Bolsonaro pode receber título de 'Cidadão de Ananindeua'

A os 46 anos, o paraense José Maria de Lima Segundo, popularmente conhecido como Zezinho Lima, exerce atualmente o cargo de vereador em Ananindeua e conduz a presidência estadual do Avante no Pará. Eleito pela primeira vez nas eleições 2020, com 2.675 votos, Zezinho assumiu importantes pastas durante a gestão de Manoel Pioneiro, ex-prefeito da cidade.

Zezinho afirma que dedica o mandato às comunidades e que vem buscando soluções para os problemas enfrentados pelas periferias, por meio de denúncias feitas pela população ao quadro “Fiscal do Povo”, comandado por ele em programa de uma emissora de televisão paulistana com filial em Belém (PA). Com muita opinião e sem papas na língua, Zezinho rasgou o verbo durante a entrevista exclusiva ao Ananindeua Em Revista.

De acordo com o vereador do Avante, o polêmico projeto de decreto de lei que pretende homenagear o presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (sem partido), terá o apoio de mais da metade dos vereadores e será colocado em pauta nas próximas sessões que ocorrem no auditório da Universidade da Amazônia (Unama) Ananindeua, devido a reforma da sede da Casa Legislativa. Se aprovado em plenário, o Título Honorífico de “Cidadão de Ananindeua” será entregue na sessão solene realizada no final deste ano pela Câmara Municipal. Jair Renan Bolsonaro, filho do presidente, já confirmou presença no evento anual.

Leia a seguir a entrevista dada ao repórter Jeferson Höenisch.

Quais os seus maiores desafios hoje como vereador?

Zezinho Lima: Quero deixar bem claro que vereador não tem poder de asfaltar, de construir escolas, praças ou postos de saúde. Vereador nenhum gera emprego. Essa função é do Executivo, e a gente fiscaliza e cobra do prefeito. Nosso salário é de 11 mil reais, cada gabinete da Câmara Municipal possui apenas três assessorias e não temos como atender às necessidades do povo. Não me recuso a ajudar, porém, o nosso papel é de legislar e representar a população. E, quando coloco esse assunto em pauta no Plenário, gera polêmica, quebra paradigmas. Fui eleito com apoio da direita conservadora do Estado. Tenho bases muito fortes dentro das igrejas católicas e evangélicas, e apoio também movimentos da comunidade GLBTQI+. Isso me torna cada vez mais próximo da população menos favorecida, onde prego sempre o respeito.

O senhor assumiu diversas pastas no governo do Pioneiro. Como foi essa experiência antes do mandato de vereador?

Zezinho Lima: No terceiro mandato do Pioneiro, em Ananindeua, fui convidado para assumir a Secretaria de Segurança e Defesa Social (Sesds), mesmo sem experiência na área. Mas, estudei, e me qualifiquei para o cargo. Em 2015, desenvolvi, junto à minha equipe na época, o “Amanindeua”, um projeto criado para declarar o carinho por Ananindeua, cuidando da população e zelando pela cidade. Já no quarto mandato do Pioneiro, em 2017, promovemos à frente da Secretaria de Transporte e Trânsito (Semutran) ações e investimos nos agentes de trânsito. Logo depois, assumi a Secretaria de Administração (Semad), e resgatei a autoestima de mais de 11 mil servidores naquele momento, devido à conjuntura política que o país vivia. Em 2019, reassumi a Segurança de Ananindeua. Consegui, junto ao ex-Ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil, Sérgio Mouro, e ao presidente Jair Bolsonaro, que o município de Ananindeua recebesse o projeto-piloto de enfrentamento à criminalidade violenta “Em Frente Brasil”, reduzindo então índices de criminalidade na cidade, com ações da Força Nacional de Segurança Pública. Foi uma ação integrada com o Estado, com o município e com o governo federal.

Então, o resultado das ações de segurança pública do Brasil no município, antes da pandemia, que motivou o senhor a indicar o presidente Jair Bolsonaro a receber a Comenda “Cidadão de Ananindeua” neste ano?

Zezinho Lima: As pessoas têm memória curta! A ação do governo federal, em 2019, logo que o Bolsonaro assumiu a presidência, foi um ato histórico no município. Ananindeua foi escolhida, entre cinco cidades do País, para implantar o projeto de enfrentamento à criminalidade violenta. Foi um investimento de quase 20 milhões em cada cidade contemplada. Recebemos a presença do Sérgio Mouro, no bairro do Icuí, onde teve o menor registro de crimes violentos naquela época, o que representou quase 92% de redução desses casos. São dados da Secretaria de Segurança do Estado. Eu homenagearia quem estivesse, de fato, trabalhando pela segurança do nosso país, pelo nosso Estado ou pelo nosso município. Independentemente se for o presidente Bolsonaro, o Lula ou a Dilma. Eu sou justo com as pessoas.

Quais foram os outros investimentos do governo federal no município de Ananindeua? E qual a sua afinidade com o Bolsonaro?

Zezinho LIma: O governo Bolsonaro, além de investir na segurança pública no município de Ananindeua, destinou recentemente mais de 17 milhões para as obras do canal Maguari Açu, que vai interligar a WE-31 com a rua Cavalcanti, no Centro de Ananindeua, para melhorar a mobilidade urbana. Eu torço pelo Brasil, enquanto algumas pessoas torcem contra o avanço do País. Vou lutar para que essa homenagem seja feita e vou aguardar o presidente na entrega desta Comenda, junto com o seu filho 04, Jair Renan Bolsonaro, que já confirmou comigo a presença para representar o pai.

Essa homenagem credencia o senhor a disputar as próximas eleições com um possível apoio do presidente da República?

Zezinho LIma: Sou fiscal do povo! As pessoas me chamam de vereador bolsonarista, não vejo problema nenhum com isso. Quero ver me chamar de ladrão. Eu não respondo nenhum processo, não me envolvo em corrupção. Eu tenho feito o meu melhor, como vereador, pelo nosso município e, se for da vontade de Deus, ano que vem serei, sim, pré-candidato a deputado estadual pelo Avante, onde estou presidente estadual no Pará. O Avante é um partido fortalecido no estado, com 57 pré-candidatos até o momento. E a população está carente de políticos novos. A prova disso foi a renovação em massa da Câmara Municipal de Ananindeua. Dos 25 vereadores anteriores, apenas cinco conseguiram se reeleger. Eu não estou de passagem, eu vim para defender o povo.