Pará registra 135 crimes virtuais referentes à clonagem de WhatsApp no início de 2022
“Assim como a gente tem um processo de educação de segurança em nossa vida cotidiana, isso tem que acontecer também na nossa vida cibernética”, diz delegada
De janeiro a março de 2022, foram registrados 135 crimes virtuais referentes à clonagem de WhatsApp no Pará, entre estelionato, tentativa de estelionato, falsa identidade e invasão de dispositivo informático. Houve uma redução de 26% em relação ao mesmo período de 2021, quando houve 184 casos.
De janeiro a dezembro de 2021, foram computadas 566 ocorrências dos mesmos crimes virtuais. Os números são da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup). Com muita frequência há relatos nas redes sociais de pessoas que tiveram seu WhatsApp clonado e o Instagram hackeado.
A delegada Maria de Fátima Chaves, titular da Divisão de Combate a Crimes Econômicos e Patrimoniais Praticados por Meios Cibernéticos (DCEP), da Polícia Civil paraense, disse que esses casos ocorrem com frequência por falta da adoção de mecanismos de segurança no uso da internet.
É que muita gente acha que não será vítima de um crime cibernético. “As pessoas não se preocupam em preservar suas senhas e fazer a autenticação de dois fatores nas redes sociais. Assim como a gente tem um processo de educação de segurança em nossa vida cotidiana, isso tem que acontecer também na nossa vida cibernética”, disse. As pessoas colocam suas fotos nas redes sociais, nas quais também se identificam com seus nomes verdadeiros. “É como se você criasse uma segunda vida nesse meio virtual”, afirmou.
Uma modalidade muito comum de crime pela internet é a do falso intermediário. Alguém anuncia, em uma plataforma de venda (uma vitrine virtual), a venda de um veículo. O criminoso, então, faz um anúncio muito parecido com aquele. E começa a conversar tanto com o vendedor quanto com o possível comprador do automóvel. “Quando conversa com o verdadeiro vendedor, ele pede para mandar fotos, pergunta as condições do carro, fica obtendo informações e repassa esses detalhes para o vendedor, como se ele fosse o dono daquele veículo. Até que ele consegue com que essa vítima deposite o dinheiro pra ele. E, quando a vítima vai ao encontro do verdadeiro vendedor, descobre que depositou dinheiro na conta de uma pessoa que não tinha a ver com o vendedor”, afirmou a delegada Maria de Fátima Chaves.
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Criminosos virtuais se aproveitam da instabilidade econômica do País
Para evitar cair nesses golpes, a delegada recomenda que as pessoas fiquem atentas e desconfiem de promoções com descontos vantajosos. A pessoa também não deve informar seus dados por telefone e muito menos por meio de mensagem. “As pessoas estão enviando fotos de suas identidades por telefone. A partir disso, o criminoso abre conta em um banco virtual com aquela foto. Ela manda a foto da carteira original", disse. “Se algum parente pede dinheiro, não mande dinheiro logo a partir de uma simples conversa de WhatsApp. Ligue para outro parente para confirmar que é aquela pessoa mesmo que está pedindo dinheiro”, disse.
Mestre em novas tecnologias e inteligência digital pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, o professor José Fonteles disse que os criminosos cibernéticos se aproveitam da instabilidade econômica brasileira para aplicar golpes. “Recentemente aumentou bastante o número de golpes no WhatsApp pelo anúncio de empregos falsos. No auge da pandemia, estava muito em alta a questão dos auxílios, por exemplo. E, aí, eles criam mensagens no WhatsApp, via SMS, para enviar para as pessoas com esses link maliciosos”, disse.
E, sem adotar os devidos cuidados, as pessoas abrem esses links e são vítimas de golpes. “Os criminosos sabem disso e apostam nesse desespero”, afirmou. As pessoas devem verificar sempre a procedência dos links que recebem, sobretudo quando são pedidos dados pessoais. O especialista observou que as pessoas criam perfis no Instagram e não dão muita atenção aos fatores de segurança: “Geralmente, as pessoas colocam qualquer e-mail. E esse e-mail não tem proteção”. E os criminosos acabam hackeando esse perfil a partir do e-mail, que tem uma senha frágil. Ele acrescentou: “Quando criar perfil no Instagram, vá nas configurações de segurança para autenticar os fatores de segurança”, sugeriu. Também devem fazer o mesmo com os e-mails, sempre usando senhas mais “fortes”.
Estudante caiu no golpe ao seguir conta falsa no Instagram
Rayara Lins, 23 anos, estudante de Bacharelado em Design e que atua como designer em agência, teve hackeada sua conta pessoal no Instagram. E também desconfia que tentaram clonar o WhatsApp dela. Ele fez um boletim de ocorrência online na Polícia Civil. Um perfil de pizzaria começou a seguir a conta Rayara no Instagram. Era, na verdade, um perfil fake. “Aí, eu segui de volta. Eles falaram que eu tinha ganhado desconto de 50% em pizzas ou salgados”, disse.
Na própria mensagem, diziam que era para Rayara mandar o contato que eles enviariam uma mensagem para confirmar se era, de fato, ela. “Iam mandar SMS, o que já é estranho, porque, em geral, as transações de compra e venda pela rede social do Instagram começam pelo Instagram e vão direto para o WhatsApp. É muito difícil usar SMS”, afirmou. Ela confirmou com o print. Foi nesse momento que teve a conta hackeada.
E, na hora que hackearam, começaram a postar imagens de venda de móveis e fogão. Rayara e o namorado tentaram, sem sucesso, recuperar a conta. “Quando fui para o WhatsApp avisar outras pessoas, uma amiga minha disse que eu tinha sido hackeada. E contou que duas amigas passaram pela mesma situação. De uma, hackearam a conta no Instagram. Da outra, clonaram número no WhatsApp", contou. Rayara também pediu para as pessoas denunciarem a conta e bloquearem o perfil dela no Instagram, alertando para o golpe.
Vítima de golpes virtuais
O coreógrafo e professor de dança paraense Rolon Ho, que faz par com a funkeira Jojo Todynho na 'Dança dos Famosos', da Globo, teve as contas do Instagram e do WhatsApp hackeadas na terça-feira (19). Os golpistas usam os perfis do novo famoso para oferecer móveis e eletrodomésticos para venda. Nos stories do Instagram de Rolon, várias fotos foram postadas de produtos com preços abaixo do praticado no mercado.
O golpe foi avisado pelos perfis nas redes da companhia de dança dele, a Cia Cabanos, e também do Brega e Pavulagem, que orientaram os internautas a não comparem nada: "O Instagram do Rolon acabou de ser hackeado. Então, por favor, não comprem nada. Não é ele, denunciem os stories para o Instagram não derrubar a conta em si, e sim, entender que foi hackeado".
Foi vítima de golpe? Veja o que fazer
Se tiver alguma rede social hackeada, utilize o mais rápido possível uma outra ferramenta para avisar que foi vítima de um golpe.
Faça uma ocorrência policial. A conta hackeada, ou o perfil falso criado, pode ser usado para algum fim ilícito. Assim, a polícia investigará o caso.
Denuncie os perfis falsos, tanto no WhatsApp quanto no Instagram e Facebook. Faça isso clicando em denunciar perfil ou bloquear perfil, informando que o perfil é falso ou está se passando por outra pessoa. Assim, mais rapidamente a rede social vai intervir e combater aquele perfil falso.
Fonte: professor José Fonteles
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