Parada do Orgulho LGBTQIA+ reúne 80 mil pessoas em Belém

A manifestação saiu do bairro da Campina às 15h e está prevista para terminar às 21h.

Enize Vidigal

A 21ª Parada do Orgulho LGBTQIA+ foi às ruas de Belém neste domingo (24), em clima de alegria. A estimativa é que 80 mil pessoas, segundo as autoridades de segurança pública, fizeram parte do evento. A concentração iniciou ao meio-dia, na Escadinha do Cais do Porto, e saiu às 15h em direção à Avenida Presidente Vargas com três trios elétricos até a Avenida Nazaré com destino a São Brás.

A parada comemorou “maioridade” com o reconhecimento de que a visibilidade da população LGBTQIA+ não choca tanto mais a população como há 21 anos. No trajeto, moradores manifestaram solidariedade nas calçadas e janelas das casas e apartamentos. A ex-deputada Marinor Brito, que participou de todas as edições, ressaltou a importância do evento para reafirmar a cidadania, fortalecer as lutas e combater a violência, opressão, discriminação e falta de políticas públicas à população LGBTQIA+.

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Neste ano, o evento terá como tema “Diversidade e Inclusão: Pluralidade, Acesso e Respeito”. Vários artistas como drag queens, performistas, cantores e dançarinos se apresentaram ao longo da parada. Representantes de várias instituições públicas participaram do evento, assim como autoridades, e se pronunciaram em defesa do movimento LGBTQIAP+, tais como o Governo do Estado, a Prefeitura de Belém, a Universidade Federal do Pará (UFPA), Ministério Público Federal e Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (TRT8), entre outros.

image O colorido da bandeira LGBTQIA+ tomou as ruas de Belém (Carmem Helena / O Liberal)

Fernando Luís Nascimento, drag queen, se montou para desfilar no trio elétrico: “É maravilhoso participar de novo da Parada”, comemorou. Já Luna Crisson elogiou a boa receptividade do público enquanto caminhava pela rua em direção à parada: “As pessoas acenavam para mim, dando energia boa, com respeito. A tolerância vem avançando no Brasil”. “Estamos mais um ano lutando por nossos direitos com muita cor e brilho”, acrescentou a drag Rafael Áreas. “Viemos às ruas mais uma vez falar do nosso direito de ir e vir, de sermos quem somos”, acrescentou Castelly Top Flor, que é Top Drag Pará 2023.

Lideranças

Isabela Santorinne, presidente da Rede Paraense de Pessoas Trans e Miss International Queen Brazil 2023, disse que “é muito importante realizar a parada todos os anos para mostrar a nossa existência, especialmente das travestis e transexuais, que são considerados marginalizados e prostituídos”.

Bruno Gomes, do Grupo LGBTQIA+ do Pará (GHP), disse que a parada é uma forma de evidenciar a pluralidade, acessibilidade e respeito. Já Bárbara Pastana, presidente do Movimento LGBTQIA+ do Pará, ressaltou que a população LGBTQIA+ não admite retrocesso nos direitos conquistados.

O evento teve a Prefeitura de Belém e o governo do estado entre os apoiadores. A presidente da Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel), Inês Silveira, foi a madrinha da edição. “Nós, enquanto gestão do município de Belém, temos como princípio o respeito à diversidade. Temos a Coordenadoria de Diversidade Sexual (CDS) que garante espaço ao segmento LGBTQIA+ dentro da gestão”, disse ela.

Bárbara Caroline Oliveira, gerente de Diversidade Sexual e de Gênero da Secretaria de Estado de Igualdade Racial e Direitos Humanos (SEIRDH), observou que várias secretarias do estado estavam envolvidas na realização do evento.

Avanços

A deputada estadual Lívia Duarte defendeu o avanço na garantia de direitos, especialmente diante da ameaça ao casamento homoafetivo, cuja proibição vem sendo debatida na Câmara Federal. Além disso, ela ressaltou a violência como principal ameaça à vida desse público. “Na Assembleia Legislativa do Pará apresentei projetos que instituem a obrigatoriedade da informação sobre identidade de gênero e orientação sexual nos Boletins de Ocorrência, em delegacias, assim como a criação do Observatório LGBTQIA+”.

Já a diretora do Instituto de Ciências Jurídicas da UFPA, Valena Jacob, falou do programa Empregabilidade e Formação LGBT, desenvolvido pela instituição, que aplicou o Censo sobre empregabilidade trans durante a parada. “Essa população está à margem do emprego formal no Pará e no Brasil”, afirmou.

Segurança

O clima era de tranquilidade, sem o registro de ocorrências até o final da tarde. A previsão da PM era de encerramento da parada às 21h, em São Brás. Um forte aparato de segurança foi realizado para o evento. A PM empregou 155 agentes, 19 viaturas e 12 motocicletas no acompanhamento da parada. A Guarda Municipal de Belém levou 30 guardas, três viaturas e 18 motocicletas. Já a Superintendência de Mobilidade Urbana (Semob), estava com dez agentes, quatro viaturas e duas motocicletas.

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