Carne podre no mercado: como identificar e evitar riscos à saúde
Policiais civis realizaram diligências da Operação Carne Fraca na última quarta-feira (22) e prenderam quatro pessoas em flagrante por revenderem carne que foi encontrada durante as enchentes no Rio Grande do Sul
Uma empresa que funciona em Três Rios, município no centro-sul fluminense, no Rio de Janeiro, é suspeita de revender carne que foi encontrada estragada durante as enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul em maio de 2024. Policiais civis, da Delegacia do Consumidor, realizaram diligências da Operação Carne Fraca na última quarta-feira (22) e prenderam quatro pessoas em flagrante. Segundo os investigadores, as carnes chegaram a ficar submersas.
Com isso, saber identificar se a carne está estragada é fundamental para garantir a segurança alimentar e prevenir problemas de saúde. O consumo de carne deteriorada pode levar a intoxicações alimentares graves, que podem resultar em hospitalizações e complicações sérias. Por isso, é essencial que os consumidores estejam atentos a diversos sinais que indicam que o alimento não está próprio para o consumo.
VEJA MAIS
Um dos primeiros aspectos a serem observados é o cheiro da carne. Carnes frescas têm um odor suave e característico, que pode variar conforme o tipo de carne. No entanto, se você perceber um cheiro forte, azedo ou de mofo, isso é um sinal claro de que a carne está estragada. O olfato é uma ferramenta poderosa na identificação de alimentos impróprios, e não se deve ignorar esse alerta. Sempre faça uma inspeção olfativa antes de decidir consumir qualquer tipo de carne.
Outro ponto importante a considerar é a cor da carne. A coloração pode variar entre os diferentes tipos de carne, mas, em geral, carnes frescas apresentam tons vibrantes: a carne bovina deve ser avermelhada, o frango deve ter uma coloração rosada e o peixe deve ser translúcido. Se você notar que a carne está escura, esverdeada ou apresenta manchas amareladas, isso pode indicar contaminação ou deterioração. Além disso, preste atenção à presença de líquidos escuros ou viscosos na embalagem, que também são sinais de que o produto não está em boas condições.
A textura da carne é outro fator crucial na avaliação de sua qualidade. Ao tocar a carne (com as mãos limpas), verifique se ela apresenta uma textura viscosa ou pegajosa. Essas características são indicadores que bactérias começaram a se proliferar. A carne fresca deve ser firme ao toque e não deve grudar nos dedos. Se você sentir uma textura estranha ou incomum, é melhor não arriscar e descartar o produto.
Além dos aspectos sensoriais, sempre verifique a data de validade impressa na embalagem e as condições de armazenamento do produto. Carnes devem ser mantidas em temperaturas adequadas para evitar a proliferação de microrganismos nocivos. Se você tiver dúvidas sobre o transporte ou armazenamento do produto antes da compra — por exemplo, se ele foi deixado fora da refrigeração por muito tempo — é mais seguro optar por não consumi-lo.
Tá na lei!
Os frigoríficos devem seguir diversas legislações que regulam o tratamento da carcaça bovina após o abate, visando garantir a qualidade do produto final para o consumidor. Essas normas estabelecem cuidados rigorosos em relação à temperatura e ao controle de contaminações.
Conforme a portaria n° 304, de 1996, do Ministério da Agricultura e Pecuária, as carnes devem ser entregues pelos frigoríficos com temperaturas que não ultrapassem 7°C. A temperatura varia conforme o tipo de carne: carnes com ossos devem ser mantidas entre 2°C e 7°C; carnes congeladas devem estar a -12°C; e aquelas destinadas à exportação devem ser armazenadas a -18°C. Além disso, o decreto n° 30.691, de 1952, proíbe o retorno à câmara fria de produtos que foram retirados e expostos à temperatura ambiente por um período.
Todas as carcaças, órgãos e vísceras precisam ser resfriados ou congelados antes de serem armazenados em câmaras frigoríficas e durante o transporte, conforme estipulado pelo decreto n° 9.013, de 2017, da Secretaria-Geral da República. Essa etapa é crucial para evitar a proliferação de bactérias e garantir a segurança alimentar.
De acordo com o decreto n° 9.013, de 2017, da Secretaria-Geral da República, é proibido colocar carnes diretamente sobre o piso. Em situações onde produtos apresentem doenças contagiosas, é necessário realizar uma desinfecção do ambiente para prevenir a contaminação cruzada.
Além disso, carcaças e órgãos que apresentem aparência repugnante, coloração anormal ou degenerações devem ser rejeitados. O mesmo se aplica a carnes em processo de putrefação que exalem odores anormais, como medicamentosos, urinários, sexuais ou excrementícios.
*(Pedro Garcia, estagiário de jornalismo, sob supervisão de Felipe Saraiva, editor web de OLiberal.com)