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Pará registra queda de 34% no número de partos na adolescência na última década

A tendência de queda acompanha os dados nacionais de partos de mulheres entre 10 a 19 anos

Lucas Quirino
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O Pará, entre os anos de 2013 a 2023, apresentou uma queda no número de partos na adolescência (mulheres entre 10 a 19 anos de idade). De acordo com o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinac), no Ministério da Saúde, em 2023, o estado registrou 24.903 de partos de mulheres entre 10 e 19 anos. Em 2013, foram 38.160, representando uma queda de 34% em 10 anos. 

No Brasil, dados preliminares também indicam queda nos números, conforme aponta o Sinac. No primeiro semestre de 2024, foram realizados 141 mil partos de mulheres entre 10 e 19 anos. Em 2014, no mesmo período, haviam sido 286 mil, de acordo com os dados publicados na Folha de São Paulo. Foi solicitado os dados preliminares do Pará no ano de 2024 para a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), aguardando o retorno. 

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Os dados do Sinac dividiram os números em 3 categorias: menores de 10 anos; 10 a 14 anos; e 15 a 19 anos. Nas faixas também houve redução no número de partos no Pará. Nos anos de 2021 (1 caso) e 2019 (2 casos), houve registros de partos em que a mãe tinha menos de 10 anos. Na faixa de 10 a 14 anos, em 2023, foram 1.435 partos realizados, uma redução de 38% em relação a 2013, que foram registrados 2.342 partos.

Na última faixa, entre 15 a 19 anos, também houve redução na última década. Em 2023, os dados apontaram 23.468 partos de mães na faixa etária citada, 35% a menos que em 2013, que registrou 35.818 partos no Pará. 

Problema de saúde pública

A médica ginecologista Lara Batista, de Belém, afirma que a redução na última década nos registros de partos de mães adolescentes está associada ao aumento do conhecimento e informações desses jovens , ampliação de políticas públicas, acesso com mais facilidade aos diversos métodos contraceptivos. 

Mas, a médica explica que a gravidez na adolescência é um problema de saúde pública, com o enfrentamento devendo ser uma tarefa de toda a sociedade - de profissionais dos sistemas de saúde, da educação, da justiça, da segurança pública, agentes políticos e também das famílias. 

"É fundamental que setores da saúde, da educação, da assistência social e da justiça trabalhem juntos para desenvolver programas que protejam e informem de modo adequado todos os jovens meninos e meninas, a fim de que a gravidez seja uma decisão pensada e refletida por um casal mais amadurecido, disseminando informações sobre medidas preventivas e educativas que contribuam para a redução da incidência da gravidez na adolescência", diz a médica.

Entre os inúmeros impactos que uma gestação prematura trás, Lara Batista aponta que "a gestação na adolescência está associada a maiores riscos de partos prematuros, de recém-nascidos com baixo peso, de quadros de eclampsia, transtornos mentais, como a depressão, e de morte devido a complicações decorrentes de abortos inseguros ou da gravidez e do parto", disse.

Lara Batista conclui que além de colocar em perigo a saúde da adolescente e do bebé, a gestação não planejada gera inúmeros outros prejuízos, como evasão escolar e vulnerabilidade social. Por estar associada a maior risco de abandono escolar e, consequentemente, à perda de oportunidades de empregos, assim a gravidez precoce torna-se um problema social.

Impactos na saúde mental

A psicóloga Rafaela Guedes, especialista em atendimento a crianças e adolescentes, de Belém, explica que a gravidez na infância ou adolescência gera impactos significativos na saúde mental. "Ela acarreta uma série de perdas da própria infância em si, dos laços sociais, porque os amiguinhos e os adolescentes, alguns vão se afastar. Dos projetos de vida, no caso da adolescência, a faculdade que ela vou cursar, colégio que ela irá. Pode gerar a perdas de projetos, de ideais de vida, de sonhos, que são impactados pela chegada de uma nova vida que demanda cuidados muito específicos e responsabilidades muito grandes. Em geral, esses impáctos podem desencadear em depressão, transtornos de ansiedade, em alguns casos até transtorno de estresse", disse

A especialista afirma que a abordagem acerca da oreintação sexual deve ser clara e objetiva, sempre respeitando o conhecimento que a criança e adolescente têm. "Sem acrescentar informações a mais e sem tratar a própria sexualidade, que é do humano, como tabu", ressalta Rafaela Guedes.

Região Norte

A última década representou redução de 33% nos partos de mães entre 15 a 19 anos. No ano de 2023, o Sinac indica que foram realizados 51.820 partos, contra 77.807 realizados em 2013. Seguindo a mesma linha de redução, na faixa etária de 10 a 14, a redução foi de 35%, com uma queda de 5.209 em 2013, para 3.361 no ano de 2023.

Lucas Quirino (Estagiário sob supervisão de Fabiana Batista, coordenadora do núcleo de Atualidade)

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