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Deputada federal afirma preocupação com soberania brasileira a partir de eventos realizados em Belém

Sílvia Waiãpi, do PL do Amapá, destacou em entrevista exclusiva ao Grupo Liberal que é preciso manter o protagonismo dos povos da região

O Liberal

A pauta ambiental, com foco na Amazônia, tem sido o grande ponto de discussões nos últimos dias em Belém. Com o começo das programações oficiais da Cúpula da Amazônia, diversos políticos estão cumprindo agenda na capital do Pará para analisar o cenário e debater ações para a população da região. Entre eles, a deputada federal Sílvia Waiãpi (PL/AP), que concedeu entrevista exclusiva ao Grupo Liberal nesta segunda-feira (07). Ela falou sobre os desafios de manter a soberania do Brasil e a importância de ter a floresta como protagonista.

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A parlamentar faz parte do Parlamento Amazônico (Parlamaz), espaço que reúne políticos dos oito países da América do Sul que têm a Amazônia como parte de seu território. Uma reunião foi realizada também na segunda-feira para que os encaminhamentos necessários sejam enviados e discutidos na Cúpula. O último evento que reuniu os representantes das nações ocorreu em abril deste ano, também em Belém. Entretanto, durante a entrevista, Sílvia destacou que, antes de qualquer decisão ou qualquer evento internacional, é preciso analisar quais os benefícios para o país, a fim de evitar interferência internacional.

“Nós sempre devemos pensar na nossa realidade. Nós somos uma nação soberana. Então, até que ponto um evento como esse pode permitir ou franquear uma facilidade para que organismos internacionais ou outras nações comecem a impor a sua vontade sobre esse território? Muitas das vezes nós vemos que outras nações tentam dominar outros países, a fim de explorá-los, a fim de obter sobre este solo vantagens”, pontuou a deputada.

Nesse sentido, segundo ela, alguns parlamentares encaminharam um documento que fez parte de um acordo firmado em Genebra, no ano de 1981. O texto tira a floresta da responsabilidade dos países amazônicos e transfere para a “humanidade”. “Eu pedi a investigação deste documento, já que ele foi traduzido para o português em um cartório em São Paulo. Eu já pedi para que verificassem neste cartório sobre este documento. Porém, todas as temáticas que estão nele, elas meio que foram cumpridas ao longo do tempo, desde a década de 80 até esse momento”.

“Esse documento tem vários organismos internacionais fazendo parte dele, eu vou citar apenas alguns nomes: o Comitê Internacional em Defesa da Amazônia, o Instituto Indígena Interamericano, o Instituto Internacional Survival e vários outros grupos. Eles contemplam, em cima dessa política, países como a Colômbia, Peru e Brasil, inicialmente. Dentro deste documento eles falam que a Amazônia, que pertence ao território venezuelano, colombiano, peruano e brasileiro, eles são considerados patrimônios da humanidade e o povo que nele habita não deve pertencer aos países do qual o mantém como território”, acrescentou Sílvia.

A deputada explica que o objetivo do texto é roubar da população o pertencimento e a cidadania, além de haver precedente para a punição em caso de descumprimento das regras. “O que é de mais estarrecedor quando nós terminamos de ler um documento traduzido do alemão para o português é ver que essa expressão, essa forma de atuar na Amazônia brasileira, rouba a dignidade do nosso povo. Nós temos no norte organizações que se instalaram e se aproveitam da pobreza da população, nós não podemos derrubar uma árvore que seremos multados e perderemos nossa propriedade”.

Na opinião de Waiãpi, há uma interferência em relação à soberania do Brasil. “Nós devemos pensar como uma nação e um documento como esse que diz que a Amazônia não pertence a nós. O Brasil detém a maior parte territorial da Amazônia e dizer que ela não pertence ao povo brasileiro é um atentado contra a soberania, contra a dignidade do nosso povo e o mais importante quando vemos um documento como esse é entender que o período da pandemia revelou uma fragilidade no nosso país”, finaliza Sílvia, fazendo referência a dependência de fertilizante vindo da Rússia.

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