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CPI das ONGs: deputada acusa ONG de impedir energia elétrica em aldeia

Sílvia Waiãpi apresentou um depoimento gravado em vídeo de uma indígena waiãpi, não identificada, reclamando que o Iepé "não quer energia elétrica nem internet" na comunidade

O Liberal

A deputada federal Sílvia Waiãpi (PL-AP) depôs à CPI das ONGs nesta terça-feira (1). Durante mais de oito horas, a parlamentar acusou organizações não governamentais de atuarem em conluio com servidores do poder público e judiciário da Amazônia. Sílvia centralizou suas denúncias na atuação do Instituto Iepé, ONG que trabalha com comunidades indígenas no Pará e no Amapá e que, de acordo com Sílvia, estaria impedindo a chegada de energia elétrica na aldeia Waiãpi.


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Durante sua declaração, Sílvia exibiu documentos com informações sobre financiamento do Instituto Iepé. Os comprovantes mostram o repasse de verbas ao instituto, feito por diversos blocos econômicos, como a União Europeia, alguns países como Noruega e França, além de fundações internacionais como Ford, Nature Conservancy e Rainforest Foundation.

”O Iepé recebe dinheiro das embaixadas da França e Noruega, da Comissão Europeia, da Agência Francesa de Desenvolvimento, da Fundação Ford, da Nature Conservancy, da Rainforest Foundation, da Fundação Gordon & Betty Moore, do Internews, Fundo Lira, do GLA (Green Livelihood Alliance), da Nature Conservancy, Talmapais Trust e outras organizações estrangeiras. A mesma ONG que impede os waiãpi de terem energia elétrica em sua comunidade”, denunciou a deputada.

A deputada apresentou um depoimento gravado em vídeo de uma indígena waiãpi, que não foi identificada, reclamando que o Iepé "não quer energia elétrica nem internet" na comunidade, algo que a organização nega. Sílvia disse que a falta de energia elétrica prejudica o funcionamento regular de um posto de saúde situado na comunidade. A indígena do vídeo, que estava grávida, acabou perdendo a criança devido ao atendimento precário, segundo Sílvia Waiãpi, responsabilizando a ONG.

No vídeo, a indígena anônima também reclama ter outros problemas de saúde, que acabam sem assistência adequada devido à falta de energia elétrica. Já Sílvia Waiãpi também relatou que recentemente uma sobrinha sua, que ainda mora na comunidade, teria morrido por falta de tratamento adequado. A deputada reclama que o Instituto Iepé, em conluio com agentes públicos, na prática impedem o desenvolvimento socioeconômico dos waiãpi, a pretexto de uma pretensa "preservação cultural".

Mais denúncias

Respondendo a perguntas do relator, senador Marcio Bittar (União-AC), Sílvia ainda disse que fundações estrangeiras, como a Fundação Ford, que financiam viagens internacionais e, por conseguinte, a atuação política de lideranças indígenas para que critiquem o agro brasileiro e outras situações relacionadas ao Brasil em fóruns internacionais e nacionais.

Para o presidente da CPI, senador Plínio Valério (PSDB-AM), as ONGs só conseguem "tamanho poder" de influenciar diretamente as políticas públicas da região devido a um conluio com funcionários públicos. Uma aliança, segundo o senador, que estaria impedindo, por exemplo, a realização de obras de infraestrutura na região Norte, sob alegações preservacionistas. Plínio Valério também crê que o "conluio" visa reservar a exploração de riquezas minerais da Amazônia para o futuro, em detrimento do Brasil.

“As ONGs só tem esse poder porque estão aliadas a partes do Judiciário. Tem sempre um desembargador, um ministro, um juiz pra conceder uma liminar pra qualquer ONG, se encontrar um caco de cerâmica, existente ou "plantado" na região, e paralisa (os trabalhos). Isso está ocorrendo por exemplo em regiões da Amazônia ricas em potássio”, protestou.

A deputada ainda questionou porque o aparato estatal mobilizado na repressão aos crimes ambientais não é replicado no combate a outros crimes. Sílvia observou que enquanto atividades ligadas ao agronegócio são reprimidas, o narcotráfico atua "livremente" na Amazônia.

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