Paraense morta nos EUA: buscas por corpo chegam a uma semana; mau tempo prejudica investigações
À reportagem de O LIBERAL, a família da jovem, nascida em Santarém, no Pará, afirma que têm enfrentado dificuldades para obter informações das autoridades brasileiras sobre o caso
As buscas pelo corpo da paraense Anna Laura Porsborg, 22 anos, assassinada por Luís Antônio Gomes Akay, nos Estados Unidos, no final de dezembro do ano passado, completaram uma semana neste sábado (14). Após confessar o crime, Luís revelou que escondeu o corpo da vítima em uma região montanhosa. A procura tem sido prejudicada devido às condições de acesso à área e ao clima chuvoso. À reportagem de O Liberal, a família da jovem, nascida em Santarém, no Pará, afirma que têm enfrentado dificuldades para obter informações das autoridades brasileiras sobre o caso.
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“Estou indo para os Estados Unidos no sábado, minha irmã e o marido dela que moram lá são quem dão as informações para a família. O exército dos EUA e a polícia também têm ajudado, eles disseram que o mau tempo, enchentes e alagamentos estariam prejudicando as buscas. Não estamos vendo apoio por parte do Itamaraty como eles dizem. Quem tem nos ajudado mais é Consulado que está fazendo esse papel”, afirmou Jhanneth Costa, prima de Anna Laura.
Conforme as informações repassadas pela família da vítima, Luís não era noivo e nem namorado de Anna Laura. Era um "ficante" e estaria "obcecado" por ela. Os dois nem mesmo se viam com frequência, visto que a paraense morava no estado da Virgínia, enquanto Luís residia em Nova Jersey. Os encontros aconteciam no máximo uma ou duas vezes por mês. Contudo, ele se mostrava ciumento e controlador. Os dois haviam se conhecido há dois anos, nos Estados Unidos.
À Andressa Sabrina, que também é prima de Anna Laura, Luíz havia dito que era inquilino de uma outra parente da família, que trabalhava com aluguel de imóveis. E foi por esse elo que começaram a se relacionar, mas nada havia de formal nessa relação. O último contato entre as primas ocorreu no dia 27 de dezembro, dia em que Anna Laura sumiu. Cinco dias antes a jovem chegou a comentar, em outra conversa via aplicativo de mensagens, que estava cansada dele. A principal tese para o crime é que Luís não aceitou que Anna se afastasse dele.
Ela também disse à reportagem que a prima teria comentado que Luís Akay trabalhava em uma construtora e que não gozava de uma situação financeira que pudesse ser descrita como confortável. E também que a família de Anna Laura já teria recebido mensagens de pessoas que moram nos EUA, informando que teriam sido vítimas de estelionato praticado por ele.
Outra informação importante que chegou ao conhecimento dos familiares de Anna Laura é que esta não seria a primeira vez em que Luís era apontado como suspeito de um crime. Outra jovem com quem ele teria se relacionado desapareceu misteriosamente em fevereiro de 2017 e nunca foi encontrada. À época, Luís também teria negado qualquer envolvimento no fato e acabou sendo solto.
Confissão do crime
Na tarde do dia 3 de janeiro, a Polícia Federal (PF) confirmou ao jornal O LIBERAL, por meio de nota, que Luís Antônio Gomes Akay confessou ter matado Anna Laura e que o corpo dela continua desaparecido. A PF teria sido informada sobre o caso na segunda-feira (2) pelo Federal Bureau of Investigation (FBI) – Departamento de Investigação Federal, em tradução livre – sobre a morte da paraense em Los Angeles, cidade no sul da Califórnia (EUA).
Naquele momento, o suspeito não havia dito a localização do corpo da paraense para as autoridades, esperando que não fosse condenado pelo crime, conforme relatado pela PF. No final de semana passada, após um acordo proposto pela polícia, que consistia no pagamento de uma fiança para que pudesse aguardar o julgamento em liberdade, ele finalmente concordou em falar. O valor estabelecido para essa fiança é de U$$ 2 milhões, o equivalente a quase R$ 10 milhões.
Sobre o caso
A mãe da vítima se dirigiu à Delegacia da PF, em Santarém, região oeste do Pará, para relatar o sumiço da filha no dia 30 de dezembro de 2022. Anna era soldada do Exército dos Estados Unidos (U.S Army). A família perdeu o contato com a jovem em dezembro do ano passado. Inicialmente, Luís se apresentou como sendo namorado da vítima e até chegou a fazer contato com a família dela no Brasil assim que as buscas pela soldada começaram. Até aquele momento, o caso de Anna Laura era tratado como desaparecimento.
Posicionamento do Itamaraty
Via nota à imprensa, o Ministério das Relações Exteriores, por meio do Consulado-Geral do Brasil em Los Angeles, informou que “tem conhecimento do caso e presta a assistência cabível aos familiares da nacional brasileira, em conformidade com os tratados internacionais vigentes e com a legislação local. Em observância ao direito à privacidade e ao disposto na Lei de Acesso à Informação e no decreto 7.724/2012, informações detalhadas poderão ser repassadas somente mediante autorização dos envolvidos”. O MRE ressaltou no comunicado que “não poderá fornecer dados específicos sobre casos individuais de assistência a cidadãos brasileiros”. A reportagem solicitou ao Itamaraty um posicionamento sobre as dificuldades mencionadas pela família, porém até o fechamento desta matéria não obteve retorno.
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