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Revoltados com danos sociais e ambientais, indígenas invadem polo da BBF no Acará

Três ônibus foram incendiados e tratores e maquinários, destruídos

O Liberal
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Imagens que circularam nas redes sociais, nesta quinta-feira (21), mostram pessoas invadindo um polo da empresa de monocultivo de palma Brasil BioFuels (BBF) no município do Acará, no nordeste paraense. As comunidades indígenas vivem em conflito com a empresa e alegam que a BBF invadiu seus territórios, causando problemas sociais e ambientais, além de cavar buracos para impedir que eles tenham acesso a suas áreas.

image Com discurso de sustentabilidade, produção de dendê na Amazônia ataca quilombolas e indígenas
Nos sites das empresas, fala-se em respeito ao meio ambiente. Mas, na prática, a realidade é de danos à natureza e às pessoas

Paratê Tembé, presidente da Associação Indígena Tembé de Tomé-Açú (AITTA), declarou: “O que aconteceu chegou ao extremo do conflito entre seguranças da BBF e comunidades indígenas e quilombolas. A empresa insiste em perseguir lideranças indígenas e quilombolas. E, hoje, chegou ao extremo. Povo se reuniu e foi recebido a bala. E, revoltado, revidou. A situação tá muito tensa. A gente não sabe o que pode acontecer”.

image MPF reforça acusações contra Brasil Bio Fuels
Empresa BBF, comandada por Milton Steagall, é denunciada, de novo, por ataques a povos tradicionais e crimes ambientais                                                                                              

image MP e TJPA discutem conflitos entre empresas de dendê e comunidades tradicionais no Pará
Quilombolas e indígenas denunciam que indústria causa danos ambientais e sociais aos moradores

Ainda segundo ele, quando as comunidades passam em frente ao polo da BBF os seguranças ameaçam atirar. "Eles já foram avisados que a comunidade indígena quer paz, não quer essa guerra. Mas os seguranças não está nem aí. Eles procuraram o problema e acharam. O pessoal está muito revoltado. A revolta é muito grande. E a tentativa de criminalizar o movimento também é muito grande. A situação saiu do controle. A gente precisa que o Ministério Público e a Polícia Federal se façam presentes, para tentar solucionar esse problema", acrescentou, deixando claro que não participou dos atos de hoje.

Comunidades têm várias denúncias contra a empresa

Reportagem publicada por O LIBERAL, em março deste ano, trouxe denúncias de quilombolas, indígenas, ribeirinhos e colonos contra a BBF, empresa do ramo de biodiesel, que estava impedindo o acesso dessas populações tradicionais a seus territórios. Funcionários da empresa cavaram valas para impedir o deslocamento dos moradores. As comunidades também denunciam a empresa por danos ambientais e sociais aos moradores desses territórios.

O Ministério Público do Estado do Pará expediu uma recomendação conjunta à empresa BBF, solicitando que não restrinja, ainda que parcialmente, a locomoção nos entornos da fábrica, nas cidades do Acará e Tomé-Açu, e outros municípios limítrofes. “Eles (a empresa) trazem os danos, os impactos e não querem que a gente transite em nossos territórios. E ainda chamam a gente de invasor, sendo que invasor são eles mesmo”, afirmou, naquela ocasião, Paratê Tembé. Segundo os moradores, o uso de agrotóxicos nas plantações de dendê da BBF contaminou o meio ambiente. O dendê ficou perto da margem dos rios e o veneno escorre para as águas, dizem.

BBF diz que houve furtos, roubos e depredação

Em nota, a empresa comunicou que na madrugada de ontem (21) “foi invadida por 50 pessoas encapuzadas que intimidaram os trabalhadores atirando para todos os lados e causando pânico entre os colaboradores. Os invasores incendiaram 3 ônibus, vários carros, destruíram tratores, maquinários e depredaram o imóvel da empresa. Todos os bens que eles não destruíram acabaram por roubar. Levaram vários tratores, computadores e outros materiais da sede e dos alojamentos.”

A empresa informou que “aguarda a intervenção das autoridades de segurança, que já foram solicitadas desde às 8 horas da manhã, para a desocupação da propriedade e manutenção da segurança dos colaboradores”.

Segup

A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup) informou que a Polícia Militar deslocou para a região de Acará tropas do Comando de Missões Especiais da Capital, além das tropas de Tome-Açu e Abaetetuba para conter a situação.

"A Segup destaca ainda que, por meio da Policia Civil, o caso está sendo acompanhado pelas Delegacias dos municípios de Tomé Açú e Acará, com o apoio das superintendências regionais locais. Diligências estão sendo realizadas para ouvir as partes envolvidas e coletar informações sobre o ocorrido", pontuou em nota.

"A Segup ressalta que todas as medidas legais serão tomadas, dentro das suas atribuições, por parte das forças de segurança, para garantia da ordem pública e resolução do caso, salvo fatos de atribuição específica das forças federais", detalhou.

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