Acidentes elétricos crescem no 1º semestre de 2022: 949 no Brasil

Um incêndio destruiu por completo uma moradia e atingiu parcialmente outras duas na Passagem Matilde, do bairro Curió-Utinga, em Belém, na tarde da última terça-feira (18). O laudo que confirma a causa do sinistro anda não foi divulgado, mas, os indícios apontam para um curto-circuito provocado por um ventilador. De acordo com um levantamento da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), acidentes elétricos como esse foram responsáveis por 949 ocorrências entre os meses de janeiro e junho deste ano, com 384 vítimas fatais.

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Em geral os acidentes elétricos são provocados por curtos-circuitos, fugas de corrente, ausência de manutenção, dimensionamento incorreto das instalações e outros fatores que podem resultar em choques ou mesmo em incêndios, de menor ou maior proporção, em residências e estabelecimentos (comerciais, industriais, hospitalares). 

"No mesmo período do ano passado foram registradas 759 ocorrências dessa natureza contra 741 em 2020, e 826 em 2019. Ou seja: o primeiro semestre deste ano ultrapassou com folga a cota do último triênio", destaca o relatório da Abracopel.

As vítimas de choques elétricos no primeiro semestre deste ano somaram 458, sendo que 330 morreram em decorrência desses incidentes. O número supera os casos ocorridos no 1º semestre do ano anterior, quando foram registradas 441 ocorrências, seguidas de 355 óbitos. Na comparação com o período compreendido entre janeiro e junho de 2019, quando os casos de choques elétricos somaram 484, os números tiveram uma redução pouco expressiva, como observa o engenheiro eletricista consultado pela Abracopel, Fábio Amaral.

Região Norte

De acordo com a pesquisa da Abracopel, a Região Norte é a que registra menor quantidade de acidentes e mortes por choque elétrico. "A região Nordeste continua sendo a campeã nesse quesito, com um total de 138 ocorrências e 109 vítimas fatais. 

Em segundo lugar, empatadas com 92 ocorrências, estão as regiões Sudeste e Sul, sendo que os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo estão um pouco à frente, com 61 mortes, enquanto os estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina tiveram 59 óbitos".

O engenheiro eletricista Fábio Amaral destaca que"muitos desses acidentes de origem elétrica poderiam ter sido evitados se as pessoas dessem mais atenção à qualidade das instalações e não fizessem nenhum tipo de improviso ou 'gambiarra' elétrica. “No que tange ao choque, por exemplo, há uma norma [NBR 5410] que obriga o uso do Dispositivo Diferencial Residual (DR) nas instalações elétricas. A função do aparelho é detectar fugas de corrente elétrica, como uma criança colocando o dedo na tomada, e assim desligar o circuito elétrico impedindo os acidentes ocasionados por choques elétricos, mas infelizmente a regra continua sendo ignorada”, afirma Fábio.

Incêndios

Outro dado que chama atenção na pesquisa da Abracopel é o aumento dos incêndios originados por sobrecarga de energia e posterior curto-circuito. Em 2019, foram 260 casos de incêndios oriundos de sobrecarga elétrica; em 2020 esse número subiu para 287; e, no ano passado aumentou para 288. O levantamento engloba todo o Brasil.

A sobrecarga elétrica se dá quando há um excesso de equipamentos elétricos conectados ao mesmo tempo a uma rede elétrica. “Aí o disjuntor dispara, uma vez que sua função é proteger a instalação elétrica e o usuário. No caso de corrente excessiva, os sistemas de fiação podem sobreaquecer, causando curtos-circuitos e até incêndios”, ressalta Fábio Amaral. Os números da pesquisa da Abracopel demonstram o descuido dos brasileiros com a manutenção das instalações elétricas, que deve ser feita de dez em dez anos, sempre por profissionais devidamente capacitados.

Confira os dados do levantamento de acidentes por choque elétrico:

Região Nordeste 
Total: 138
Fatais: 109

Região Sudeste 
Total: 92
Fatais: 61

Região Sul
Total: 92
Fatais: 59

Região Centro-Oeste
Total: 69
Fatais: 52

Região Norte
Total: 67
Fatais: 49