'Faz muito sentido a mensagem do governador', diz analista sobre Helder convidar Trump à COP 30

Gustavo Freitas ressalta que, para falar de meio ambeinte, é preciso ter a maior potência do planeta participando

Elisa Vaz
fonte

No dia da posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Republicanos), nesta segunda-feira (20), o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), convidou oficialmente o mandatário para estar presente em Belém durante a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), no mês de novembro. Segundo o governador, “os Estados Unidos são a maior potência econômica mundial, o maior parceiro do Brasil nas Américas. Saudamos a posse do presidente Donald Trump”.

Em entrevista à Liberal+ nesta segunda-feira (20), o analista de política internacional do Grupo Liberal, Gustavo Freitas, mencionou que o republicano sempre foi muito “cético” em relação a temas ambientais. “Ele vai acabar com vários decretos de Biden voltados ao meio ambiente, inclusive uma política de incentivo a carros elétricos. Mas faz muito sentido a mensagem do governador porque, para falar de meio ambeinte, você tem que ter a maior potência do planeta participando. É improvável que ele venha, mas que mande representantes do alto escalão para manter a conversa”.

O cientista político Rodolfo Marques ressalta que o governo Trump sempre manteve um histórico descrédito em relação às questões ambientais e coloca a questão em segundo plano. Certamente, segundo ele, continuará com essa postura no segundo mandato. “Trump deve seguir com aquela ideia da exploração de combustíveis fósseis. Essa postura pode enfraquecer um pouco a pressão internacional sobre o Brasil em relação à preservação da Amazônia”, opina.

Com a COP 30 sendo realizada na Amazônia, o tema passa a ser um ponto de atenção entre os países, na avaliação do estudioso. Marques reforça que isso pode se refletir na dinâmica entre o Pará e os Estados Unidos. Ele espera, por exemplo, logo no início do novo governo, um enfraquecimento do debate ambiental nos Estados Unidos, fragilizando um pouco esta agenda a nível global.

Articulação política

A bancada paraense no Congresso Nacional tem boas expectativas em relação ao novo mandato de Trump, como é o caso do deputado federal Joaquim Passarinho (PL-PA), ouvido pelo Grupo Liberal. “O presidente Trump é liberal, tem seus negócios e é a favor do empreendedorismo e da relação comercial. A relação que manda no mundo é comercial, e é uma linha que já está se colocando, de desenvolvimento, e o Brasil precisa disso para poder crescer”, pontua ele, que esteve na posse nesta segunda-feira (20).

VEJA MAIS

image Com posse de Trump nos EUA, setor industrial paraense prevê quedas nas exportações
A reeleição tem gerado certo receio, porém, é unânime entre os setores, inclusive políticos, aguardar os desdobramentos antes de dar mais detalhes.

image Trump presta juramento e toma posse como 47º presidente dos Estados Unidos
Diversas personalidades participam da cerimônia de posse do presidente

Em relação à atuação dos parlamentares nas Casas de Lei, criando propostas que fortaleçam as relações entre Pará e Estados Unidos, Passarinho diz que depende mais do governo estadual. “O nosso sucesso vai depender se o governo quer fazer uma agenda de desenvolvimento, será muito difícil se quiser uma agenda de proteção ambiental. Se ele quiser ajuda e usar o Parlamento para aproximar, estamos à disposição”, cita.

Algumas mudanças que o deputado cita e que podem ser apreciadas pela Câmara têm relação com o agronegócio. Um exemplo é em relação à exportação de boi em pé. Ele defende que a carne bovina já seja enviada processada e embalada. Da mesma forma, em vez de exportar soja, ele quer que seja exportado o produto final, como óleo de soja, também processado. Dessa forma, Passarinho explica que há mais valor agregado.

Relações políticas e comerciais

Analista de política internacional do Grupo Liberal, Gustavo Freitas concedeu uma entrevista à Liberal+, nesta segunda-feira (20), e afirmou que é importante para os Estados Unidos manter uma relação próxima com o Brasil. “Os Estados Unidos estão vendo, cada vez mais, crescer a influência da China na América do Sul. Hoje a China é o principal parceiro comercial de todos os países da América do Sul, então ter o Brasil ao seu lado é muito importante estrategicamente”.

Já para o cientista político Rodolfo Marques, o segundo mandato do republicano Donald Trump como presidente dos Estados Unidos terá que aprofundar algumas questões importantes em relação ao contexto diplomático e também no campo das relações econômicas entre os países. Em relação ao Brasil, precisará aprofundar uma relação mais alinhada a um pragmatismo e até um certo grau de frieza, principalmente pelo fato de que o governante local é mais alinhado ao centro-esquerda: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Quando se fala de um estado como o Pará, que tem uma economia muito sustentada nas exportações de minério e no agronegócio, uma postura mais unilateral de Trump pode significar menos flexibilidade para negociações que beneficiem regiões específicas, como é o caso do Brasil e do Pará. O Estado tem grande destaque na exportação de minérios e esse certo pragmatismo pode ter um grande impacto. A tendência é que o Brasil consiga se reorganizar e se realinhar a essa nova postura de Trump”, adianta.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Política
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

RELACIONADAS EM POLÍTICA

MAIS LIDAS EM POLÍTICA