Ararajubas resgatadas recebem cuidados no BioParque Vale Amazônia

Projetos bem-sucedidos de proteção e manejo garantem sobrevivência de espécie cobiçada pelo mercado ilegal

Fabrício Queiroz
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A beleza da plumagem verde e amarela é reconhecida há vários séculos como uma característica diferenciada e valiosa da ararajuba (Guaruba guarouba). Registros históricos indicam que desde o século XVI a ave era cobiçada e vendida no comércio ilegal pelo valor equivalente ao de duas pessoas escravizadas. O tráfico aliado à devastação da floresta amazônica é apontado como as principais razões para a diminuição da população das ararajubas, que são classificadas como uma espécie vulnerável da fauna brasileira.

Estudos científicos mostram que a espécie está presente exclusivamente na Amazônia em áreas onde o desmatamento, as queimadas e a retirada ilegal de madeira avançaram nas últimas décadas, provocando assim tanto a perda de habitat quanto dos recursos para sua alimentação.

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Diante disso, a criação de unidades de conservação e de programas de pesquisa e manejo da ararajuba tem sido fomentada como estratégias para viabilizar a proteção dessa e outras espécies. É o que ocorre no BioParque Vale Amazônia, em Parauapebas, onde atualmente 18 ararajubas estão sob cuidados humanos. 

“O BioParque Vale Amazônia, por estar inserido dentro da Floresta Nacional de Carajás, unidade de conservação federal no bioma amazônico, se torna bastante propício para o sucesso na manutenção dessa espécie, uma vez que é nativa desse bioma e está adaptada a toda condição climática de Carajás” - Nereston Camargo, médico veterinário da instituição

espaço é uma referência na região para recebimento de animais resgatados por órgãos ambientais. “A maioria, infelizmente, não tem condições de retornar a natureza. Mas os futuros filhotes que podem nascer desses casais do BioParque, uma vez treinados, podem ser devolvidos a natureza. Todo animal que chega no BioParque passa por um protocolo de quarentena”, comenta o veterinário.

image Ararajubas contam com recintos em ambiente de floresta nativa preservada no BioParque Vale Amazônia, em Parauapebas (Divulgação / BioParque Vale Amazônia)

Nesse contexto, outra ação importante é o estímulo à reprodução das aves, que tem alcançado resultados positivos desde sua implementação. Um exemplo disso é que, em 2019, três filhotes nascidos em Parauapebas foram encaminhados para Belém e hoje fazem parte da fauna do Parque Estadual do Utinga. Este ano, até o momento, já nasceram cinco filhotes no BioParque.

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“O nascimento de qualquer espécie no BioParque Vale Amazônia é celebrado por toda a equipe, pois renasce uma esperança de salvar aquela espécie. O nascimento é um indicativo de que os animais estão saudáveis e gostaram do ambiente. Esse trabalho é superimportante, pois constitui uma população de segurança, como se fosse um backup”, afirma Nereston Camargo.

Conheça mais sobre a ararajuba

image Projeto de reprodução sob cuidados humanos com ararajubas contribui com a conservação da espécie (Thiago Pelaes)

Nome científico: Guaruba guarouba

Nomes comuns: Ararajuba, guarajuba

Tamanho: Mede cerca de 34cm e pesa em torno de 255g.

Características: A plumagem das ararajubas é em grande parte na cor amarela, sendo que as pontas da cauda das asas apresentam um tom verde-oliva. O porte é semelhante ao de um papagaio, porém apresenta uma cauda longa com penas de tamanho desigual. Outra característica importante é o bico curvo.

Distribuição: São endêmicas da Amazônia brasileira, ocorrendo no sul do rio Amazonas e leste do rio Madeira. Há registros ainda na borda do Planalto Central e no norte do Mato Grosso. A extensão de sua ocorrência é estimada em 300 mil km².

Comportamento: A ararajuba costuma ser encontrada em áreas de terra firme e altitude baixa e prefere árvores grandes, ocas e isoladas do restante da vegetação para fazer seu ninho. Elas se alimentam de sementes, frutos oleosos, frutas e flores. São bastante sociáveis e vivem em grupos de cerca de 20 indivíduos.

Fontes: Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave) e Fiocruz

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