MENU

BUSCA

Você sabe o que é Lagochilascaríase? Infecção é causada por um verme

A data de 28 de fevereiro ganha destaque por ser o Dia Mundial das Doenças Raras

O Liberal

Neste 28 de fevereiro, Dia Mundial das Doenças Raras, observa-e mais doenças que impactam a vida de muitas pessoas ao redor do mundo. Uma dessas enfermidades é a lagochilascaríase, uma infecção parasitária causada por um verme do gênero Lagochilascarias.

Com sintomas que incluem dores abdominais, febre e formação de abscessos, essa doença ainda é pouco conhecida, o que dificulta o diagnóstico precoce e o tratamento adequado. Sua raridade, aliada à falta de conscientização, agrava o cenário, tornando a identificação e o enfrentamento da doença ainda mais desafiadores, informa a assessoria.

Segundo o Dr. Raimundo Nonato Queiroz de Leão, embora a lagochilascaríase não seja oficialmente considerada uma doença rara pelo Ministério da Saúde do Brasil ou pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ela é, de fato, uma condição negligenciada, que acomete principalmente pessoas de áreas remotas e de baixa renda, com acesso limitado aos serviços de saúde. "Apesar de não estar reconhecida oficialmente como uma doença rara, ela causa grandes prejuízos à saúde da população, com alta morbidade e mortalidade, principalmente porque os casos demoram a ser diagnosticados", explica o especialista.

Conforme a Portaria nº 199/2014 do Ministério da Saúde, uma doença rara é aquela que afeta até 65 pessoas a cada 100 mil indivíduos, o que corresponde a aproximadamente 1,3 pessoa a cada 2 mil. Estima-se que existam entre seis e oito mil tipos de doenças raras em todo o mundo.

O que é a Lagochilascaríase?

A lagochilascaríase é uma infecção parasitária rara causada por um nematoide (verme) do gênero Lagochilascarias. Essa doença afeta principalmente mamíferos, incluindo o ser humano, quando o parasita entra no organismo, geralmente por meio da ingestão de alimentos ou água contaminados. Os sintomas podem incluir dor abdominal, febre e, em alguns casos, formação de abscessos. Embora seja uma doença incomum, pode ser grave e exige diagnóstico e tratamento adequados, com o uso de antiparasitários.

Recentemente, o Dr. Raimundo Leão, junto com o Dr. Habib Fraih e Aline Carralas, lançou o livro "Parasitismo por helmintos do gênero Lagochilascaris em seres humanos e em animais domésticos e silvestres". O principal objetivo dessa obra foi compartilhar o conhecimento adquirido durante o estudo de casos registrados, especialmente na década de 1980 e 1990, em Belém, Pará, quando surgiram casos de pessoas provenientes de áreas remotas, como os vales dos rios Tocantins e Araguaia.

Iniciativa e livro

Em relação ao futuro das doenças raras, Dr. Infectologista Aline Carralas, especialista da área, observa que, apesar de algum avanço, muitas condições, como a lagochilascaríase, ainda não têm o reconhecimento devido, nem apoio de políticas públicas para diagnóstico e tratamento, destaca a assessoria.

O livro surgiu de duas necessidades: a dificuldade de diagnóstico clínico, pois a doença pode afetar vários órgãos e simular outras enfermidades, e a escassez de profissionais com experiência no diagnóstico laboratorial da parasitose”, explica o Dr. Leão. A falta de especialistas para identificar casos de lagochilascaríase continua a ser um desafio, o que motivou a produção de um livro voltado para estudantes e profissionais da saúde, visando a conscientização sobre a doença.

Outro ponto importante é que, no estado do Rio Grande do Sul, casos de lagochilascaríase têm sido diagnosticados com maior frequência em animais domésticos, especialmente gatos. Isso ocorre porque há centros veterinários dedicados ao estudo dessa parasitose, o que não acontece na região amazônica. O Dr. Leão acredita que, se houvesse mais iniciativas semelhantes na região norte do Brasil, o número de casos diagnosticados seria bem maior.

VEJA MAIS

Consumo excessivo de energéticos pode causar problemas cardíacos, alerta médico
Cardiologista explica riscos da bebida para o sistema cardiovascular e orienta sobre consumo seguro

Automedicação: prática coloca em risco a saúde mesmo em caso de medicamentos mais 'simples'
“O uso inadequado pode ‘mascarar’ sintomas de alguma doença e causar reações alérgicas”, diz a presidente do Conselho Regional de Farmácia, Carolina Heitmann

Fevereiro Roxo alerta para a importância do suporte emocional a pacientes com doenças crônicas
Para quem convive com a enfermidade, os desafios vão além do tratamento médico, afetando a saúde emocional, a rotina e a qualidade de vida

“A lagochilascaríase não faz parte da lista de doenças negligenciadas da OMS nem das doenças de notificação compulsória. Isso a coloca em uma situação de invisibilidade, o que dificulta seu reconhecimento e o desenvolvimento de políticas públicas para lidar com ela. A conscientização e a educação dos profissionais de saúde são essenciais para melhorar o diagnóstico e o tratamento”, conclui Dr. Carralas.

Eduardo Amoras, diretor de comunicação do Sindmepa, destaca: "A lagochilascaríase é um exemplo de como doenças incomuns, muitas vezes negligenciadas, afetam a população. A falta de diagnósticos precoces e tratamentos específicos agrava o quadro dos pacientes. O SINDMEPA reforça a necessidade de ampliar a vigilância epidemiológica, fortalecer a rede de referência e garantir investimentos em pesquisa e capacitação dos profissionais de saúde. Sem essas medidas, continuaremos a assistir ao sofrimento evitável de pacientes com doenças pouco conhecidas, mas de grande impacto na qualidade de vida."

Embora a doença tenha diminuído em algumas áreas, o Dr. Leão destaca que a lagochilascaríase ainda é uma realidade. Em 2023, por exemplo, um caso foi diagnosticado em uma criança em Santarém, no Pará, após um profissional da saúde ter se deparado com o assunto em um capítulo do livro escrito anteriormente. “Nosso objetivo é estimular estudantes e profissionais da saúde a reconhecerem essa doença e, assim, tratá-la adequadamente. Não estamos falando apenas de médicos, mas também de profissionais de outras áreas, como biomedicina e enfermagem”, finaliza Dr. Leão.

Saúde