Ministério Público apresenta denúncia contra policial militar acusado de matar ex-namorada
MPPA ainda pediu reprodução simulada do dia que a vítima Bruna Meireles Corrêa recebeu um tiro na cabeça da arma do PM Wladson Luan Monteiro Borges

O Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) apresentou denúncia nesta segunda-feira (31) contra o policial militar Wladson Luan Monteiro Borges, pelo crime de feminicídio contra a ex-namorada Bruna Meireles Corrêa, de 32 anos. A jovem morreu no dia 12 de março após sofrer um tiro na cabeça da arma do policial. O MP solicitou ainda a ampliação do prazo para obter laudos pendentes e realizar outras diligências necessárias para o inquérito policial.
Wladson que é cabo da Rondas Ostensivas Táticas Motorizadas (Rotam) ainda chegou a levar Bruna para o Hospital Pronto-Socorro Municipal Mário Pinotti, na travessa 14 de Março, porém a vítima chegou sem vida. A pena para o crime de feminicídio, previsto no art. 121-A do Código Penal, é de 20 a 40 anos de reclusão.
O MPPA ainda pede na denúncia a reprodução simulada dos fatos do dia que Bruna foi alvejada. "Considerando que a cena do crime foi alterada, através da ação de Wladson ao tentar prestar socorro para a vítima, diante de sua versão apresentada acerca da narrativa fática, que vai de encontro aos documentos até então obtidos, e, ante a ausência de testemunhas oculares do ocorrido, faz-se necessária a reprodução simulada dos fatos", diz a 1ª Promotora de Justiça de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Darlene Rodrigues Moreira.
A promotora diz no documento que há divergências entre a prova pericial e o depoimento de Wladson, devendo as versões serem devidamente testadas por peritos oficiais.
O que diz a defesa da família da vítima?
A reportagem do Grupo Liberal conversou com o advogado criminalista Dorivaldo Belém, responsável pela defesa da família da vítima. Ele explicou que, com a denúncia, o policial militar deixa de ser considerado indiciado ou suspeito e passa à condição de acusado.
“Pode ser chamado de acusado, ele era indiciado, suspeito, mas a polícia não aceitou a tese dele de homicídio não intencional, culposo, e o enquadrou como feminicídio. Um homicídio intencional, ele matou a vítima, segundo a polícia. Isso foi distribuído para a 1ª Vara de Violência Doméstica e foi para o Ministério Público, que ofereceu denúncia já por feminicídio, ou seja, descartando qualquer tese de crime não intencional. Agora, ele já é acusado. O juiz vai receber a denúncia por esses dias e vai mandá-lo fazer uma defesa no prazo de 15 dias e, depois da defesa dele, o juiz deve marcar audiência de instrução e julgamento. Depois dessa audiência, vai submetê-lo ao Tribunal do Júri onde ele deve ser julgado por feminicídio”, explicou o advogado.
“A denúncia deve ser recebida, assim como a polícia não acreditou em um tiro acidental, Ministério Público também. O juiz da 1ª Vara deve receber a denúncia e fazer a audiência de instrução e julgamento e manda-lo ao Tribunal do Júri. No Tribunal do Júri, pelas provas que têm nos autos, ele deverá ser condenado a uma pena que varia de vinte a quarenta anos por feminicídio”, acrescentou o advogado. Ele também avaliou que o julgamento pode ocorrer ainda este ano “se forem obedecidos os prazos processuais e a defesa não impetrar recursos protelatórios”.
Relembre o caso
Bruna foi morta com um tiro na cabeça pelo companheiro, um policial militar Wladson Luan Monteiro Borges, na noite do dia 12 de março, em Belém. O crime ocorreu dentro do carro do PM, após um suposto desentendimento entre os dois. Wladson foi preso em flagrante pelo crime de feminicídio.
Segundo as investigações, o suspeito teria efetuado um disparo de arma de fogo contra a vítima, que não resistiu aos ferimentos. Inicialmente, ele afirmou que os dois haviam sido vítimas de um assalto, mas posteriormente alegou que o disparo foi acidental, após desentendimento dentro do veículo.
O policial foi preso em flagrante na noite do mesmo dia e encaminhado para a Divisão Especializada no Atendimento à Mulher (Deam). Durante o interrogatório, revelou que mantinha um relacionamento extraconjugal com a vítima há cerca de um ano e seis meses.
Conforme apurado no inquérito policial, algumas pessoas prestaram depoimento e disseram que o casal tinha um relacionamento conturbado, e que a vítima se afastou de familiares e amigos após o início do namoro. Bruna teria sido proibida de frequentar a academia e obrigada a excluir suas redes sociais.
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