'Baby Búfalo': robô de pesquisadoras da UFPA propõe novo modelo de carro elétrico sustentável; vídeo
A pesquisa integra o Laboratório de Motores de Combustão Interna e apresentou o modelo de um carro elétrico movido a energia sustentável
A sinergia entre seres humanos e robôs ganha cada vez mais destaque nos dias de hoje. Prova disso é o projeto do protótipo de um robô batizado de “Baby Búfalo”, desenvolvido por acadêmicas do curso de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Pará (UFPA). A pesquisa, intitulada de “Búfalo Cross: Desenvolvimento de um protótipo de veículo automotivo solar", integra o Laboratório de Motores de Combustão Interna da UFPA, e apresentou o modelo de um carro elétrico movido a energia sustentável. Outro fator que ganha destaque é a representatividade feminina. A equipe do projeto é formada apenas por mulheres estudantes do curso de graduação, sob a coordenação do professor Hendrick Zárate, diretor do curso de Engenharia Mecânica e coordenador da iniciativa.
O protótipo do Baby Búfalo é fruto de um projeto de extensão que iniciou em abril de 2022 pelas 6 alunas que compõem o projeto. O projeto surgiu a partir da experiência na construção de outros pequenos projetos de carrinhos mais simples montados por alunas que fizeram parte do laboratório há alguns anos, como conta o professor.
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“A partir disso, as novas discentes do projeto baby búfalo se interessaram por essa área da mecânica, eletrônica e automação, e entre todos os integrantes foi idealizada a construção do Baby Búfalo v1.0 utilizando recursos próprios e materiais e insumos existentes no Laboratório de Motores de Combustão Interna”, detalhou.
Foi aí que veio a ideia de construir aplicável no dia a dia. E, atualmente, o Baby Búfalo conta com uma estrutura montada com metalon de ferro e motores nas quatro rodas e é controlado por um joystick — controles similares aos utilizados em videogames. No entanto, a discente frisa que a ideia do grupo é ir além, como conta Gledsyanne Rodrigues, membro do Laboratório de Motores de Combustão Interna.
“O principal objetivo do Baby Búfalo é que futuramente ele seja capaz de transportar carga e pessoas de forma autônoma e sustentável. Por isso o uso da energia solar. Ou seja, será definida uma rota e ele deverá ser capaz de percorrer todo o trajeto de forma autônoma, desviando de obstáculos e escolhendo a melhor rota por meio de georreferenciamento e telemetria. O intuito é ir evoluindo, adicionando sensores e melhorando o código até que ele atinja o estágio de veículo autônomo”, detalhou Gledsyanne.
Destaque feminino
Déborah Teixeira destaca que o fato da equipe ser composta somente por mulheres também é um motivo para celebração — já que a área da engenharia é predominantemente masculina. “Com Baby Búfalo pude fazer parte de uma união de mulheres desejosas de praticar engenharia e dispostas a superar o pensamento machista de que se o trabalho é pesado é trabalho para homem, além de inspirar outras mulheres e meninas a acreditar que a mecânica também é nossa. Podemos ser o que quisermos e torcemos para que a engenharia possa se tornar um ambiente repleto de mulheres. E, se pudemos participar e contribuir neste processo, o faremos”, enfatizou Déborah.
“A ideia de nós mulheres sermos consideradas inferiores em relação aos homens é extremamente absurda e revoltante. Somos capazes de seguir qualquer profissão que quisermos e sermos mais do que excelentes nelas. Recentemente, levamos ele para a escola Bosque em Cotijuba e pudemos servir de referência para outras meninas que se identificaram com o curso, ter esse retorno, essa experiência e saber que o nosso projeto além de desenvolver uma tecnologia também está contribuindo para o incentivo de meninas na área da engenharia é muito gratificante”, complementou Gledsyanne.
Protótipo funcional igual a um carro comum
A estudante descreve que o protótipo funciona como qualquer outro carro e todos os movimentos tradicionais de um veículo. Ela destaca, ainda, o fato do robô utilizar energia limpa para ser operacionalizado. “Atualmente, a nível mundial, os motores de combustão interna estão gradativamente sendo substituídos por elétricos, um dos principais motivos está diretamente ligado com a sustentabilidade, então, quando usamos um sistema com painéis solares, evitamos a produção de emissões poluentes como os gerados na combustão de combustíveis fósseis como gasolina e diesel”, disse a acadêmica.
Do aprendizado à prática
A prática realizada no laboratório da UFPA é reflexo da teoria que os alunos aprendem na sala de aula durante o dia a dia na universidade. E o projeto é uma das formas de aplicar esses conhecimentos, conforme relata Déborah Teixeira, aluna do curso de Engenharia Mecânica e íntegra do projeto de desenvolvimento do protótipo. A acadêmica conta que durante o processo de construção do robô é possível ampliar as suas próprias habilidades.
“Por meio do projeto temos acesso a um aprendizado mais prático em áreas abordadas no nosso curso, podendo nos aprofundar nessas áreas de conhecimento e desenvolver habilidades práticas que são necessárias no processo de produção do carrinho (como corte, soldagem e montagem de um circuito), buscando sempre evoluir”, frisou.
(Gabriel Pires, estagiário, sob a supervisão do coordenador do Núcleo de Atualidades, Victor Furtado)
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