Açaí com peixe frito e outras iguarias: Mercado do Ver-o-Peso tem almoço tradicional e irresistível
“Ir ao Ver-o-Peso e não comer o peixe frito é o mesmo que não ir à feira”, diz feirante Ulisses Silva
Em Belém, passar perto do Mercado do Ver-o-Peso por volta do meio-dia e não sentir cheiro de açaí com peixe frito é quase impossível. Trata-se de um cheiro que dá água na boca e se torna irresistível para muitos visitantes. Esse é apenas um dos cardápios que fazem sucesso na hora do almoço nesse espaço gastronômico tão popular. Segundo os consumidores e permissionários, a tradição de parar para matar a fome no mercado também inclui pedidas com peixes regionais, como pescada, filhote e pirarucu, além de charque frito, calabresa frita, maniçoba, pirosk (tipo de pãozinho ou pastel, recheado com carne ou vegetais) "enrolado" (salgado que lembra pastel folhado recheado), "completo" [salgado com suco] e os mais diversos sucos naturais de frutas regionais, como cupuaçu, taperebá, muruci e bacuri.
A referência gastronômica nessa área da capital é tão grande que atrai milhares de turistas do mundo. Especialmente às vésperas da COP 30, as iguarias típicas ganham ainda maior visibilidade. Nas últimas semanas, por exemplo, Belém foi eleita pela prestigiada revista inglesa Lonely Planet como um dos dez melhores destinos gastronômicos do mundo em 2025. A publicação é a maior editora de guias de viagem do mundo.
A capital paraense é a única cidade brasileira a figurar na lista, que destaca os locais mais incríveis do planeta para vivenciar experiências culinárias autênticas e memoráveis. Além disso, Belém já é reconhecida pela Unesco como Cidade Criativa da Gastronomia desde 2015, um título que destaca a autenticidade e a originalidade da culinária local.
No almoço desta quarta-feira (23/4) no Ver-o-Peso, a tradição foi mantida com um fluxo expressivo. O feirante Ulisses Silva, 43 anos, reforçou que a refeição mais pedida em sua banca é o açaí com peixe. "Temos uma variedade de peixe. Mas o que sai mais é filhote, dourada e pirarucu. É o que mais é consumido pelos turistas e pelos ribeirinhos daqui”, disse. “Outras iguarias nós temos também são o charque frito, a carne assada, calabresa, frango. Mas o que sai mais é o peixe com açaí ou com arroz, feijão, macarrão”, disse.
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“Ir ao Ver-o-Peso e não comer o peixe frito é o mesmo que não ir a feira”, diz feirante
Segundo Ulisses, ir ao Ver-o-Peso e não comer peixe com açaí é o mesmo que não ir à feira, considerada a maior feira ao ar livre da América Latina. Para quem nunca foi ao Ver-o-Peso, e quer degustar essas iguarias, ele sugere o seguinte: “Na parte da alimentação, na realidade vocês vão ficar loucos. É tanta gastronomia, tantas comidas que nós temos boas, como vatapá, tacacá, maniçoba”, contou. “Mas no Ver-o-Peso, fixo mesmo, é o açaí com peixe”, afirmou.
Para quem experimenta o açaí pela primeira vez, ele disse que dá uma atenção maior. “Quem prova pela primeira vez o açaí a gente olha logo pela cara. ‘calma. O que foi? Não gostou'? A gente dá uma atenção para aquela pessoa que já fez uma cara feia ao provar”, disse. Ulisses começa a conversar com a pessoa e explica como se consome o alimento. “Aí, quando se come um açaí com peixe, aí já fica viciado. E sai feliz da vida”, afirmou.
A auxiliar administrativa Elaine Maués, 33 anos, disse que esse almoço no Ver-o-Peso é tradicional. “Ah, não tem igual. Você pode ir a qualquer restaurante aqui, mas tem que vir para cá para Ver-o-Peso. Aqui é o centro, aqui é a cultura paraense e representa literalmente Belém”, contou. “Ir ao Ver-o-Peso e não almoçar peixe frito com açaí é o mesmo que não estar em Belém. E ainda tem a ‘boca preta’ (por causa do açaí "", afirmou, sorrindo. Ela contou que sua tia veio do Rio de Janeiro e também almoçou no Ver-o-Peso. “A gente não vai comer vatapá. Vai comer peixe frito com açaí", disse Elaine para a sua tia. Aos que estão vindo para a cidade pela primeira vez, ela diz: “Pode visitar Belém inteira, mas venha provar o peixe frito com açaí”, afirmou. Ela estava acompanhada da tia, Célia, e das primas Sara e Samara. “Elas aprovaram”, contou.
Há quem opte em comer salgados na hora do almoço
O contador Adriano Costa, 27 anos, também almoçou ontem no Ver-o-Peso. Cardápio: peixe frito com açaí. “É tradição daqui do Pará. A culinária é a melhor que tem. Almoço aqui praticamente todo dia e o peixe frito com açaí não pode faltar”, contou. Ele também gosta de charque frito e maniçoba. “Sempre dá sono depois, mas a gente aguenta. Já está acostumado”, afirmou. Ele sugere às pessoas que estão visitando Belém que experimentem o peixe frito com açaí. “Não é à toa que a culinária paraense é uma das melhores do Brasil”, disse.
A também feirante Kátia Furtado vende peixe frito com açaí, mas também oferece outras alternativas para o almoço. “Carne assada de panela. Tem uma saída bem grande. Também sai frango frito. Mas o que sai mais é o peixe frito com açaí”, afirmou. Mas há, também, que opte por uma alimentação mais rápida. Foi o caso do segurança Renato Sales, 31 anos. “Eu não quis almoçar e optei em comer um salgado por ser mais leve e para poder aguentar o dia”, disse. Ele pediu um pirosk de queijo e presunto e um suco de taperebá.
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