Região de Carajás se torna referência na proteção do gavião-real

Ações bem-sucedidas de conservação das harpias são realizadas em Parauapebas

Fabrício Queiroz
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As extensas áreas de vegetação são importantes recursos naturais da floresta amazônica e também um refúgio para diversas espécies da fauna. Em árvores altas, como as castanheiras e samaumeiras, por exemplo, é possível encontrar os ninhos do gavião-real (Harpia harpyja). É entre as plantas que esta ave de rapina, considerada a maior do Brasil, costuma ficar à espreita de suas presas.

De comportamento discreto, a harpia, como também é conhecida, observa à distância antes de atacar com rapidez seus alvos. Os ossos bem desenvolvidos das patas e as garras de até 10 cm ajudam na tarefa de captura, principalmente de mamíferos. No entanto, esse hábito essencial para a manutenção do equilíbrio ecológico é cada vez mais ameaçado.

A caça ilegal, a fragmentação dos habitats e o desmatamento prejudicam a conservação dos gaviões-reais, que são classificados como espécie vulnerável. Entre essas ameaças, a caça é uma das mais prejudiciais, já que o ciclo de reprodução dessa ave é longo e os filhotes dependem de seus pais por cerca de dois anos e meio para sobreviverem. Por sua vez, a degradação ambiental reduz as áreas nativas e os recursos necessários para sua sobrevivência.

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Diante do risco de extinção, centros de pesquisa e instituições ambientais têm desenvolvido inúmeros projetos que visam aprofundar o conhecimento e salvaguardar as harpias nos diferentes biomas. Na Amazônia, o BioParque Vale Amazônia, em Parauapebas, é uma referência nessas iniciativas.

O espaço está localizado na Floresta Nacional (Flona) de Carajás e oferece todas as condições favoráveis para o bem-estar da espécie. O recinto do gavião-real tem 300 m², cerca de 10 metros de altura e conta com árvores nativas, cascata e lago, que facilitam a adaptação de animais resgatados e que necessitam de cuidados humanos.

image O BioParque Vale Amazônia foi a primeira instituição a ter êxito na reprodução o gavião-real sem interferência humana (João Marcos Rosa)

O BioParque Vale Amazônia também obtém êxito em projetos de reprodução com a ave. Um marco nesse sentido ocorreu em 2015, quando se tornou a primeira instituição de conservação ex situ (fora da natureza) a reproduzir o gavião-real sem interferência humana e em uma área de exposição. A equipe técnica, composta por tratadores de animais, biólogos e veterinários, apenas acompanhou o processo que foi conduzido pelos pais.

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Além disso, outros trabalhos bem-sucedidos incluem o convênio com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), que viabilizou o monitoramento de ninhos na Flona de Carajás por meio do projeto Harpia, assim como ações de educação ambiental junto à comunidade, que contribuem para disseminar uma cultura de conservação e respeito ao meio ambiente na região.

image Gavião-real pode chegar a 2,1 m de envergadura e pesar até 7kg (Tarcisio Rodrigues)

Saiba mais sobre o gavião-real

Nome científico: Harpia harpyja

Nomes comuns: Gavião-real, harpia, uiraçu, gavião-pega-nenê

Tamanho: É a maior ave de rapina do Brasil e a maior águia das Américas, podendo atingir cerca de 1,05 m de comprimento total do corpo e 2,1 m de envergadura. Os indivíduos adultos machos podem pesar até 4,5 kg e as fêmeas até 7 kg.

Características: Os filhotes têm plumagem que varia do branco ao cinza. Já os adultos têm a cabeça em cor cinza, assim como os lados do pescoço e a garganta. Por sua vez, o dorso e a parte superior das asas são pretos. Conta ainda com uma faixa de penas pretas no pescoço e duas penas maiores no penacho. Além disso, suas garras são potentes e podem ter 10 cm de comprimento.

Distribuição: É encontrado em diferentes países do continente. No Brasil, habita regiões de florestas remotas, como a Amazônia e a Mata Atlântica, mas também há registros de sua presença no Cerrado e no Pantanal.

Comportamento: O gavião-real faz seus ninhos em formato de plataforma nas forquilhas de árvores mais altas, como castanheiras e samaumeiras. É um animal predador, que geralmente caça em período diurno, se alimentando de preguiças, primatas, porcos-espinhos, coatis, tamanduás e filhotes de mamíferos.

Fonte: projetoharpia.org

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