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Especialistas paraenses avaliam impactos ao Pará com a vitória de Donald Trump 

Mercado financeiro brasileiro apresentou instabilidade com o resultado das eleições

Emilly Melo e Iury Costa*
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A eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos causou grande repercussão nacional e internacional em diversos setores. No Pará, especialistas avaliam que a vitória do candidato Republicano pode gerar impactos econômicos em algumas atividades, sobretudo na exportação de matéria-prima.

“Caso Trump adote políticas protecionistas ou restrinja importações de commodities, setores como a mineração e a agricultura (especialmente soja e carne bovina) podem ser afetados, pois dependem de exportações. Por outro lado, se houver uma maior demanda por minerais para infraestrutura nos EUA, a mineração poderia se beneficiar com aumento de exportação. Questões ambientais também são sensíveis, pois Trump tem um histórico de menor regulação ambiental, o que poderia aliviar pressões externas sobre o desmatamento na Amazônia, influenciando a economia local”, afirma o economista, consultor e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Pará e Amapá (Corecon-PA/AP), Nélio Bordalo Filho.

O economista explica que a reação do mercado financeiro, a exemplo da disparada do dólar, é resultado de uma combinação de fatores. “Expectativas de políticas econômicas mais agressivas e principalmente por ter provocado um aumento expressivo nos juros futuros americanos e, como consequência, o dólar também disparou frente a outras moedas no mundo todo”, avalia Bordalo.

Neste cenário dinâmico e de incertezas econômicas trazidas pela eleição americana, Nélio propõe algumas estratégias para fortalecer a economia do Pará a longo prazo. “O governo do Pará pode adotar medidas para diversificar sua base econômica e reduzir a dependência de exportações vulneráveis. Investir em infraestrutura e incentivar a produção de valor agregado, como alimentos processados, são passos fundamentais. Além disso, estabelecer parcerias comerciais internacionais e estimular a economia verde atrairá investimentos sustentáveis”, declara Nélio.

Já o economista Mário Tito Almeida também segue uma análise similar à de Bordalo em relação às commodities paraenses, mas ressalta que, atualmente, o maior parceiro comercial do Pará é a China, em seguida aparecem os Estados Unidos.

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“Espera-se que, num primeiro momento, não haja uma mudança significativa nas relações econômicas do estado com os Estados Unidos. No entanto, a economia paraense tem como base as commodities, o que também gera uma pressão sobre o estado, pois, ao depender da exportação dessas commodities, como minerais, soja e outros produtos, é necessário estar atento a possíveis quedas nos preços dessas mercadorias. Isso poderia resultar em menores lucros para quem exporta, caso as commodities se tornem mais baratas, o que merece atenção no cenário atual”, ressalta Almeida.

Por outro lado, o economista destaca que, apesar de diferenças políticas e ideológicas, o campo econômico tende a negociar de maneira pragmática, ou seja, com foco na expansão e lucro. “Essa perspectiva racional pode ajudar a manter as relações comerciais estáveis, independentemente de quem esteja no governo, seja Biden, Trump, ou qualquer outro presidente. O importante é manter uma abordagem racional no comércio, sem se envolver em disputas ideológicas”, aponta Mário Tito.

O diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), Guilherme Minssen, afirma que a eleição de candidatos republicanos costuma favorecer o Brasil, especialmente com as limitações norte-americanas às importações chinesas, beneficiando o agronegócio brasileiro.

“Os Estados Unidos também importam do Brasil uma vasta gama de produtos, incluindo carnes, que fazem parte da verticalização da produção. O Brasil, com sua produção, acaba fornecendo carne para os americanos. Já a commodity soja é impactada por diversas bolsas de commodities que compram e precisam dessa importante proteína. A soja é a forma mais acessível de chegar à proteína de alta qualidade, especialmente para a nutrição de animais de médio porte, como na avicultura e suinocultura, que dependem bastante da soja e também do milho. Esses produtos têm grande influência”, detalha Minssen. (*Iury Costa, estagiário, sob coordenação de Keila Ferreira, coordenadora do caderno de Política)

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