Em alta: 88% dos brasileiros compraram pela internet em 2024; tendência segue em 2025

Pesquisa mostra que consumidores buscam praticidade, preços baixos e variedade

Amanda Engelke / Especial para O Liberal
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Em 2024, não houve um único mês em que Rafael dos Santos, de 40 anos, não tenha feito uma compra online. O técnico bancário, que recentemente se mudou para uma nova casa, encontrou nos marketplaces a solução ideal para otimizar seu tempo, conciliando as compras com a rotina apertada. “É prático, tem uma enorme variedade de produtos, e eu consigo comparar preços bem rápido”, explica.

A rotina de Rafael reflete um hábito que se tornou um padrão no Brasil. Segundo a pesquisa E-commerce Trends 2025, realizada pela Octadesk em parceria com o Opinion Box, 88% dos brasileiros fizeram compras online ao menos uma vez por mês em 2024. O estudo, divulgado recentemente, ainda aponta que 50% dos consumidores planejam aumentar a frequência de compras pela internet em 2025.

A pesquisa, que entrevistou 2.055 consumidores de todas as regiões do Brasil, com 7% dos entrevistados da região Norte, revelou que os marketplaces, a preferência de Rafael, são responsáveis por 60% das compras on-line. Elas também ocorrem em sites de lojas (65%), aplicativo das próprias lojas (54%), redes sociais (14%), sites de classificados (12%) e whatsapp (9%).

Entre os fatores que motivam a escolha, 59% dos consumidores dos entrevistados citaram os preços mais baixos, enquanto 58% valorizam a praticidade de comprar sem sair de casa. Outros pontos importantes são as promoções encontradas apenas pela internet (51%), a facilidade para comparar preços (50%), a variedade de produtos (43%), e produtos e marcas não disponíveis na cidade (36%).

Pandemia ajudou a consolidar as compras online

Norimar Muller, especialista em posicionamento, avalia que a pandemia foi um fator decisivo para o boom das compras online. “Muitos que ainda tinham resistência acabaram sendo ‘forçados’ a experimentar, e aí percebeu como é prático. Comprar com poucos cliques, sem sair de casa, e ainda comparar preços em segundos? Quem resiste?”, observa.

Muller acrescenta que o que era, inicialmente, uma questão de necessidade, acabou se tornando hábito, alterando o padrão de consumo dos brasileiros. “Além disso, o brasileiro confia mais no e-commerce agora. Com plataformas mais seguras, entregas rápidas e políticas de devolução simplificadas, ficou mais fácil e seguro comprar online. No fim, quem experimentou, gostou e adotou”.

image Norimar Muller é especialista em Comunicação e Posicionamento (Foto:Divulgação)

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Para Rafael, de fato, embora ele já comprasse antes, foi durante o período de isolamento da Covid-19, em 2020, que o hábito ganhou força. “Eu já comprava, mas foi naquele período que se intensificou por todas as questões de segurança, de não poder sair”, relembra. Hoje, ele continua recorrendo ao e-commerce para adquirir itens como eletroeletrônicos, além de produtos para a nova casa.

Padrão de consumo é impulsivo e imediato

Segundo Norimar, o padrão de consumo atual é mais imediato. “Antes, a maioria das pessoas pensava muito em compras planejadas: ir a uma loja, pesquisar fisicamente e, só então, adquirir algo. Com o e-commerce, o consumo se tornou muito mais impulsivo e instantâneo. Com um clique, você pode comprar qualquer coisa, a qualquer hora, e isso mudou completamente o jogo”, analisa.

Um dado da pesquisa que reforça a análise da especialista é que a modalidade de compra on-line e retirada na loja física também ganhou força. Entre os entrevistados, 80% disseram que já fizeram essa opção. Outros 74% disseram que já pesquisaram pelo produto online e compraram na loja física. Outros 85% já pesquisaram o produto na loja física e deixaram para comprar pela internet.

A pesquisa revela também que o que mais leva a comprar em loja física, ao invés da internet, é a possibilidade de levar o produto na hora, citada por 63%, Além disso, 56% citaram a experiência de poder ver e tocar nos produtos. Segundo a pesquisa, 3 a cada 4 pessoas preferem comprar pela internet. Apesar disso, “o consumidor é ansioso e quer utilizar o produto o quanto antes”, aponta o relatório.

45% já comprou produtos indicados or influenciadores

Em contrapartida, os consumidores mais exigentes esperam uma experiência completa, avalia Norimar. “Avaliações e reviews passaram a ser mais valorizados, o que trouxe um consumo mais consciente em alguns casos. Além disso, a personalização ganhou força: receber recomendações baseadas em preferências é algo que o consumidor moderno já espera”, afirma.

E é justamente aí, segundo a especialista, que entram os influenciadores digitais, como intermediários de confiança entre as marcas e os consumidores. “Eles conseguem humanizar produtos e serviços Eles são como aquele amigo que a gente confia na hora de pedir uma dica. E não é só sobre vender, é sobre mostrar o contexto de uso, as vantagens e até os desafios que um produto pode ter”.

Não à toa, na pesquisa, 45% dos entrevistados disseram que já compraram produtos indicados por influenciadores, especialmente nas plataformas Instagram (52%) e YouTube (46%). Esse comportamento é mais forte entre mulheres de 16 a 29 anos, público que representa 55% dos influenciados por esse tipo de recomendação.

“Eles testam, usam, falam o que funciona (ou não) e conseguem criar uma conexão real com quem os segue. Isso faz com que o consumidor se sinta mais seguro na decisão de compra. Hoje, a opinião de um influenciador, especialmente aqueles que são nichados e possuem uma audiência bem engajada, tem um peso enorme. É muito mais impactante do que um anúncio tradicional", analisa Norimar.

Taxa das blusinhas não deve frear compras em 2025

Apesar da nova taxação, a pesquisa aponta que as compras internacionais seguem em alta para 2025. Desde 1º de agosto de 2024, compras de até US$ 50 passaram a ter um imposto de 20%, instituído pela Lei n.º 14.902, de 27 de junho de 2024. A medida foi apelidada de “taxa das blusinhas” e afeta consumidores de plataformas como AliExpress, Shein e Shopee, cujo produto é anunciado por estrangeiros.

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Na pesquisa, 72% dos entrevistados disseram que já realizaram compras em sites internacionais. Destes, 9% sempre, 12% frequentemente, 27% vezes e 24% raramente. Shopee (52%), Shein (43%) e Aliexpress (39%) são os favoritos. Apesar da taxa, 60% esperam manter o ritmo nos próximos 12 meses e outros 25% planejam aumentar suas compras. Apenas 15% antecipam uma diminuição.

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