Uso de ‘capacete’ para tratamento de deformidade craniana em bebês é novidade em Belém

Fisioterapeuta trouxe a tecnologia à capital paraense no final do ano passado e garante a eficácia da órtese craniana

Elisa Vaz
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O uso da tecnologia na área da saúde tem sido transformador nos últimos anos, impulsionando uma série de inovações. De inteligência artificial a aprendizagem de máquina, as técnicas vêm revolucionando diagnósticos, com análises mais precisas e rápidas, e até tratamentos, possibilitando uma cura mais rápida e melhor qualidade de vida ao paciente. O fato é que as tecnologias têm moldado o futuro da saúde, tornando-a mais acessível, eficiente e personalizada.

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Um exemplo disso é a inovação no tratamento de deformidades cranianas, a chamada plagiocefalia. A fisioterapeuta osteopata Lívia Gantuss, que atua há mais de uma década com crianças, oferece, desde novembro do ano passado, uma técnica inovadora para os bebês - um capacete que corrige deformidades. Trata-se de um material confortável, feito com espuma, que é moldado e personalizado para cada criança e que deve ser usado todos os dias durante alguns meses. O tempo exato depende da gravidade de cada caso e da idade da criança.

Ela explica que as deformidades cranianas começaram a ser observadas muitos anos atrás, quando passou a ser recomendado que o bebê sempre dormisse de barriga para cima, o que tornou frequente a ocorrência de cabeças chatas ou planas, em que a parte de trás do crânio do bebê não fica redonda como o restante. Os primeiros processos para solucionar o problema, segundo Lívia, são a orientação aos pais e o reposicionamento da criança ao dormir, com diversas técnicas para corrigir a deformidade. Porém, em determinado ponto, se faz necessária uma intervenção maior, principalmente se aquele bebê já estiver mais crescido.

Uso da órtese craniana

“A partir dos cinco meses, eles não conseguem ficar sempre na mesma posição que a gente coloca, já se mexem, têm um bom desenvolvimento motor. E entra a necessidade de a gente começar a usar uma órtese. Lógico que existe todo um processo de indicação e o grau de severidade. E para saber isso, a gente tem que fazer uma medição mais manual, usando um aparelhinho chamado craniômetro, além de outra forma mais computadorizada por meio de software, que é o scanner 3D. Ele faz uma imagem da cabeça do bebê e, a partir daquilo, a gente vai entender e quantificar a deformidade, e aí a gente pode confeccionar um aparelhinho chamado órtese craniana”, detalha.

O objetivo da órtese é criar apoio nas áreas mais proeminentes e deixar a zona onde a cabeça do bebê está plana ou chata crescer. Após isso, é feito um acompanhamento da evolução por meio do escaneamento dos números e da manutenção do capacete, em visitas que podem ser a cada 15 ou 20 dias, dependendo do caso. A médica orienta que a criança deve usar o equipamento todos os dias, até o máximo de 23 horas, tirando apenas para fazer a higiene e dar banho no bebê. A estrutura tem várias esferas para possibilitar ventilação.

Critérios para o tratamento

A especialista lembra que 80% do crescimento do crânio do bebê ocorre em até um ano e meio de vida. Ou seja, o tratamento da deformidade, caso apareça, deve ser feito até essa idade, para ter mais resultado. E há uma idade mínima também: cinco meses, quando o bebê tem mais suporte na cabeça. Caso o diagnóstico seja feito muito tarde, após essa janela, a criança pode crescer com alguns problemas. “Se eu não trato isso nessa janela de zero a um ano e meio, eu não consigo resolver muitos processos. E aí são aquelas pessoas que, no futuro, ficam com um olho um pouco diferente do outro, que começam a ter problemas de Articulação Temporomandibular (ATM), que o queixo fica desviado, têm uma orelha maior do que a outra”, afirma Lívia.

De acordo com ela, não é apenas a parte estética que é afetada, mas a pessoa pode sofrer também alterações funcionais, como atrasos no desenvolvimento, mudanças cognitivas e visuais, dentição de mordida cruzada, necessidades posteriores de fazer cirurgias corretivas para melhorar a oclusão, o contato dentário e a função auditiva, entre outros pontos de repercussão.

Nova tecnologia

Disponível em Belém desde novembro, o “capacete” para correção de deformidades cranianas representa um avanço, na opinião de Lívia Gantuss. Ela conta que, antes, era muito difícil tratar bebês com essa alteração pela falta do equipamento, então as crianças precisavam ser enviadas a São Paulo ou Brasília para o tratamento. E como as manutenções são feitas com uma frequência de 15 a 20 dias, dependendo do caso, acabava ficando muito caro e cansativo fazer esse deslocamento.

“Tendo esse capacete aqui em Belém, há uma facilidade e também diminuição dos custos, porque envolve viagem, hospedagem e aqui a gente não teria nada disso. Basicamente, os meus pacientes são aqueles que a gente consegue resolver a grande maioria das coisas sem a órtese craniana, eu diria que um terço dos meus pacientes preciso encaminhar para isso. Mas, de modo geral, há pacientes já em tratamento, principalmente aqueles que vieram mais tardiamente para a fisioterapia ou que têm uma severidade importante. O mais importante é não chegar na órtese, e sim tratar desde cedo”, avalia.

Em termos de custos, Lívia afirma que o tratamento é mais caro, até por ser novidade, mas que é possível ter acesso por meio do plano de saúde. Embora seja burocrático conseguir a aprovação, a fisioterapeuta ressalta que é possível solicitar o custeamento da órtese ao bebê. Inclusive, ela já teve casos em que a família conseguiu reembolso após a entrada do protocolo. “É uma burocracia e é tempo, quanto antes melhor. Então algumas famílias acabam optando por fazer o tratamento e depois recorrer ao plano de saúde”, detalha.

A órtese disponível em Belém é produzida no Brasil, então também há vantagens na diminuição do custo de produção e do tempo de chegada do equipamento. Portanto, a introdução do uso de um “capacete” para tratamento de deformidades cranianas em bebês representa uma significativa inovação em Belém, trazendo maior acessibilidade e eficácia ao tratamento localmente. Essa abordagem oferece alternativas viáveis de custeamento, tornando o tratamento mais acessível para os pacientes, com potencial para melhorar significativamente a qualidade de vida dos bebês afetados.

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