PF coleta DNA de provável filha de combatente do Araguaia, em Belém
Material genético será incluído em banco de dados de desaparecidos podendo ser cruzada possíveis parentes ou restos mortais relacionados com o caso
A Polícia Federal coletou mostra de DNA da provável filha de um integrante do movimento que ficou conhecido como Guerrilha do Araguaia. O conteúdo extraído de Lia Cecilia da Silva Martins, na coleta bucal com swab, será encaminhado ao Instituto Nacional de Criminalística (INC), em Brasília, para fazer parte do Banco Federal de Perfis Genéticos. A mostra pode ser cruzada com possíveis parentes ou restos mortais relacionados com o caso. O procedimento aconteceu na tarde da última quarta (24/7), em Belém, mas só foi divulgado nesta sexta-feira (26/7).
Lia Cecilia da Silva Martins passou por um primeiro teste de DNA feito de forma particular, em 2010. O exame, em comparação com Mercês Castro, irmã do guerrilheiro morto em 1973, indicou 90% de probabilidade de que Lia fosse filha dele.
O guerrilheiro é Antônio Teodoro de Castro, farmacêutico cearense que teria se relacionado com uma paraense – até hoje, desconhecida - pouco antes de ele morrer. Lia Cecilia foi entregue a uma creche em Belém e acabou sendo adotada por funcionários do local. Apenas em 2001, descobriu-se que Antônio Teodoro havia gerado uma filha e, em 2009, Lia Cecilia desconfiou que poderia ser a criança, por isso fez o teste de DNA.
Quem era Antônio Teodoro de Castro?
Ele participou ativamente do movimento estudantil entre os anos de 1967 a 1969. Se transferiu para o Rio de Janeiro por conta da perseguição política, onde se matriculou na Faculdade de Farmácia e Bioquímica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Antônio Teodoro de Castro era conhecido pelo codinome de Raul. Integrou o Destacamento B, comandado por Oswaldo Orlando da Costa, o Oswaldão.
O Relatório Arroyo registra que, em 30 de setembro de 1972, Antonio Teodoro foi ferido no braço por uma rajada de tiros disparada por militares, mas conseguiu escapar com vida. Seu desaparecimento foi relatado por Arroyo como tendo ocorrido em 25 de dezembro de 1973, no episódio que ficou conhecido posteriormente como o “Chafurdo de Natal”.
O relatório do Ministério da Marinha, de 1993, relata que Antonio “foi morto durante ataque de terroristas à equipe que conduzia”, em 27 de fevereiro de 1974. O relatório da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) se refere a relatos de moradores sobre o sepultamento de Antônio Teodoro, seus restos mortais estariam enterrados em um cemitério clandestino localizado no fundo da base da Bacaba, no quilômetro 68 da Transamazônica.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA