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Aprendizado das crianças precisa de ludicidade presencial e por meio da tecnologia

Ester Amorim aproveita a infância dos filhos gêmeos Marcos Vinícius e Mateus Henrique com passeios na praça. Para ela, as ferramentas tecnológicas são essenciais, mas a melhor forma de ensinar valores é por meio do contato pessoal

João Thiago Dias
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O momento de passeio, diversão, ludicidade e aprendizado entre pais e filhos pode se tornar infrequente em uma época onde a tecnologia se tornou tão presente na vida das crianças. Na contramão dessa possibilidade, a vendedora de salgados Ester Amorim, de 34 anos, faz o possível para aproveitar a infância dos filhos gêmeos Marcos Vinícius e Mateus Henrique, de oito anos, visitando praças de Belém. Para ela, as ferramentas tecnológicas são essenciais em momentos de pesquisa para a escola, mas a melhor forma de ensinar valores é por meio do contato pessoal.

Na última quinta-feira (19), o horário da tarde foi reservado para mais um passeio. Desta vez, na Praça Batista Campos, com direito a bonecos, brincadeiras e diálogos. "Nesse tempo, tento aproveitar ao máximo. Por conta da idade deles, ainda não deixo que eles tenham aparelho eletrônico. Às vezes, deixo meu celular com eles, mas apenas por meia hora. Sou mais a favor desse momento juntos, sem celular. Não tem preço correr com eles e aproveitar naturalmente", disse Ester.

Ela conta que tenta repassar os valores e ensinamentos que aprendeu com o pai dela. "Utilizo a prática do meu pai. Sou bem rígida. Se precisar deixar de castigo, eu deixo. Se bater, tem que pedir desculpa. Se chegar a um local, tem que dar bom dia. Se achar dinheiro dentro de uma loja, tem que devolver, porque tem dono. A parte de aprender português, matemática, ciências, geografia etc fica com o colégio. A parte da educação e do respeito deve começar em casa", observou.

O medo por conta da violência nas ruas, a falta de recursos financeiros para bancar um passeio ou a falta de tempo diante da necessidade de trabalhar também podem dificultar os momentos em família, mas esses são obstáculos contornados com facilidade por Ester. "Oriento meus filhos para que não conversem com estranhos. Sobre recurso, procuro economizar dando lanche antes de sair e levando água e biscoito. Sobre tempo, eu trabalho em casa, então fica mais fácil deixar uma roupa ou uma louça para lavar depois. Nada impede de passear".

A vendedora reforça que a tecnologia não é totalmente excluída da rotina. Trata-se apenas de uma questão de limitação e controle. "Usamos mais para pesquisa do colégio. Outro dia, os ajudei com um trabalho sobre queimadas na Amazônia. É o assunto do momento. Não tem como deixar a televisão e a internet de lado para se informar. Mas, na hora de vir para a praça, por exemplo, nada de celular ou tablet. Eles trazem só os bonecos porque gostam de heróis. A gente conversa muito. E tem o que contar depois para os amigos", finalizou.

Ludicidade

As atividades lúdicas são aquelas que permitem que as crianças aprendam e desenvolvam suas capacidades por meio de brincadeiras, do uso da sua imaginação e da fantasia, próprias do mundo infantil. A coordenadora do curso de pedagogia da Universidade do Estado do Pará (Uepa), Ceila Moraes, explica que a ludicidade é essencial na formação das crianças, mas o correto é trabalhar esse aspecto por meio do equilíbrio entre as relações presenciais e o uso da tecnologia. 

"Hoje em dia, ninguém vive mais sem tecnologia. É uma ferramenta de educação. Mas o que tem acontecido é que a família, como primeira escola da criança, tem negligenciado um pouco essa questão por motivos diferentes. Geralmente, trabalham muito e delegam a competência de cuidar da primeira infância a outros, como babás, tios, avós. É importante que tenha o controle do uso da tecnologia. Essa fase inicial é crucial para a formação até os sete anos, quando a criança é como uma esponja, facilmente acessível a todos os aprendizados".

Ela acrescenta que o acesso a tecnologia está sendo permitido cada vez mais cedo. "O importante é que tenha controle. Use joguinhos, porque a criança não vive sem ludicidade. Ela precisa brincar, ter acesso a jogos escritos ou por tablet ou smartphone. Mas é necessário equilíbrio, e é nesse momento que entra a família. Não podemos estar 24h com as crianças, mas temos que controlar o que fazem. Usam computador e celular quando estamos longe. Nos momentos em que estamos juntos, possibilitar convivência, relacionamento, afetividade, amorosidade, contação de histórias, passeio no parque, longe da tecnologia", orientou. 

Valores e princípios são responsabilidade da família, segundo a educadora. "Não se aprende na escola. Apenas se aprimora. Respeito se aprende na primeira escola, que é a família. Um dos problemas é que a família delega essa responsabilidade de formação para a escola. Outra questão é que o pai ou a mãe podem falar para não fazer algo, mas eles mesmos acabam fazendo aquilo na presença da criança. Tem até uma máxima de que atitude educa e forma mais que mil palavras", concluiu Ceila Moraes. 

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