Reprodução em cativeiro de animais em risco dá esperança ao futuro

Animais que estão hoje no Parque Zoobotânico Vale, em Carajás, em grande parte foram entregues por órgãos ambientais

O Liberal
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Relatório divulgado em julho pelo Painel Científico para a Amazônia (SPA, sigla em inglês) apontou que mais de 10 mil espécies de plantas e animais correm o risco de extinção devido à destruição da floresta amazônica – 35% da qual já foi desmatada ou degradada. A publicação de 33 capítulos reuniu pesquisas sobre a maior floresta tropical do mundo de 200 cientistas ao redor do globo e reforçou a importância desse bioma no combate as mudanças climáticas.

Neste 5 de setembro, data em que se celebra a Amazônia, trabalho desenvolvido pelos parques e zoológicos objetiva a conservação das espécies, a exemplo dos programas de reprodução de espécies em cativeiro. No sudeste do Pará, município de Parauapebas, o Parque Zoobotânico Vale (PZV), registra desde 2013, o nascimento de filhotes de espécies da fauna amazônica, inclusive daquelas ameaçadas de extinção. Já foram alcançados importantes resultados, como o nascimento de filhotes de urubu-rei, onça-pintada e harpia. O PZV foi o primeiro zoológico no país a ter sucesso reprodutivo com harpia em recinto numa área de exposição. O nascimento da harpia foi registrado em 2015.

image Em Parauapebas, o Parque Zoobotânico Vale registra o nascimento de filhotes, como da onça-pintada (Salviano Machado / Divulgação)

Recentemente, foi registrado nascimento de dois filhotes de ararajubas (Guaruba guarouba). Pequenas aves que ostentam o verde e o amarelo-ouro em sua plumagem. As ararajubas são habitantes das florestas úmidas, mais especificamente na área que se estende do estado do Maranhão até o Amazonas, a espécie está ameaçada de extinção em decorrência do aumento do desmatamento na Amazônia e do tráfico de animais silvestres. Diante deste cenário, sua reprodução em cativeiro é fundamental para a conservação da espécie e, por isso, cada nova ninhada no zoológico é comemorada por biólogos e pesquisadores. Os filhotes agora fazem parte do plantel que reúne 13 exemplares do parque, incluindo seus pais.

“A ararajuba ocorria em Belém mas, a partir dos anos 50, deixou de existir com a expansão da cidade e o tráfico. O governo do Pará tem um programa para reintroduzir a espécie na capital e nós somos parceiros dessa iniciativa”, explica Tarcísio Rodrigues, biólogo do PZV.

Ninhos artificiais

No setor de reprodução do Parque, são formados casais com o objetivo de gerar filhotes, em ninhos artificiais. “Em 2019 enviamos três filhotes nascidos aqui, que foram soltos em Belém”, conta o biólogo, destacando a importância dos nascimentos em cativeiro, momento que é celebrado por todos da equipe, pois comprova que o recinto está ‘saudável’, a alimentação está adequada e todos os esforços da equipe estão no caminho certo. "Mais gratificante ainda é quando conseguimos sucesso na reprodução de espécies raras e/ou ameaçadas, pois esses novos indivíduos futuramente podem ser destinados a outros zoológicos para serem pareados e continuar em programas de reprodução sob cuidados humanos ou quem sabe um dia voltar a reintegrar à natureza”.

Os animais que estão hoje no Parque Zoobotânico Vale, em Carajás, em grande parte foram entregues por órgãos ambientais, como o Ibama, ICMBio e Semas vindos de apreensões ou entrega voluntária de criações ilegais. Também vieram de permuta com outros zoológicos do país ou nasceram em cativeiro no próprio parque. No PZV, eles recebem acompanhamento diário dos tratadores de animais e atendimento veterinário.

O espaço contribui com a conservação das espécies, servindo como estoque genético e formando profissionais especializados para trabalhar em benefício da preservação da fauna e flora brasileira, dentro do Programa de Manejo Reprodutivo para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção e Relevância Biológica.

Conservação

O parque também faz parte do programa nacional de conservação da espécie sob cuidados humanos, juntamente com a Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB), ICMBio e MMA. Recentemente o parque enviou dois animais (onça-pintada melânica e urubu-rei) para o GramadoZoo, no Rio de Grande do Sul e uma onça-pintada melânica para o Parque Ecológico Municipal de Americana (SP).

Em virtude da pandemia, o parque está fechado para visitação desde março do ano passado. Porém, é possível fazer um tour virtual. O ambiente proporciona a experiência de visitar, os principais recintos, os animais, a botânica do local, além de algumas curiosidades do espaço. O tour virtual está disponível no vale.com/pzv. O Parque conta com aproximadamente 360 animais, distribuídos em mais de 70 espécies de aves, mamíferos e répteis, incluindo algumas raras ou ameaçadas de extinção, como o gavião-real, ararajuba, onça pintada, suçuarana, macaco-aranha-da-testa-branca e macaco cuxiú.

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