Campanhas acirradas e foco em ‘estados pêndulos’ deve marcar reta final das eleições nos EUA

Internacionalista paraense avalia o cenário político norte-americano nos últimos dias antes das eleições presidenciais

Emilly Melo
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Os cidadãos norte-americanos entram na reta final para a escolha do próximo presidente dos Estados Unidos, no dia 5 de novembro deste ano. Nas próximas três semanas, o cenário político do país deve ser marcado por movimentações intensas de campanhas entre os candidatos dos partidos Democrata, sendo representado por Kamala Harris, e Republicano, pelo ex-presidente Donald Trump.

Na análise da doutora Tienay Costa, internacionalista, cientista política e professora da Universidade do Estado do Pará (Uepa), a expectativa para os próximos dias é de campanha acirrada e tentativa de captação da faixa do eleitorado que ainda está indeciso.

Segundo a internacionalista, o cenário político estadunidense sofreu influência direta de dois acontecimentos: o atentado ao candidato Donald Trump durante um comício e a desistência da candidatura de Joe Biden. Nesta corrida presidencial, o Partido Democrata precisou reorganizar a sua estratégia política para enfrentar Trump.

“A reorganização da estratégia do Partido Democrata e a escolha de Kamala Harris para a disputa coloca os estadunidenses diante da incerteza: retomar a um governo extremista com tendências isolacionistas, ou, apostar em um governo simbolicamente alinhado à renovação”, diz a paraense.

Para a professora, neste período deve se aprofundar os discursos em torno das pautas já consolidadas que configuram as diferentes posições entre os partidos, mas também os acontecimentos recentes devem influenciar na atração de novos eleitores, como é o caso do furacão Milton, que provocou tempestades destrutivas para partes da costa oeste da Flórida e tornados mortais para o leste na última semana.

“O furacão será um assunto a ser explorado e como os candidatos se posicionarão diante da catástrofe e dos danos ocorridos pode ser muito relevante. A tendência para essas últimas semanas também é a diminuição da distância entre os candidatos e manutenção de empate técnico até o dia 05/11; Kamala está liderando as pesquisas, mas com uma diferença inferior, se comparada ao mês de setembro, no imediato pós-debate”, pondera a internacionalista.

“The winner takes it all”

O Brasil também está em ano eleitoral, o que torna comum a comparação entre o processo brasileiro e estadunidense devido aos dois países se organizarem de forma federativa. No entanto, as regras do processo eleitoral são diferentes nesses dois casos. Conforme explica a especialista, nos EUA, as eleições acontecem dentro de um sistema bipartidário (Democrata e Republicano) e não pluralista (com várias legendas). O voto indireto e a separação por delegados também são pontos divergentes no processo representativo norte-americano.

Após a escolha dos representantes de cada partido, os candidatos vão disputar entre si os votos do colégio eleitoral, formado por 538 delegados. Desta forma, vence as eleições o candidato que alcançar mais de 50% dos votos nos delegados, ou seja 271. Entretanto, a contagem dos votos em cada estado segue o princípio do “The winner takes it all” (o vencedor leva tudo, trazido do inglês).

De acordo com o jornal "The New York Times", a média das pesquisas eleitorais nacionais apontam para uma leve vantagem numérica de Kamala Harris. Kamala terá novos desafios em se manter na liderança, especialmente após o candidato republicano descartar um segundo debate com a opositora, reforçando uma estratégia comum do partido.

“[Kamala] deverá agora focar nos estados “pêndulos”, em que a disputa está praticamente empatada, há possibilidade de persuasão e cooptação partidária, como é o caso dos estados do Arizona, Georgia, Carolina do Norte e Pensilvânia, por exemplo. A expectativa é que a campanha de Kamala nesses estados foque no apelo democrático, no combate à desigualdade e sobretudo, na questão econômica, agenda na qual a confiabilidade está inferior à de Trump, de acordo com as últimas pesquisas”, aponta Tienay.

Caso o partido democrata consiga manter um representante à frente da Casa Branca, Kamala poderia reforçar a perspectiva de representatividade de gênero e raça, corroborando para uma imagem democrática dos EUA. “Fato que tende a trazer maior estabilidade política e diplomática para o país na arena internacional, o que, por seguinte, reverbera positivamente na política internacional estadunidense, estabilizando, em grande parte, o cenário político de incertezas”, destaca.

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