Governador culpa Sérgio Moro por tráfico de drogas

Para Ibaneis Rocha, 'segurança pública não é só responsabilidade do Distrito Federal, é responsabilidade de todos'

Redação Integrada

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), afirmou em entrevista à TV Globo, nesta terça-feira (3), que o problema do tráfico de drogas na capital "é culpa do [ministro da Justiça e Segurança Pública] Sérgio Moro". A declaração é a mais recente das críticas feitas pelo chefe do Executivo local ao governo federal.

No mês passado, o emedebista disparou críticas ao pedido do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para que os estados zerassem o ICMS de combustíveis. Em outro caso, "repudiou" a transferência de líderes de facções criminosas ao DF.

Ao fazer balanço da gestão até então, Ibaneis disse que "segurança pública não é só responsabilidade do Distrito Federal, é responsabilidade de todos". Além disso, afirmou que "o tráfico de entorpecentes em toda a cidade é que gera a maioria dos crimes".

"A grande discussão é essa. O roubo de carros aqui é para transformar em drogas. Tudo aqui está girando em torno das drogas. A droga vem da fronteira. A culpa é do doutor Sérgio Moro", disse.

Por meio de nota, o Ministério da Justiça informou que "atua de forma ostensiva para combater o tráfico" e que "além de isolar chefes de facções, tirou dinheiro das mãos de criminosos, leiloando os bens deles". A pasta afirma ainda que "bateu recordes de apreensão de drogas por meio da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal".

O governador falou sobre o tráfico de drogas após ser questionado sobre o caso do professor de 25 anos esfaqueado a caminho do trabalho, na segunda-feira (2). O crime foi flagrado por reportagem da TV Globo. "Eu não tenho condições de ter um policial em cada parada de ônibus. Nós temos um problema de tráfico de drogas na cidade toda", afirmou.

Sobre o tema da segurança pública, o governador afirmou que "está fazendo sua parte". Durante a entrevista, ele anunciou um projeto de lei que visa instituir no DF uma polícia distrital - que ficaria responsável pela segurança das regiões administrativas.

Facções

O principal ponto de divergência entre Ibaneis e o ministro Sérgio Moro é a presença de líderes de facções criminosas na Penitenciária Federal de Brasília. Em março do ano passado, a unidade começou a receber detentos de outros estados, como parte de uma operação conjunta dos órgãos de segurança pública do governo federal.

À ocasião, o governador do DF disse "repudiar" a medida, defendendo que os detidos "precisam de isolamento". O chefe do Buriti voltou a criticar a situação em fevereiro deste ano, quando o Ministério da Justiça autorizou o uso das Forças Armadas na segurança externa da penitenciária. Segundo Ibaneis, o GDF não chegou a ser informado sobre a medida.

"Como que você edita um decreto dessa envergadura, quase que declarando um estado de emergência policial em relação ao presídio, e eu não tenho conhecimento de nada? Como eu vou dar segurança para a população do DF?", disse Ibaneis na ocasião.

O governador chegou até a pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) a transferência dos presos perigosos para presídios fora do DF. Na ação, Ibaneis disse que o governo federal está "colocando em risco a população do DF". No entanto, o pedido foi negado pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso.

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