Implante dentário inflamado? Pesquisadores produzem material biodegradável para controle do problema
O produto foi desenvolvido por cientistas da Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas (FOP-Unicamp)
Pesquisadores da Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas (FOP-Unicamp) desenvolveram um material biodegradável eficaz para o combate de inflamações em implantes dentários. Chamado de PCL-MIP@FT, o produto foi criado por Raphael Cavalcante Costa, doutorando da instituição, com demais colegas e sob supervisão do professor Valentim Brandão. A publicação do estudo ocorreu na revista Advanced Functional Materials.
VEJA MAIS
O PCL-MIP@FT é feito de policaprolactona (PCL), substância usada, também, para estimular a produção de colágeno na pele — responsável pela firmeza e elasticidade do órgão. O produto libera vitamina B9, chamada de folato. Ao entrar em contato com as células da gengiva humana, a vitamina modula o processo inflamatório.
“Assim, por meio de uma abordagem multidisciplinar, o polímero impresso recém-desenvolvido viabilizou a aplicação do folato como um agente imunomodulador nos tecidos peri-implantares [em torno da área operada], garantindo concentração e tempo de exposição ideais para o controle da fase ativa da inflamação ao redor dos implantes dentários”, fala Raphael. De acordo com o pesquisador, o biomaterial utiliza a técnica de impressão molecular e promove liberação de folato de maneira controlada, conforme à variação do pH gengival. O pH, normalmente, é de 7,4 e, quando há inflamação no tecido, fica entre 5 e 6.
O produto biodegradável pode liberar vitamina B9 durante 14 dias em contato com o tecido ácido (pH entre 5 e 6), em concentração de 1 micrograma por litro (1 μg/mL). A ação na área inflamada ao redor do implante é classificada como terapêutica.
O diferencial do PCL-MIP@FT está na maneira em que a substância é liberada no organismo: o folato ocorre de forma local e quando há sinal de inflamação, com base na variação do pH. “Além disso, o material foca no controle da inflamação, ponto-chave para controlar a progressão da doença e a destruição tecidual decorrente de infecções relacionadas a implantes. Ressalta-se que o polímero é biodegradável, sendo completamente eliminado após um período de 60 dias, o que evita efeitos adversos causados por sua permanência no local”, explica Raphael.
O projeto contou com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp). Clique aqui e confira o estudo completo em inglês.
(*Lívia Ximenes, estagiária sob supervisão de Enderson Oliveira, editor de OLiberal.com)
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA