Quem foram os irmãos Novelino? Relembre o caso que chocou o Pará
Irmãos foram atraídos para emboscada e foram brutalmente assassinados em 2007
Nesta terça-feira (30/7), o mandante do assassinato de Ubiraci e Uiraquitã Novelino, João Batista Ferreira Bastos, o Chico Ferreira, foi encontrado morto em sua residência em Belém. Ele cumpria prisão domiciliar após ser condenado a 80 anos de prisão pelas mortes, que ocorreram em 25 de abril de 2007.
Ubiraci e Uiraquitã eram empresários e tiveram suas mortes planejadas e encomendadas por Chico Ferreira, que devia aos irmãos cerca de R$ 4 milhões. A motivação para o crime teria sido a saída encontrada para extinguir a dívida milionária. Com o auxílio do radialista José Luiz Pinheiro de Araújo, Ferreira atraiu os Novelino para uma de suas empresas, a Service Brasil, que foi o cenário de um falso assalto, simulado para garantir-lhe um álibi diante de um eventual inquérito policial.
A missão de executar os irmãos Novelino foi dada ao ex-policial civil Sebastião Cardias Alves e ao ex-fuzileiro naval José Augusto Marroquim de Sousa, contratados para dar "veracidade" à trama. Orientados por Ferreira, os irmãos Novelino usaram um carro emprestado para ir ao encontro, cuidado prévio tomado pelo mentor do crime para dificultar o reconhecimento pelas autoridades policiais.
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Seguindo o que havia sido planejado, os irmãos foram atraídos para a empresa de Chico Ferreira, que um dia antes avisou aos funcionários que o expediente do dia seguinte só iria até as 19h, para garantir que não houvesse testemunhas. Algum tempo depois, os assassinos entraram e simularam um assalto. Todos foram rendidos e obrigados a deitar no chão. Mas, os irmãos Novelino foram amordaçados, algemados e encapuzados. Em seguida, já sem qualquer chance de reação, foram estrangulados com uma mangueira plástica. Os corpos dos irmãos foram colocados em tambores plásticos completados com concreto e lançados na Baía do Guajará.
Para se desfazer do veículo usado por Ubiraci e Uiraquitã para chegar ao local do crime, Chico contou com a ajuda de Luiz Araújo, que levou o carro das vítimas até um sítio de sua propriedade em Benfica, na região metropolitana de Belém. Ele foi o primeiro a ser ligado ao caso justamente por esse fato. Em vez de abandonar o Corolla dirigido pelas vítimas, ainda na madrugada do crime ele levou o carro ao sítio na intenção de desmontá-lo. Porém, vizinhos estranharam o barulho e acabaram acionando a polícia, que acabou descobrindo tratar-se do carro utilizado pelos irmãos Novelino.
Preso, Luiz Araújo foi interrogado e entrou em contradição várias vezes. À época, ele alegou que não tinha qualquer conhecimento do assassinato e que sua participação se resumia apenas ao desmanche do carro das vítimas. Porém, o decorrer da investigação mostrou que o radialista havia atuado como intermediário na contratação dos executores e também havia sido o responsável pela logística do crime. Foi Araújo quem acabou revelando os nomes dos demais envolvidos na trama.
Uma perícia minuciosa feita na empresa de Chico indicou a presença de sangue humano no auditório da Service Brasil, que foi lavado após o crime para eliminar possíveis vestígios que o incriminassem.
O caso ganhou repercussão nacional e causou comoção. O pai de Ubiraci e Uiraquitã, o empresário Ubiratan Lessa Novelino, mobilizou as forças de segurança e encabeçou uma frente de buscas aos filhos. O primeiro corpo a ser encontrado, oito dias após o assassinato, foi o de Ubiraci. Três dias depois, os mergulhadores conseguiram localizar o corpo de Uraquitã. Os tambores com os cadáveres estavam a mais de 17 metros de profundidade.
Dois dos envolvidos no crime morreram durante o cumprimento da pena
Em novembro de 2007, após a conclusão do inquérito e posterior envio à Justiça, Sebastião Cardias Alves e José Augusto Marroquim foram condenados a 80 anos de prisão por duplo homicídio triplamente qualificado. A mesma pena foi imputada a Chico Ferreira e Luiz Araújo.
O radialista Luiz Araújo foi o primeiro a falecer, em 9 de abril de 2010, depois de passar 23 dias em coma lutando contra a hipertensão. Ele cumpria pena na Penitenciária Federal de Campo Grande (MT) e morreu no Hospital Regional de Campo Grande.
O segundo a morrer foi o ex-policial Sebastião Cardias, enquanto cumpria pena no Complexo Penitenciário de Santa Izabel, na Grande Belém. Sebastião Cardias foi internado no Hospital Municipal de Santa Izabel em 15 de dezembro de 2022 para investigação de uma doença pulmonar. Os médicos suspeitavam de câncer no pulmão. Ele morreu na madrugada de 3 de janeiro de 2023, no próprio hospital.
Assassinato de Chico Ferreira
Ainda não se tem detalhes da morte, cuja ocorrência foi inicialmente registrada na Seccional do Comércio. A Polícia Científica foi acionada para realização de perícia que pode levar cerca de 30 dias para ser divulgada.
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