Operação Boi Dourado: extração de ouro ilegal em Curionópolis termina com prisão e apreensões
Atividade ilegal era risco para a integridade das torres que levam energia para a região sudeste do país
Nesta quarta-feira, 8, uma operação policial realizada no município de Curionópolis, no sudeste do Pará, e também em Marabá (PA) e Goiânia (GO), combate a extração de ouro ilegal no país. De acordo com informações da Polícia Federal (PF), que deu cumprimento a um mandado de prisão preventiva e nove mandados de busca e apreensão por meio da operação Boi Dourado, o crime ambiental em uma fazenda em Curionópolis colocava em risco a linha de transmissão Xingu-Rio, responsável por levar a energia gerada em Belo Monte, desde Anapú (PA), até Paracambi, no Rio de Janeiro.
Segundo a polícia, o mandado de prisão foi cumprido contra o dono da fazenda em Curionópolis, que não teve a identidade divulgada. "Ele é um grande empresário pecuarista, que não tem permissão de lavra garimpeira ou concessão de lavra, emitida pela Agência Nacional de Mineração (AMN) e que também não dispõe das licenças ambientais. De acordo com a apuração, movimentações financeiras do suspeito apontam a existência de intermediários na venda do ouro extraído ilegalmente", diz a PF.
A investigação indica, ainda, que o empresário buscou apagar evidências de crimes ambientais e, portanto, "sua liberdade coloca em risco a obtenção de provas e a persecução penal", afirma a autoridade. Além da prisão preventiva do homem, a PF também cumriu a decisão judicial de sequestro de bens e valores em R$ 161 milhões e a inalienabilidade da fazenda em Curionópolis, avaliada em R$ 200 milhões. Até o momento, foram apreendidas duas espingardas, pequena quantidade de ouro e um aparelho celular.
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A PF tambem avalia que a atividade ilegal gerou prejuízo de R$ 20 bilhões ao meio ambiente, valor mensurado a partir da vastidão da área de extração ilegal, desmatamento, escavações, gravíssima contaminação do solo, assoreamento e contaminação do rio próximo a propriedade com mercúrio e outras substâncias, considerando também que a atividade poderia comprometer a integridade das torres de energia.
A perícia policial realizada durante a operação ainda deve dar estimativa mais precisa sobre o dano ambiental, que inclui a poluição do rio Sereno - afluente do rio Tocantins responsável pelo abastecimento de várias cidades. O valor leva em consideração o gasto necessário para se recompor o meio ambiente.
Não foram especificados os mandados de busca e apreensão realizados nas outras cidades onde a operação acontece (Marabá e Goiânia). Ainda quanto ao caso em Curionópolis, a PF diz que a investigação teve início a partir a partir de denúncia de moradores das proximidades da fazenda e informação da empresa Xingu-Rio, que, durante a fiscalização das 4.448 torres de energia, percebeu que a extração de ouro se aproximava da linha de transmissão.
Em setembro de 2022 foi deflagrada a primeira fase da operação, denominada Saturnus, ocasião em que foi cumprido mandado de busca e apreensão na fazenda e inutilização de três pás carregadeira. Os envolvidos devem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de usurpação de bens da união, crimes ambientais e associação criminosa.
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