‘Enterro da anistia’: Bolsonaristas fazem cálculo político após atentado em Brasília
Deputados do PL negociam na Câmara uma possível anistia para envolvidos no 8 de janeiro e para Bolsonaro; homem que jogou explosivos contra STF era bolsonarista e foi candidato a vereador pelo partido do ex-presidente.
Após o atentado na praça dos Três Poderes na noite de ontem (13/11), deputados bolsonaristas afirmaram em grupos de WhatsApp que o episódio deve prejudicar a tramitação, na Câmara dos Deputados, do projeto de lei que dá anistia aos condenados pela tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023. Essa interpretação ocorre porque Francisco Wanderley Luiz, que planejou o ataque com explosivos contra o Supremo Tribunal Federal (STF), era ex-candidato a vereador pelo PL e apoiador do ex-presidente.
Segundo informações da Folha de São Paulo, o deputado Gustavo Gayer (PL-GO) enviou a imagem do homem que provocou as explosões em um grupo com deputados da oposição. "Parece que foi esse cara mesmo. Agora vão enterrar a anistia. Pqp", escreveu.
O deputado Capitão Alden (PL-BA) respondeu dizendo que "lá se foi qualquer possibilidade de aprovar a anistia". Ele afirmou ter certeza que o inquérito das fakes news será prorrogado após o episódio.
Em outro grupo, o deputado Eli Borges (PL-TO) escreveu "se tentou ajudar atrapalhou". "Agora o Xandão vai dizer: ‘é a prova que o 8 de janeiro era necessário’".
O projeto de lei que propõe anistia aos condenados pelos eventos de 8 de janeiro é uma pauta prioritária para apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em entrevista ao portal Metrópoles, Bolsonaro descreveu o homem responsável pelas explosões em Brasília como um "maluco" e afirmou não ter "a menor ideia" de quem ele era. "Talvez tenha deixado algo escrito ou gravado", declarou o ex-presidente.
O homem, identificado como Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, trabalhava como chaveiro e foi candidato a vereador pelo PL em 2020, usando o nome Tiü França, em Rio do Sul (SC), mas não foi eleito. Antes de falecer, ele divulgou diversas mensagens sobre o ataque, misturando declarações com teor político e religioso.
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No final de outubro, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), retirou a proposta de anistia do 8 de janeiro da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e anunciou a formação de uma comissão especial para analisar o projeto — que ainda não foi formalizada.
O próprio Bolsonaro, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, mencionou a anistia relacionada ao 8 de janeiro.
“Anistia para o 8 de janeiro. A minha [anistia] tem um prazo certo para tomar certas decisões. Acredito que o Trump gostaria que eu fosse elegível. Ele que vai ter que dizer isso aí, mesmo que tivesse conversado com ele, não falaria. [Mas] tenho certeza de que ele gostaria que eu viesse [a ser] candidato", afirmou.
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