Naufrágio na Ilha de Cotijuba: 'tive medo de ser linchado', diz comandante da embarcação; vídeo
O advogado criminalista Dorivaldo Belém divulgou um vídeo na tarde de segunda-feira (12), onde Marcos de Sousa Oliveira, o comandante da embarcação "Dona Lourdes II" fala sobre o naufrágio
O comandante da embarcação “Dona Lourdes II", Marcos de Souza Oliveira, de 34 anos, comentou na tarde de segunda-feira (12), pela primeira vez, sobre o naufrágio que aconteceu na Ilha de Cotijuba, nas proximidades da praia da Saudade, em Belém. Na ocorrência, foram contabilizadas 22 mortes até então. Em um vídeo postado nas redes sociais de seu advogado, o criminalista Dorivaldo Belém, Marcos fala sobre o caso. Até 20h de segunda, a publicação tinha mais de 430 comentários. Ele afirmou que irá se apresentar, nesta terça-feira (13), na Delegacia Geral da Polícia Civil, no bairro de Nazaré, na capital paraense.
De acordo com Marcos, ele considera o caso com uma fatalidade causada pela força da natureza e disse que uma árvore teria supostamente batido na hélice da embarcação. O vídeo tem duração de mais de seis minutos. A legenda do post diz: naufrágio. Comandante da lancha dá a sua versão.
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“Me chamo Marcos de Souza Oliveira, tenho 34 anos, sou marítimo, casado, tenho 15 anos de profissão. Isso que aconteceu foi uma fatalidade muito grande. Peço do fundo do meu coração aos familiares, que jamais pensei que isso fosse acontecer na minha vida. Meus pêsames a todos familiares. Só Deus para consolar cada um de nós. Uma fatalidade grande, devido as ondas estarem grandes, só que no meio dessas ondas veio uma árvore e bateu no sistema da hélice e acabou parando a embarcação. Nessa hora eu pedi calma e todo mundo ficou agitado. Eu fui até a sala de máquina para olhar o que tinha acontecido. Nesse exato momento, as ondas começaram a entrar pela popa e eu pedi aos que estavam me ajudando a arrearem a poita, para ela ficar de frente para a maresia, porque se ficasse de frente não ia entrar água na popa. Parecia que a gente estava num remanso. Ela (poita) não queria ficar de jeito nenhum de frente. Subi para arriar as cinco boias flutuadoras, que cabem 20 pessoas em cada uma. Foi muito rápido. A tensão do povo gritando e alguns pulando na água. Consegui arriar quatro boias quando a embarcação tombou. Naquela hora conseguimos salvar uma criança e duas mulheres. Voltei para a embarcação e busquei minha esposa. Eu lamento muito o meu coração pelo o que aconteceu, porque é uma coisa que até agora não consigo dormir. Muitos remédios”, chora.
Pescadores que ajudaram no resgate, contaram que Marcos pedia para ser levado com urgência à beira do rio, pois estava tendo um infarto. Porém, assim que chegou à faixa de areia, teria fugido do local juntamente com a esposa. No entanto, agora o comandante se defende dizendo que teve medo de ser linchado pelos moradores de Cotijuba.
“Passamos três horas dentro d’água até aparecer os pescadores. Fui um dos primeiros a subir no barco, eu, minha esposa e mais um senhor. Fomos direto aos que estavam nas boias pegando eles todos. Umas 15 pessoas. Fiquei na praia esperando os outros chegarem. Começaram a falar que iriam ‘pegar’ o comandante que estava na embarcação, mas como a gente tinha tirado a camisa, eu preferi sair para não ser linchado. O que aconteceu é uma fatalidade da natureza. Jamais quis que isso acontecesse. Já tinha residência própria no Camará (Marajó). Tinha muita gente do meu lado, me ajudando. Estávamos com seis meses de trabalho. A embarcação que eu estava já viajava para outras cidades. É uma lancha legalizada. Estava andando na ‘Lourdes’, por ela estar legalizada pela Arcon (Agência de Regulação e Controle de Serviços Públicos do Pará), só que pela parte da linha, ela não era legalizada no Camará, mas estava em andamento. Tudo em processo. Creio que ia dar tudo certo, senão fosse a força da natureza.
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