparelho digestivo e transplante de fígado do HUJBB, após o procedimento, o paciente, que está com a doença em estado avançado, teve alta hospitalar no segundo dia. Em outro processo, ele ficaria em torno de uma semana na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Além disso, teriam sido removidos cerca de 50% a 60% do fígado dele.
Outro diferencial do método é que se consegue fazer a retirada de tumores de 4,5 a 5cm com segurança. Na técnica da radiofrequência, só é possível remover estruturas de até 3 cm. “O processo de micro-ondas é muito mais rápido se comparado ao da radiofrequência. Nesse último, demora-se de 10 a 12 minutos para cada nódulo. No micro-ondas, o processo gira em torno de um minuto e meio a dois minutos. É mais rápido, menos invasivo e mais eficiente. Além disso, não podemos usar a radiofrequência em nódulos que estão próximos a vasos sanguíneos. Na técnica com o micro-ondas, nós conseguimos fazer isso, ampliando o leque de opções de tratamento”, comenta
Segundo o especialista, a técnica serve tanto para pacientes com tumores primários quanto para usuários em estado mais avançado, com metástase. Por esse método, consegue-se preservar bastante o fígado do paciente, reduzindo riscos. Ainda segundo ele, esse procedimento é capaz de tratar qualquer tipo de metástase no fígado e em outros órgãos, como rim e pulmão, tanto para tumores primários quanto secundários.
“Foi muito bom, porque a gente conseguiu demonstrar a viabilidade, por ser um método menos invasivo. A gente consegue dar a alta hospitalar muito mais rápido, evita uso de unidade de terapia intensiva e acaba reduzindo alguns riscos, como sangramento e infecção. Neste caso específico de câncer (metástase de fígado), conseguimos devolver o paciente muito mais rápido para a quimioterapia, otimizando todo o tratamento dele”, relata o médico.
Como a cirurgia é feita?
No processo de realização da cirurgia por ablação por micro-ondas, é feita a introdução de uma agulha, que é posicionada no interior da lesão. Após a introdução, é acionado um gerador, que leva a emissão de micro-ondas na ponta da agulha. Isso provoca a movimentação de moléculas de água, elevando a temperatura e destruindo a lesão em poucos minutos.
Para a realização dessa cirurgia, o HUJBB/Ebserh recebeu uma doação do material pela indústria, uma vez que esse procedimento ainda não está regulamentado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), apesar de ser autorizado pela Agência Nacional de Saúde (ANS) para o setor privado.
“Tivemos esta primeira experiência e ainda estamos discutindo sobre como viabilizar a oferta do procedimento para mais pacientes se beneficiarem. Um caminho seria por meio da parceria em protocolos de pesquisa clínica. Além de beneficiar usuários, a realização do procedimento no hospital foi de grande valia para os nossos programas de residência em cirurgia, lembrando que nossa missão é ensinar para transformar o cuidar”, avalia Rita Medeiros, gerente de Atenção à Saúde do HUJBB.
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